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Fábrica que Ford fechará também é parte da história de VW, Renault e Jeep

Em 67 anos, complexo do ABC paulista produziu grande parte da história da marca americana no Brasil e também modelos de empresas rivais

Por Henrique Rodriguez Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 22 fev 2019, 19h52 - Publicado em 22 fev 2019, 19h41
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  • ford são bernardo
    Alguns dos modelos feitos pela Ford em SBC (Arte/Quatro Rodas)

    Até o fim de 2019 a Ford encerrará a produção de caminhões e do Fiesta hatch na fábrica de São Bernardo do Campo (SP), mantendo ali apenas sua sede administrativa.

    Além de pôr na berlinda cerca de 3.000 empregos diretos, a Ford coloca de lado o complexo que construiu sua história no Brasil.

    Renault Clio Sedan O Boticário
    Jeep Willys 1963 (Marcelo Spatafora/Quatro Rodas)

    O local começou a ganhar forma em 1952, quando a Willys-Overland se instalou ali. A produção de automóveis, porém, só teve início em 1954 com o Jeep Willys – que no ano seguinte seria substituído pelo CJ-5, que permaneceria em produção até 1983.

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    Fábrica de São Bernardo na década de 1960 (Reprodução/Internet)

    Em 1959 surgiriam a Rural 4×4 e o Renault Dauphine (produzido sob licença).

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    No ano seguinte foi a vez do grande sedã Aero. Em 61 a marca lançava a picape Jeep 4×2 (que viveria até 1984 como F-75), o esportivo Interlagos e, em 1966, o luxuoso Itamaraty.

    Sérgio Berezovsky, redator-chefe da revista Quatro Rodas, dirigindo o Renault Da
    O Renault Dauphine foi fabricado pela Willys Overland do Brasil, sob licença da Régie Nationale des Usines Renault (Acervo/Quatro Rodas)

    A Willys trabalhava com a Renault no chamado Projeto M (de carro médio) em 1967, quando foi comprada pela Ford.

    O projeto contemplava plataforma e motor Renault (o 1.3 Cléon-Fonte, lançado em 1962, com 68 cv), mas o design era adaptado ao gosto do brasileiro.

    A Ford ainda teve tempo de fazer mudanças no motor, no câmbio e na suspensão antes de lançá-lo como Ford Corcel em 1968.

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    Aero Willys modelo 1962 com placa preta, de colecionador particular.
    Aero Willys 1962 (Acervo/Quatro Rodas)

    Àquela altura a Ford só produzia o Galaxie 500, a F-1000 e alguns caminhões em sua fábrica no bairro do Ipiranga, em São Paulo.

    Linha Montagem Rural Willys São Bernardo do Campo
    Linha Montagem DA Rural Willys São Bernardo do Campo, década de 1960 (Acervo/Quatro Rodas)

    O Corcel começou a ser vendido antes mesmo do Renault 12, que só apareceu em 1969, junto com o gêmeo Dacia 1300. Este só saiu de linha em 2004, quando foi substituído pelo Logan. O Projeto M também teve vida longa no Brasil.

    Corcel modelo 1969, com motor 1.3, avaliado pela revista Quatro Rodas.
    Ford Corcel 1969 (Acervo/Quatro Rodas)
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    A fábrica de SBC passaria a produzir a Belina, perua derivada do Corcel, em 1970.

    Em 1973 a novidade era o Maverick, primeiro com duas portas e depois com quatro. Tinha versões seis cilindros e V8, mas precisou recorrer a um 2.3 quatro cilindros para se tornar uma ameaça ao Chevrolet Opala.

    Maverick automático, modelo 1977, testado pela QR.
    Ford Maverick 1977 automático (Acervo/Quatro Rodas)

    Em 1977 surgiria o Corcel II. Ele mantinha a plataforma e até o entre-eixos de 2,44 m, mas tinha carroceria toda nova, inspirada nos Taunus e Cortina europeus. O motor era o 1.4 de 72 cv (brutos) dos últimos Corcel I.

    Corcel II LDO 1.6, da marca Ford.
    Corcel II LDO 1.6 (Acervo/Quatro Rodas)
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    O motor era fraco para o carro e, por isso, a Ford o aumentou para 1,6 litro e a potência chegou a 90 cv brutos (ou 71 cv líquidos, como se calcula hoje). A mudança ainda marcou a estreia de um câmbio manual de cinco marchas.

    Motor do Corcel II LDO 1.6, da marca Ford.
    Motor Cléon-Fonte ganhou uma repaginada e passou a ser 1.6 (Acervo/Quatro Rodas)

    Foi com este motor que o Ford Del Rey fez sua estreia em 1981. Apesar das limitações da plataforma de origem Renault, tinha acabamento refinado e opção quatro portas.

