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Rodas pra que te quero

Histórias de mobilidade impulsionadas por paixão, criatividade e superação

Por André Paixão
Atualizado em 9 nov 2016, 12h35 - Publicado em 24 jul 2013, 23h07
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    Motoristas que se deslocam ao volante de veículos adaptados são cada vez mais comuns no trânsito das cidades. Mas há alguns que vão mais além.

    É o caso do piloto paulista Paulo Polido. Depois de sofrer um acidente de motocross e perder o movimento das pernas em 1998, ele resolveu que não iria deixar de lado a paixão pela velocidade e resolveu voltar ao esporte. “Minha família pensou em natação ou basquete. Nada contra essas modalidades, mas minha vontade era voltar a correr.”

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    O primeiro teste ocorreu no ambiente em que Paulo se sentia em casa, a terra. Decidiu encarar os quase 4 000 km do Rally dos Sertões de 2006 com uma S10 adaptada, e se tornou o primeiro cadeirante a concluir o trajeto. Meses depois, juntou-se a outros amigos cadeirantes e participou das 500 Milhas de Kart da Granja Viana, corrida de confraternização dos pilotos de categorias mundiais, como a Fórmula 1. Entre 2008 e 2010, comandou uma categoria de kart exclusiva para cadeirantes.

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    O maior desafio veio em 2012, com os também cadeirantes Tales Lombardi e Thiago Cenjor. Após conseguir a licença para dirigir em competições da Confederação Brasileira de Automobilismo, o trio montou uma equipe para disputar a categoria Novatos do Campeonato Paulista de Marcas e Pilotos, a Copa Marshal.

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    Com três pilotos e apenas um Clio, os competidores se revezam em cada etapa. “Quem vê de fora nem imagina que estamos com os comandos do carro na mão. O tempo de reflexo é diferente.” As adaptações incluem dois aros junto ao volante, um responsável pela aceleração e outro pela frenagem. A equipe IGT conseguiu como melhor resultado um 16º lugar em um grid com quase 60 carros. “Não temos como objetivo vencer corridas. Queremos fazer com que os deficientes mudem de atitude.”

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    Liberdade e vento no rosto

    Longe das pistas, mas não menos determinado, o gestor de recursos humanos Eli Chamerlet decidiu, dois meses após perder o movimento das pernas em um acidente de parapente, em 2003, que ia pilotar uma moto. Com o irmão, Carlos, e o pai, Jordão, projetou a adaptação de uma moto Honda às suas necessidades. O primeiro protótipo tinha uma estrutura semelhante a um eixo no lugar do conjunto dianteiro de suspensão e direção, o que fazia da moto um triciclo. “Não ter um câmbio automático dificultava a pilotagem. Aí surgiu a ideia de fazer as adaptações em um scooter, que dispensa as trocas de marcha.”

    Foi nesse momento que a família Chamerlet encontrou o administrador Armando Ciccone, que viabilizou a ideia comercialmente. O processo de migração para o scooter foi finalizado em 2009, e o registro no Denatran saiu um ano depois. Com isso, Chamerlet pôde começar a rodar com seu novo veículo, batizado de Sun Trike 125. A primeira unidade já percorreu mais de 30 000 km.

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    Desde 2009 foram mais de 100 veículos comercializados. As adaptações ficam por conta da troca dos conjuntos de direção e suspensão. O assento é rebaixado em 30 cm para facilitar o embarque. Na lateral, há um suporte para a cadeira de rodas. “Em menos de 2 minutos faço a transferência para o scooter”, diz Eli, que realiza todo o processo sem auxílio, a maior vantagem do Sun Trike. Reportagem Mobilidade motorizada

    De uma roda de conversa dos amigos Márcio, Gilberto, João Francisco e Sérgio, no interior de Santa Catarina, nasceu a ideia de criar um veículo totalmente adaptado às necessidades de Márcio Henrique David, técnico em informática e cadeirante. “Quando o Gilberto me perguntou qual era a minha maior dificuldade, respondi que era a transferência da cadeira de rodas para o carro. Aí começamos a pensar em como resolver o problema”, diz Márcio.

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    Assim surgiu o Pratyko, um carro pensado para um cadeirante, projetado nas horas de folga da turma, segundo Gilberto Mesquita. A fórmula do veículo inclui um motor de 250 cm³ de moto e espaço no interior para receber e fixar uma cadeira de rodas. Todos os comandos estão nas mãos. O protótipo ficou pronto em 2010 e logo se tornou motivo de orgulho para a equipe. “Ficamos mais felizes porque nenhum de nós é especializado na área”, diz Gilberto. Agora o próximo objetivo é conseguir uma licença para o Pratyko poder trafegar pelas ruas.

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