A pandemia do novo coronavírus afetou toda a cadeia automotiva durante os últimos meses. A venda de carros, por exemplo, caiu 67,03% em abril, comparado a março.
No entanto, esta não foi a única mudança que atingiu o mercado de veículos. QUATRO RODAS teve acesso em primeira mão ao estudo feito pela parceira KBB Brasil, consultoria especializada em precificação de carros, durante a crise da Covid-19.
De acordo com o levantamento, os veículos seminovos (com até dois anos de uso) estão se valorizando durante a quarentena.
Além disso, os zero-quilômetro, que embora tenham valores maiores no papel devido ao dólar estar quase R$ 6, na prática, com adição de todos os bônus e descontos, apresentam leve desvalorização.
A análise feita abrangeu a variação diária de preços no período de 14 de março a 30 de abril – ou seja, da última quinzena antes das medidas restritivas até o fim do primeiro mês de isolamento.
Foram coletadas informações de 22.440 versões de veículos zero-quilômetro e com até dois anos de uso, separados em dez categorias: Coupe, Furgão, Minibus, Hatchback, Minivan, Roadster, Sedan, SUV e Station Wagon.
Categoria | Antes do distanciamento
(01/3 a 13/3) |
Primeira semana do distanciamento
(14/3 a 31/3) |
Mês de abril
(01/4 a 30/4) |
Saldo de todo período |
Hatchback | -1,42% | -0,07% | +2,25% | +0,75% |
Sedã | -1,39% | -1,43% | +1,69% | -1,13% |
SUV | -0,40% | +0,56% | -0,13% | +0,03% |
Picape | -0,47% | +0,24% | +1,66% | +1,43% |
Analisando o saldo total dos quatro segmentos mais emplacados do Brasil, pode-se observar uma tendência média de alta entre os modelos seminovos.
A categoria picapes registrou a maior variação frente as outras três, com 1,43% de alta no saldo total do período. O crescimento dos hatches, segmento que lidera o ranking de vendas nacional, foi o segundo maior com elevação de 0,76%.
Os SUVs registraram um crescimento mais tímido com 0,03% no final do período, enquanto o segmento de sedãs teve queda de 1,13% em seus valores. Ainda assim, na média, a precificação das categorias destes veículos indicou alta de 1,09%.
De acordo com a KBB Brasil, a “tendência de valorização pode ser explicada pelo possível movimento de consumidores que estavam preparados para adquirir carros 0 km, mas, com a crise, estão mais cautelosos com o orçamento. Logo, modelos seminovos, com maior apelo entre custo e benefício, tornam-se mais vantajosos”
Um dos exemplos de alta durante o período é o Ford Ka SE Plus 1.0 2018, que registrou um aumento de 10% em seu valor durante o último mês.
Além do modelo da Ford, o Chevrolet Onix Plus seminivo também registrou crescimento em seu valor durante o período, ficando impressionantes 27% mais caro na versão intermediária LTZ 1.0 Turbo com câmbio automático.
A KBB Brasil ainda afirma que os veículos com quatro anos ou mais de uso sofreram forte depreciação no período. Segundo eles, esses veículos “acabam sendo liquidados com maior depreciação para cumprir com obrigações de caixa.”
Categoria | Antes do distanciamento
(01/3 a 13/3) |
Primeira semana do distanciamento
(14/3 a 31/3) |
Mês de abril
(01/4 a 30/4) |
Saldo de todo período |
Hatchback | +5,88% | +2,37% | -2,86% | +5,39% |
Sedã | +4,83% | -1,43% | -2,70% | -0,70% |
SUV | -1,42% | +1,35% | +0,19% | +0,09% |
Picape | +4,02% | -1,89% | -3,03% | +0,90% |
De acordo com a pesquisa feita pela empresa, os veículos zero-quilômetro registraram alta no saldo total do período de avaliação.
O destaque foi do segmento hatchback, que registrou crescimento de 5,39% no saldo total do período. A categoria picape veio logo em seguida, com valorização de 0,9%. Os SUVs registraram elevação mais contida, 0,09%, enquanto os sedãs, novamente, apresentaram queda de 1,13%.
O principal motivo para o aumento é o repasse da elevação de custos de produção durante a pandemia, segundo a KBB Brasil.
“Em relação aos modelos 0 km, a tendência é a de que os preços aumentem, pois grande parte da cadeia de fornecimento da indústria é cotada em dólar e a moeda americana está perto do patamar dos R$ 6. Observações preliminares já indicam forte acréscimo nos valores dos 0 km, já que será inevitável, neste momento, repassar a elevação dos custos de produção ao preço final”, analisou a KBB.
No entanto, pode-se observar também que três das quatro principais categorias vendidas no Brasil registraram desvalorização em seu valores especificamente no mês de abril.
De acordo com a KBB, tal desvalorização se deu nesse período porque “algumas montadoras e concessionárias conseguiram aplicar descontos em estoques adquiridos pré-crise, numa tentativa de manter as vendas aquecidas”.
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