Se para alguns a morte é tabu, para o príncipe Philip do Reino Unido os planos de passagem sempre foram claros. O Duque era fã declarado da Land Rover e dizia que, em seu funeral, deveria ser levado por um carro da marca até o Castelo de Windsor, onde será o velório.
Clique aqui e assine Quatro Rodas por apenas R$ 8,90
Como na realeza querer é poder, o transporte do caixão não só ocorrerá em uma unidade da icônica fabricante, mas em um modelo exclusivo, feito ao longo de anos e sob medida ao gosto do então marido da Rainha Elizabeth II.
Quase um patrono da engenharia britânica, o Duque de Edimburgo experimentou os carros da Land Rover ainda na década de 50, quando o então rei George VI homologou a fabricante como fornecedora oficial da família real.
A sintonia foi tanta que, desde 1970, Philip fez questão de adquirir (ou ao menos experimentar) cada uma das gerações do Range Rover, entre outros. Se para alguns essa paixão era patriotismo forçado, faz-se notar que o príncipe só entregou sua habilitação aos 97 anos, após sofrer grave acidente com o Freelander que dirigia sozinho, em via pública.
Com tanta moral, o monarca — que também caçava animais — encomendou, em 2003, uma versão modificada do Defender 130 voltada ao seu hobby nada ecológico.
O projeto usou de base um Land Rover Defender 130 TD5, com motor 2.5 diesel de 121 cv de potência e 30,5 kgfm de torque. Para acomodar os atiradores, entretanto, a cabine dupla deu lugar à fileira simples e uma longa caçamba.
Chamados de “gun buses”, esses modelos são, de fato, picapes estendidas, adequadas ao transporte de caçadores no fora-de-estrada e que oferecem segurança e estabilidade para os tiros.
Até então, o mais perto disso que a empresa já tinha vendido eram os Defender 110 Truck Cab e Defender 130 Double Cab Hi-Capacity, de modo que os projetistas tiveram que colocar à prova a estrutura modular do carro para personalizá-lo.
Outros mimos exclusivos incluem rodas militares de aço vindas do Land Rover Wolf, equipadas com pneus Goodyear G90. A pintura é em verde Deep Bronze Green, que remete aos jipes de guerra britânicos da Segunda Guerra Mundial, na qual Philip serviu como marinheiro. Por outro lado, há para-lamas pretos e retoque perolado na carroceria que não se daria muito bem na lama.
Polêmicas à parte, o veículo começou a ser construído há 18 anos, na fábrica de Solihull da Land Rover. Claro que o cliente pediria ajustes, mas talvez nem os próprios engenheiros imaginavam que seriam 16 anos até que, em 2019, o Defender estivesse finalmente ao gosto do consorte.
Com tanto tempo para palpites, o quase centenário príncipe decidiu flexibilizar os planos e, unindo o útil ao inevitável, aproveitou para garantir o modelo como seu transporte final, preparando-o minuciosamente para seu velório.
Ainda que o Palácio de Buckingham faça mistério sobre todos os detalhes, sabe-se, por exemplo, que o inglês dimensionou a caçamba para o tamanho exato de seu caixão, incluindo apoios para que o esquife não se movimente no trajeto.
As saias laterais, alinhadas ao chassi, também permitem que os fuzileiros navais escoltem de perto o caixão em seu trajeto de oito minutos no Defender, antes de levarem a urna até a capela.
Transmitido ao mundo inteiro, o velório do Duque de Edimburgo ocorrerá no próximo sábado (17), quando o finado motorista dirá adeus à sua marca do coração.
Outra apaixonada pelas quatro rodas, Elizabeth II também irá à cerimônia em um modelo exclusivo. A rainha, entretanto, tem seu gosto próprio e usará uma limusine baseada num Bentley Arnage R.
Com cerca de 6,25 m de comprimento, o carro traz nada menos que motor V8 com 400 cv que o torna capaz de alcançar a velocidade máxima de 208 km/h. Feito sob medida, o carro foi entregue à monarca em 2002, como parte de seu aniversário de 50 anos com líder da família britânica.
Não pode ir à banca comprar, mas não quer perder os conteúdos exclusivos da Quatro Rodas? Clique aqui e tenha o acesso digital.