Nissan fechará sete fábricas e poderá demitir até 20.000 para sair de crise
Nissan tem plano para sanear custos em diversas áreas da empresa, desde o tempo de desenvolvimento dos novos carros ao tamanho da folha de pagamento

A Nissan divulgou um novo plano de reestruturação global, denominado Re:Nissan, nesta semana. Trata-se da sua reação ao prejuízo recorde de 5 bilhões no ano fiscal de 2024 e ao risco crescente de um colapso financeiro.
A meta da Nissan é obter lucro operacional e ter fluxo de caixa livre positivo na divisão de automóveis até o ano fiscal de 2026; atingir um total de 500 bilhões de ienes (aproximadamente R$19,4 bilhões) em economias de custos em comparação a 2024; contenção de custos fixos e variáveis; e redução de 20.000 postos de trabalho; e a diminuição de 17 para 10 fábricas até o ano fiscal de 2027.
A Nissan anunciou mais de 10.000 demissões que, junto às anteriores, já somam cerca de 20.000, que representa aproximadamente 15% da força de trabalho global da empresa.
As fracas vendas de 2024 foram agravadas por encargos contábeis, custos de reestruturação e tarifas, que dificultaram ainda mais a situação da empresa, em especial nos Estados Unidos.
Em março, o ex-presidente e CEO, Makoto Uchida, renunciou depois que as negociações de fusão com a Honda fracassaram e a Nissan teve que iniciar uma busca por um novo parceiro estratégico. Desde então, Ivan Espinosa assumiu o comando e está tentando estabilizar a empresa.
Teaser da Nissan Frontier 2026
Re:Nissan: o que está em pauta?
A reestruturação depende de uma redução de custos variáveis, o que levará à suspensão temporária de alguns projetos futuros; realocação de 3.000 pessoas para redução de despesas; reestruturação da cadeia de suprimentos, reduzindo o número de fornecedores para concentrar volumes; e a criação de uma área de transformação com 300 especialistas focados em decisões de custo.
A produção também será afetada. De 17 fábricas, a Nissan ficará somente com 10 até 2027, e encerrou projetos como, por exemplo, a fábrica de baterias de ferro-lítio, que está localizada em Kyushu (Japão). Por último, ajustará turnos, realizará cortes e reorganizará equipes.
A fabricante japonesa passará a focar em reduzir a complexidade e os custos de engenharia, diminuirá o número de plataformas de veículos de 13 para 7 até 2035 e reduzirá o desenvolvimento para 37 meses no caso de um veículo de uma nova linha e 30 meses para os modelos seguintes.

Entre os modelos esperados para essa nova fase estão o novo Nissan Skyline, um SUV global de porte médio e um SUV compacto da marca Infiniti, a divisão de luxo da Nissan.
A empresa também diz que buscará estratégias que foquem nas necessidades específicas de cada região. Essa abordagem prioriza mercados chave como Estados Unidos, Japão, China, Europa, Oriente Médio e México. O comunicado, no entanto, não cita o Brasil, que continuará, de certa forma, dependente do México.
A empresa diz que seguirá colaborando com Renault e Mitsubishi no desenvolvimento de produtos conjuntos, como o novo carro elétrico baseado na próxima geração do Leaf, que será vendido pela Mitsubishi nos Estados Unidos.
Ex-presidente comenta sobre o assunto
Carlos Ghosn, ex-presidente da Renault-Nissan, que fugiu do Japão dentro de uma caixa, em 2019, comentou sobre os atuais problemas da empresa. Em entrevista ao canal francês BFM Business, Ghosn descreveu a situação da Nissan como “desesperadora”.

Ghosn afirmou que os problemas enfrentados pela empresa são culpa dos gestores que assumiram o cargo depois dele, e ainda criticou a “lentidão das decisões”.
Segundo ele, a empresa chegou ao ponto de “suplicar ajuda a um de seus maiores concorrentes no Japão”, fazendo referência ao fracasso da fusão com a Honda. O ex-CEO ainda comparou a situação com uma hipotética aliança entre Renault e Peugeot na França, e que não faria sentido.