Anunciada com muitas pompas, a nova geração do Mustang Mach 1 chegou com “roda” esquerda à Austrália, graças a erros publicitários e logísticos da Ford que lesaram centenas de clientes. Por conta de itens anunciados que não foram instalados no esportivo, a montadora se desculpou e oferecerá recompensas nada baratas a até 700 proprietários.
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O caso se desenrola há alguns dias e diz respeito a peças e detalhes técnicos que, mesmo usados em peças de divulgação da Ford no país, não vieram no Mach 1 — com destaque ao diferencial de deslizamento limitado (LSD).
Feito para evitar que a roda com mais aderência fique imóvel enquanto a menos aderente deslize, o LSD do Mach 1 deu início à revolta quando os novos donos perceberam que o sistema instalado não era do tipo Torsen, como nos Estados Unidos. Ao invés do sistema mais avançado, ágil e puramente mecânico, os modelos australianos vieram com o mesmo LSD usado nos Mustang GT e Bullit. Piorando a situação, os sistemas careciam do circuito de arrefecimento independente.
Os problemas não se resumiram às estranhas do mais potente dos Mustang, e novos relatos, dando falta do controle de cruzeiro adaptativo e aviso sonoro dos sensores de estacionamento, também ganharam notoriedade. Diante do inegável, a Ford agiu rápido e, nesta terça-feira (11), reconheceu a bagunça.
“Recentemente descobrimos algumas correções de conteúdos e características do Mustang Mach 1 australiano, e estamos desapontados que não percebemos isso antes que a primeira leva de folhetos e sites fossem publicados”, dizia a nota distribuída aos concessionários do país.
A montadora explicou que, no caso do ACC e sensores de estacionamento, houve erro nas peças de divulgação, dado que os itens nunca foram previstos ao Mach 1 por conta de questões aerodinâmicas e foco no desempenho.
O caso do LSD é mais complicado, uma vez que, além da sucursal australiana reconhecer a substituição indevida, um representante da Ford afirmou ao site WhichCar? que a troca se estendeu a todos os modelos com volante à direita no mundo. A montadora garante, porém, que o diferencial instalado conta com arrefecimento adequado e mesma performance dos Torsen.
Se adiantando a mais problemas, a Ford fez uma checagem no material publicitário e descobriu que outros itens estavam ausentes, como os tapetes personalizados da linha Mach 1, enquanto outros, como inexistentes faróis de neblina, também foram anunciados incorretamente.
Diante do aborrecimento de quem pagou R$ 342.490 pelo Mustang (no Brasil o modelo parte de R$ 511.475), a empresa de Detroit correu para agradá-los, oferecendo três anos de revisões gratuitas. Serão três manutenções periódicas na faixa, correspondentes aos períodos de 15.000 km, 30.000 km e 45.000 km ou 12, 24 e 36 meses.
O mimo principal, entretanto, ficou por conta do track day que será oferecido, também sem custos, a cada um dos clientes, que poderão utilizar os 469 cv de potência oferecidos pelo motor V8 5.0 sem medo dos radares e em segurança.
A empresa não detalhou quais pistas estarão à disposição, mas ressaltou que, a fim de evitar viagens muito longas, os donos poderão escolher circuitos próximos às suas cidades. Sorte de quem mora em Bathurst e vizinhanças, por exemplo.
A Ford reforçou que somente carros vendidos antes de 29 de abril serão elegíveis. Até então, 700 unidades do carro haviam sido encomendadas e, sucesso de vendas, não é exagero supor que a maioria, se não todas, foram vendidas.
O prejuízo só com as revisões pode chegar à casa dos R$ 3,9 milhões, considerando o preço de tabela praticado na Austrália. Somada uma estimava de cada diária de pilotagem, a cifra total pode beirar os R$ 8 milhões.
Fazendo tudo pela boa imagem, a Ford oceânica garantiu que “os clientes serão contatados nos próximos dias, recebendo todos os detalhes”. A fase não anda mesmo boa a para a marca do Oval Azul.
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