A Ferrari teve sua produção aumentada em 18,5% no ano passado, atingindo 13.221 unidades. Com esse crescimento, a procura vem superando com folga o que a produção artesanal da italiana pode entregar, resultando em longos tempos de espera para os interessados nos superesportivos.
O SUV Purosangue e outros modelos já têm prazos estendidos em até três anos ou mais, sendo que muitos compradores sequer conseguem entrar na lista de espera devido à capacidade de produção insuficiente. O CEO da marca, Benedetto Vigna, entretanto, não parece preocupado com isso.
“O cliente valoriza nossos carros porque eles são únicos, porque são limitados e exclusivos”, disse à CNBC. “Daria para fabricarmos mais unidades, mas isso não faria sentido. Ofenderíamos nossos clientes assim”.
É estratégia parecida à frase icônica do fundador Enzo Ferrari, que supostamente disse que a marca sempre “produziria um carro a menos do que a demanda do mercado”. Alguns analistas apontam até que o Cavallino Rampante poderia vender o dobro dos números atuais, sem precisar mexer nos preços estratosféricos.
Mas há coisas mais importantes em Maranello: mesmo com a construção de uma nova fábrica para veículos híbridos e elétricos, a empresa mantém uma abordagem cautelosa em às mudanças. A Ferrari pretende equilibrar exclusividade e prestígio e avançar tecnologicamente seus esportivos sem perder a identidade construída ao longo de décadas.
Quem acha que isso está afastando os jovens se engana. Afinal de contas, explicou Vigna, os novos compradores de uma Ferrari são 10% mais novos do que a média dos proprietários ao redor do mundo. Em tempos de consumo facilitado, o executivo ressalta que a dificuldade intencional de adquirir tais veículos é um charme a mais para as novas gerações, valorizando a conquista na garagem.