Enquanto as montadoras investem em tecnologias voltadas para a eletrificação, ainda há espaço para novidades mais “raízes”. É o caso do novo sistema da Lamborghini, que altera a cambagem e o alinhamento das rodas em tempo real.
Ainda exclusivo do Huracán em seu eixo traseiro, o mecanismo une um conceito menos complexo a outro bem mais desafiador. No primeiro caso, se trata do alinhamento das rodas, que varia basicamente com um sistema de esterçamento tal o que vem sendo popularizado em elétricos como o GMC Hummer EV e seu crab mode.
Em termos gerais, ao se alinhar as rodas para fora, de modo divergente, o veículo fica mais arisco e realiza curvas com mais agressividade; o contrário acontece com o alinhamento convergente.
Em veículos de rua, a tendência é manter as rodas plenamente alinhadas, favorecendo a segurança, economia de combustível e desgaste mais previsível dos pneus. Mas a tecnologia Active Wheel Carrier é feita para as pistas, onde o piloto cuida de segurar a fera e seu V10 enquanto maximiza a performance.
No caso da cambagem, estamos falando da inclinação das rodas em relação ao solo: uma cambagem neutra consiste em rodas perfeitamente perpendiculares, enquanto a cambagem negativa, mais comum no automobilismo, as traz para dentro. A cambagem positiva, obviamente, é o contrário.
O ajuste negativo, no somatório de forças, favorece a aderência em curvas, pois os pneus inclinados dessa forma maximizam o atrito para o lado de fora do movimento. Por isso, a maioria dos carros de rua têm cambagem em torno de -0,5 a -1º.
O Huracán com AWC, porém, pode variá-la entre -5,5º e -2,5º. A aderência em curvas cresce junto com a inclinação, mas, ao mesmo tempo, perde-se aceleração nas retas. Em carros como os de F1, a cambagem (fixada antes da corrida) leva em conta aspectos como a proporção de retas e curvas do circuito. No caso do Hurácan, dá para modificá-la em tempo real aproveitando o melhor de dois ajustes.
O mecanismo que realiza os ajustes é visualmente simples, e a ideia já era trabalhada há algum tempo pela Audi, irmã da Lamborghini. A grande sacada aqui, porém, é o motor elétrico pequeno mas poderoso que vai em cada roda e consegue alterar os parâmetros em frações de segundos.
Tudo funciona em sincronia com outros sistemas, tais como a aerodinâmica ativa do superesportivo e controles de tração e estabilidade. Isso maximiza o efeito da novidade, que nos primeiros testes reduziu tempos de volta de pilotos profissionais em quase 3 segundos.
Outras possibilidades do invento incluem o uso de pneus de compostos na frente e atrás, maximizando a performance, além de geometrias incomuns de suspensão que seriam exploradas em tempo real. Não há, entretanto, uma data para que o AWC seja oferecido nos Lamborghini de rua.