R$ 23 milhões e peso de Kwid: T.50s Niki Lauda chega para fazer história
Lendário projetista Gordon Murray leva economia de peso ao limite em seu novo hipercarro de 750 cv que homenageia Niki Lauda
Pense em um hipercarro com direção central, motor V12, 659 cv de potência e apenas 980 kg de peso, capaz de superar tranquilamente os 300 km/h. Agora imagine uma versão esportiva desse carro e teremos o inédito T.50s Niki Lauda, apresentado nesta segunda-feira (22) pela Gordon Murray Automotives.
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Idealizado pelo engenheiro homônimo que também é o ‘pai’ do lendário McLaren F1, o T.50s traz modificações mecânicas e estruturais voltadas às pistas e homenageia Niki Lauda tanto no nome e quanto ao ser apresentado no aniversário do campeão de Fórmula 1.
Sem miséria
Se no GMA T.50 o Cosworth GMA V12 já impressiona, o T.50s mostra que nada é tão bom que não possa melhorar. Assim, o motor 3.9 foi redesenhado para atingir quase 750 cv, com corte de injeção na casa das 12.100 rpm. Também foi criado um scoop de admissão no teto, levando ar diretamente à admissão do motor.
Trata-se do V12 habilitado às ruas mais leve já feito, com apenas 162 kg. Por consequência, sua potência específica é insana e a relação peso-potência supera os LMP1 usados nas 24h de Le Mans. As válvulas são feitas de titânio e cabeçotes e comandos de válvulas foram modificados para suportar a razão de compressão de 15:1.
Para aproveitar o motor ao máximo, o carro traz câmbio paddle shift Xtrac IGS, feito sob medida. Tanto a caixa quanto embreagem são controlados eletronicamente e há dois conjuntos de relações diferentes. O principal é feito para circuitos normais e leva o esportivo aos 336 km/h enquanto a segundo, mais curto, é voltado à retomada em pistas menores e bate os 272 km/h.
O Niki Lauda é construído a partir de monocoque de fibra de carbono, com rigidez e leveza reforçados e segurança estrutural de ponta. Nele, soldas deram lugar a técnica que une peças em “sanduíche”, no qual uma tela de alumínio dá liga às partes de carbono.
Peso é obsessão de Gordon Murray, que obrigava seus pilotos a tirarem os relógios a fim de salvar míseras gramas antes da pilotagem. Não surpreende, portanto, que o T.50s tenha rodas de magnésio com 6 kg cada, além de vidros e interior ultraleves, totalizando 852 kg – tanto quanto um Renault Kwid.
Voo rasante
O novo carro da GMA traz pacote aerodinâmico exclusivo, com aerofólio inspirado na Brabham BT52, projetada por Murray e pilotada por Nelson Piquet em 1983.
Além da asa de 1,7 m de largura, há defletores e asas dianteiras que equilibram a força aerodinâmica e uma grande ‘barbatana’ ao longo do carro, aumentando a estabilidade do esterçamento. Aletas próximas aos faróis também diminuem a pressão sobre a caixa de rodas e dutos NACA no capô levam ar aos freios, resfriando-os.
Há também um ventilador que ajuda no efeito solo, semelhante ao lendário Brabham BT46B também criado por Murray. Ao todo, serão mais de 1.500 kg de downforce, sendo que a meta inicial de 1.900 kg foi reduzida para que “o carro se mantivesse sob controle dos donos”.
Isso não quer dizer que estômagos fracos serão poupados, e a frenagem, por exemplo, causará até 3,5 G de desaceleração graças a freios de carbono cerâmica e pneus slick.
Com foco no desempenho, o piloto se senta no meio do carro e tem visão total da pista. O acabamento é bem simples, já que luxo também significa peso.
Há apenas uma pequena tela LCD atrás do volante, exibindo velocidade, giro e outros indicadores de desempenho. Ao lado, outra lembrança do McLaren F1 é um grande painel com chaves que operam do limpador de para-brisa à bomba de combustível.
“Corredores sempre estão desconfortáveis, mas lidam com isso porque precisam vencer. O McLaren F1 tinha uma posição de dirigir ótima e visibilidade boa, e acho que isso ajudou o pessoal em Le Mans (…). No T.50s, a posição do piloto é tão ergonômica quanto possível. É um carro que você pode dirigir o dia todo”, explicou Murray, lembrando o triunfo do F1 GTR na prova francesa.
Toque especial
Coroando a mística de Fórmula 1 que envolve o T.50s, Murray procurou a família de seu amigo Niki Lauda a fim de homenageá-lo no nome do carro, e logo teve sucesso. “Niki ficaria extremamente honrado de se associar a um carro de Gordon Muray”, explicaram os parentes de Lauda.
Gordon Murray ainda fez seu marketing pessoal, e cada uma das 25 unidades do T.50s será batizada com uma vitória dos Fórmula 1 do projetista. O primeiro carro, “Kyalami 1974” (palco do antigo GP da África do Sul) entrará em produção no início de 2023, quando as 50 unidades do T.50 já tiverem sido feitas.
Os clientes serão convidados a um track day com a máquina, para que chassi e aerodinâmica sejam ajustados ao estilo e experiência do comprador e mecânicos possam ensinar detalhes que extraiam o máximo do V12.
Em adição, o pacote Trackspeed inclui suporte técnico e equipamentos para corrida, incluindo todas as ferramentas para pit stops e reabastecimento. O suporte servirá até para configurações precisas ao circuito da vez, onde quer que esteja localizado – incluindo track days exclusivos alinhados ao calendário da GT World Challenge europeia.
A brincadeira é muito divertida, mas tem custo: cerca de R$ 23 milhões na cotação atual. A GMA, entretanto, não está preocupada com o valor, já que todas as unidades do T.50 se esgotaram em 48h.
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