Motores cada vez mais econômicos
Outrora beberrões, os motores a explosão vão cada vez mais entrando na onda da economia e eficiência
Consumistas e sem compromisso com a eficiência, os motores a explosão viveram por décadas na zona de conforto, na certeza de que teriam emprego garantido até o dia em que a roda fosse reinventada. No entanto, os ventos mudaram e o cerco se fechou sobre os outrora bonachões.
Transformados em vilões do meio ambiente e predadores da carteira de seus usuários, os motores a explosão de alta performance estão mostrando que sabem reagir ao cerco das restrições ao consumo e às emissões. Ao divulgar os padrões de emissões que os veículos terão de atender, no período de 2017 a 2025, a agência de proteção ambiental da Califórnia (Carb), um dos órgãos mais exigentes dos Estados Unidos, considerou que a frota ainda será predominantemente equipada com motores a combustão, apesar do avanço dos elétricos e híbridos. A Carb acredita que os motores conseguirão atender às exigências aprimorando dispositivos já conhecidos, como injeção direta, sobrealimentação por meio de turbocompressor, desativação de cilindros e pneus com menor resistência ao rolamento. Além de, é claro, contar com redução no peso dos carros e melhor qualidade de combustíveis e lubrificantes.
Consciência
Com uma frota de 26 milhões de carros (São Paulo tem 22 milhões), a Califórnia é o estado americano com os mais elevados índices de poluição do ar. Por isso, sua meta atual é reduzir 75% das emissões veiculares até o ano de 2025.
Redução de atrito
A Mercedes desenvolveu um tratamento superficial das paredes dos cilindros que, segundo ela, reduz em 50% o atrito, proporcionando ganho de 3% no consumo e nas emissões. A tecnologia Nanoslide consiste na aplicação de uma camada fina de aço e carbono, que resulta em uma superfície espelhada, com poros microscópicos suficientes apenas para reter o lubrificante.
Recirculação de gases
A alemã Pierburg conseguiu elevar a eficiência da válvula EGR, que envia parte dos gases de escapamento para o motor (a fim de reduzir a temperatura da combustão e assim diminuir a produção de NOx), agregando um radiador que resfria os gases antes que voltem para as câmaras. Esse dispositivo já equipa carros da BMW, da GM e da Fiat, segundo a fábrica.
Acionadores de válvulas
Empresas como Honda e Renault têm projetos para trocar os tradicionais comandos de válvulas por atuadores eletrônicos que ajudam a melhorar a eficiência dos motores, graças ao fato de dispensarem o acionamento dos comandos pelo motor e de conseguirem movimentação mais rápida e precisa das válvulas, gerando maior volume de torque.Materiais
O uso de aços de alta resistência, alumínio, magnésio, fibra de carbono e plásticos, aplicados em peças da carroceria, do motor e do acabamento (como na estrutura dos bancos), pode reduzir o peso dos veículos sem comprometer desempenho, dirigibilidade e segurança. Estima-se que a queda de 20% no peso resulte em uma redução de até 16% nas emissões.
Lubrificantes
As fábricas de lubrificantes pesquisam novos tipos de óleo com reduzidos níveis de volatilidade (para diminuir as emissões evaporativas do lubrificante) e de viscosidade (para minorar o esforço do motor e aumentar a vida útil do óleo). Para isso, investem em óleos básicos (sintéticos, derivados de gás natural) e aditivos de origem orgânica (com teor controlado de metais).
PRÓXIMAS ATRAÇÕES Regime forçado
A Ford e a Dow Automotive Systems firmaram parceria para pesquisar o desenvolvimento de compostos de fibra de carbono com baixo custo para aplicação em carros com alto volume de produção. O programa servirá para a Ford atingir o objetivo de reduzir o peso de seus carros em até 340 kg antes do fim da década.
Esponja do ar
Cientistas americanos desenvolveram um novo material que é capaz de capturar mais de 83 vezes seu tamanho em volume de CO2, da atmosfera. Com a consistência de espuma, a substância suporta altas pressões e temperaturas, podendo ser limpa e reutilizada, de acordo com os pesquisadores.
Van filosofia
Um grupo de empresas europeias está desenvolvendo um projeto em que os carros podem viajar em comboio, conectados eletronicamente e liderados por um veículo guia, o único que necessita dos cuidados de um motorista. No primeiro teste em estradas reais, quatro modelos rodaram 200 km, sem qualquer incidente. O nome do projeto é Sartre (Safe Road Trains for the Environment).
Sinal de alerta
As empresas Mul-T-Lock e Starcom Systems criaram uma trava acoplada a um chip que permite ao motorista monitorar a segurança do veículo com o uso de smartphones ou computadores pessoais. Além de sinalizar a violação, o equipamento possibilita rastrear a trava, por meio de GPS.