    O design era inspirado no Ford Granada e havia vidros e travas elétricos e até ar-condicionado integrado ao painel como opcional, o que ajudava a cumprir a missão de substituir o Maverick, extinto em 1979.

    Picape Pampa Ghia, testada pela revista Quatro Rodas.
    Picape Pampa Ghia (Claudio Laranjeira/Quatro Rodas)
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    Em 1982 a fábrica de São Bernardo começava a fabricar a Pampa, a picape derivada do Corcel. A caçamba era inspirada na F-1000 e a suspensão traseira era de eixo rígido com feixe de molas, conceito mais robusto para cargas.

    Teste comparativo entre a Belina e o Del Rey Ghia.
    Belina e Del Rey Ghia (Acervo/Quatro Rodas)

    Em 1983 era a vez da Del Rey Scala, perua derivada do Del Rey. Mas o principal lançamento daquele ano foi o Escort, seu novo carro de entrada, igual em estilo ao vendido na Europa. Era o primeiro carro mundial da marca no Brasil.

    Pátio Ford São Bernardo Campo
    Sucesso do Escort forçou o fim do Corcel (Acervo/Quatro Rodas)

    Ele estreava os motores CHT, versão do Cléon-Fonte com novo cabeçote, em versões 1.3 (63,5 cv) e 1.6 (73,4 cv). Este segundo seria usado por toda a família Corcel e Del Rey a partir de 1984.

    Linha Montagem Ford Escort São Bernardo
    O Escort foi o primeiro carro global da Ford lançado no Brasil alinhado com a Europa (Acervo/Quatro Rodas)

    Com a chegada do moderno Escort, o Corcel foi perdendo espaço até sair de linha em 1986. A Belina, porém, continuou: para ganhar sobrevida, ganhou a frente do Del Rey em 1985.

    Linha Montagem Ford Escort São Bernardo
    (Acervo/Quatro Rodas)

    As novidades seguintes dependeriam da Autolatina, joint-venture formada entre Volkswagen e Ford em 1987. Derivado do Escort, o sedã Verona surgiu em 1989.

    Ele serviu como ponto de partida para o Volkswagen Apollo, o mesmo carro, porém mais requintado. Era um Volkswagen fabricado dentro da Ford.

    Teste comparativo entre Verona 1.8 GLX e Apollo GLS.
    Os gêmeos VW Apollo e Ford Verona (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    O Apollo não vingou e saiu de linha em 1992. No ano seguinte, a Volkswagen usaria a nova geração do Escort para criar o Pointer, um hatch de quatro portas, e o Logus, um sedã de duas portas.

    Em contrapartida, a Volkswagen fabricava os Ford Versailles e Royale, derivados do Santana, que substituíram o Del Rey e a Scala a partir de 1991.

    Também havia troca de motores: enquanto alguns Ford eram equipados com motor VW AP, alguns VW (como o Gol 1000) saíam da fábrica com o motor Ford CHT.

    Fábrica que Ford fechará também é parte da história de VW, Renault e Jeep
    Logus, um projeto da Autolatina derivado do Ford Escort (Christian Castanho/Quatro Rodas)

    Os carros derivados da Autolatina acabaram em 1996, junto com a joint-venture. O Escort, por sua vez, passou a vir da Argentina.

    Para ocupar a fábrica, que ficaria apenas com a Pampa, a Ford resolveu nacionalizar o Fiesta, que chegava importado da Espanha desde 1995.

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    O Pointer tinha base de Escort e design brasileiro – que chegou a ser premiado no exterior (Acervo QR)

    O Fiesta criou raiz em São Bernardo do Campo. Sua plataforma deu origem ao irmão menor Ka em 1997, mesmo ano que a picape Pampa foi substituída pela Courier, acabando de vez com o legado do Projeto M.

    Fiesta
    Ford Fiesta CLX 1.4 16V (Acervo/Quatro Rodas)

    Em 2001, quando o Fiesta estava na iminência de ganhar uma nova geração (esta fabricada em Camaçari, Bahia, recém-inaugurada), a fábrica de SBC recebeu toda a produção de caminhões, que ainda estava no Ipiranga.

    Quando o velho Ka saiu de linha, em 2013, o Fiesta retornou à unidade. Sua nova geração era importada do México desde 2010.

    Ka XR 1.6, testado pela revista Quatro Rodas.
    O ágil Ka XR 1.6 (Acervo/Quatro Rodas)

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