A Ford pode estar iniciando uma grande revolução na sua linha de produtos. Alguns de seus carros mais icônicos e populares já foram descontinuados, como o Fiesta e Mondeo. O Focus é o próximo da lista, pois terá sua produção na Alemanha encerrada em 2025. Tudo isso, porque tais modelos são considerados “chatos” demais.
Quem disse isso foi o próprio CEO da montadora, Jim Farley, em entrevista à revista britânica, CAR. Para ele, não vale mais a pena investir nesse tipo de carro e fala sobre uma mudança de posicionamento da Ford: “sair do negócio de carros chatos e entrar no negócio de veículos icônicos”.
Nós brasileiros sabemos bem como é isso. Em 2021, a Ford encerrou a produção nacional e fechou suas três fábricas: em Camaçari (BA), Taubaté (SP) e a fábrica da Troller em Horizonte (CE).
Essa decisão também marcou o reposicionamento, que deixou de investir em modelos mais populares como o Ka e o EcoSport — esses que eram produzidos por aqui — e passou a investir em modelos mais premium e importados, como as picapes F-150, Ranger e Maverick, a dupla Mustang GT e Mach-E e o Bronco.
A estratégia para o mercado europeu é bem parecida. Mesmo recuando nos planos de eletrificação total para 2030, por lá a ideia é focar em SUVs elétricos que derivam da plataforma MEB da Volkswagen, como o Explorer e o Capri, ambos diretamente ligados aos VW ID.4 e ID.5, respectivamente. Além disso, o SUV Puma, que faz bastante sucesso no Velho Continente, também já tem uma versão elétrica garantida.
Os modelos “icônicos”, como Bronco, Mustang e as variantes Raptor, também são parte importante dos novos planos da Ford. Se antes eles eram, nas palavras de Farley, um “negócio paralelo”, agora a ideia é realmente investir pesado nesses modelos. No caso do Mustang, o CEO até planeja que ele seja um forte concorrente para os modelos da Porsche, por exemplo.
Mas há um porém nessa mudança de posicionamento. Assim como ocorreu no Brasil, a Ford está vendo suas vendas caírem no mercado europeu. Em toda a Europa, as vendas da Oval Azul até junho já caíram 16,9%, enquanto sua participação de mercado foi de 4,1% para 3,3%.
Porém, nós sabemos que esses veículos mais luxuosos possuem uma margem de lucros bem maior do que os carros “chatos” e o volume de vendas não necessariamente reflete no faturamento da montadora com eles. Contudo, a montadora está entregando de bandeja um para as concorrentes como VW e Stellantis um segmento onde sempre foi muito forte. Se valerá a pena, só podemos saber com o tempo.