Até a chegada do GTO, a divisão da GM chamada Pontiac era apenas o segundo degrau na escala de status entre as marcas da casa, situada entre Chevrolet e Oldsmobile. Graças a uma equipe de apaixonados por carros, a marca só desabrocharia nos anos 60.
Assine a Quatro Rodas a partir de R$ 9,90
Filho de um ex-presidente da GM, Semon “Bunkie” Knudsen havia assumido a divisão em 1956. Ele queria fazer do desempenho o diferencial da Pontiac e contava com dois aliados, o engenheiro-chefe Elliott “Pete” Estes e seu então assistente John De Lorean.
Aderindo ao apelo de marketing “vença no domingo, venda na segunda”, a Pontiac faturou 30 de 52 provas da Nascar em 1961 e 22 das 53 em 1962. Virou a terceira marca mais vendida, atrás de Chevrolet e Ford. Quando a GM se retirou das corridas, em 1963, Elliott Estes já era o novo presidente, mas manteve a filosofia do antecessor. Após o compacto Tempest reagir bem a grandes V8, a Pontiac promoveu-o em 1964, criando o pacote de equipamentos GTO.
Seu V8 de 6,4 litros produzia 325 cv brutos com um carburador de corpo quádruplo ou 348 cv com três de corpo duplo, ambas configurações com 59 mkgf de torque. Suspensão, embreagem e freios eram reforçados. Os bancos dianteiros eram individuais, e o escapamento, duplo. As 5.000 unidades previstas não deram conta. Ao fim daquele ano, venderam 32.450 unidades do GTO, nas versões cupê (com ou sem colunas centrais) e conversível. Nascia o fenômeno dos muscle cars (carros musculosos).
A força do GTO estava na aceleração. Em 1965, quando a revista Car Life testou a versão de 360 cv, o Pontiac foi de 0 a 96 km/h em 5,8 s, mas não passou de 184 km/h. Os faróis duplos já eram dispostos verticalmente. Começaram a surgir rivais como o Chevrolet Chevelle SS-396, Plymouth Road Runner, Dodge Super Bee e Charger Daytona. Para 1966, o GTO deixou de ser versão e virou modelo próprio, com 96.946 unidades vendidas, recorde entre os muscle cars.
É de 1967 o GTO hardtop fotografado. A direção responde com lentidão, exigindo cerca de cinco voltas em manobras fechadas. “Qualquer desvio pode fazer você cruzar os braços”, diz Delso Calascibetta, gerente de vendas da Private Collections, loja paulista onde o GTO estava à venda.
O motor de 400 pol3 (6,5 litros) e 335 cv parece um baixo tocado em ritmo acelerado de bateria, uma prévia do temperamento do GTO. Sobram torque e potência, o que cobra habilidade do motorista. Nas curvas a tendência é sair forte de traseira, porque a suspensão é mais rígida atrás.
O novo visual de 1968 oferecia faróis escondidos por um prolongamento opcional da grade, para-choque dianteiro da cor do carro, traseira fastback e lanternas embutidas no para-choque. O V8 de série rendia 350 cv, mas havia opções de 265 e 360 cv. No ano seguinte, era a vez de o GTO ganhar o pacote The Judge (o juiz). Ele incluía faróis expostos, aerofólio e grafismos. Seu motor Ram Air produzia até 370 cv.
Na linha 1970 os faróis duplos voltaram a ficar aparentes e os para-lamas ganharam ressaltos em forma de lanças. O início da nova década trouxe grande alta no preço dos seguros dos esportivos e na preocupação com segurança e com emissões de poluentes.
Os muscle cars perdiam vigor e, assim, sua razão de ser. Em 1972 o GTO passou a ser uma versão do Pontiac LeMans, que duraria até 1974. Mais que o fim do maior símbolo de um segmento, foi o fim da era de ouro. Tanto de Detroit quanto da Pontiac.
Motor: | V8 6.5 (400 pol3) ou 7.0 (428 pol3); potência: 255 cv a 360 cv (6.5), 360 cv (7.0) |
---|---|
Câmbio: | manual de 3 ou 4 marchas, automático de 3 marchas |
Carroceria: | cupê, cupê hardtop e conversível |
Dimensões: | comprimento, 525 cm; largura, 190 cm; altura, 136 cm; entre-eixos, 292 cm; peso, 1 550 kg (hardtop, 6.5) |
Desempenho: | 0 a 96 km/h em 4,9 s; máxima de 171 km/h (hardtop, 7.0) |
Ferrari GTO
O nome do primeiro muscle car pegou carona no de um mito da Ferrari. Exibida em 1962, a 250 GTO (de Gran Turismo Omologato) foi homologada para corridas após poucas mudanças. Seu V12 de 290 cv levava-a de 0 a 100 km/h em 5,1 s e de lá até 272 km/h.