Os carros encareceram tanto nos últimos três anos que os carros populares foram extintos no Brasil. Enquanto fala-se sobre flexibilização de regras e impostos para baratear os carros novos, o Renault Kwid, carro mais barato do Brasil, é vendido com descontos de até R$ 6.200.
Na tabela, o Renault Kwid Zen custa R$ 68.190 – R$ 800 mais barato que o Fiat Mobi Like, de R$ 68.990. Nas concessionária, porém, é encontrado com até 9,1% de desconto, por R$ 61.990 – seu preço de tabela há um ano.
Na concessionária Amazonas, de São Paulo, a oferta vale para unidades do Kwid 2023 em estoque. Mas o comprador pode escolher entre esse preço à vista, um financiamento balão com parcelas de R$ 799 ou um financiamento tradicional com taxa 0%.
Na Itavema Renault France, de São Paulo (SP), e na Azurra, no Rio de Janeiro (RJ), o Kwid Zen 2024 é oferecido por R$ 63.990 – um desconto de R$ 4.200. A concessionária carioca ainda oferece taxa 0% e as três primeiras revisões gratuitas.
O financiamento com taxa 0% é oferecido pela própria Renault, mas para a versão Outsider, topo de linha do compacto, com preço de R$ 73.640. A condição é o pagamento de 70% como entrada (R$ 51.548) e saldo em 12 parcelas de R$ 2.125, financiando pelo Banco Renault. Não é uma condição acessível, porém.
Na Renault Azurra o Kwid Outsider 2024 é oferecido por R$ 70.990 (R$ 3.650 de desconto frente ao preço de tabela). Na Renault Carrera, em São Paulo, sai por R$ 69.990.
Reação ou questão de sobrevivência?
Há uma gordurinha para queimar, pelo visto. Mas as altas taxas de juros e a consequente dificuldade de aprovação do crédito do consumidor ainda são barreiras neste segmento. Quem pode dar R$ 50.000 de entrada ou pagar parcelas de R$ 2.000 não costuma considerar a compra de um carro de entrada como o Kwid.
As condições propostas pela Renault e pelas concessionárias vem num momento que deveria ser bom para o Kwid, que teve 6.704 unidades emplacadas em março, quase 3.000 carros a mais que em fevereiro. Mas 60,4% (4.069 unidades) foram destinados às vendas diretas, quando em fevereiro a parcela das vendas nessa modalidade havia sido de 44,6% (1.707 em 3.827 emplacamentos).
Vendas diretas são uma faca de dois gumes. Os carros são negociados em grandes lotes e com margens de lucro menores. Contudo, ajudam a manter o equilíbrio de custos na produção (fazer menos carros encarece o custo de cada unidade) até que a situação melhore. Os descontos no varejo podem representar a busca por essa melhora, mas já ajudam a levar os preços a patamares mais normais.