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Embraer KC-390: conhecemos o maior veículo sobre rodas feito no Brasil

Mais moderno e versátil que qualquer outra aeronave militar nacional, ele foi desenvolvido para uso em diferentes missões. Seu preço? US$ 65 milhões!

Por Paulo Campo Grande Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 12 jul 2019, 16h12 - Publicado em 25 jun 2019, 07h00
Primeiro KC-390 deverá ser entregue à FAB ainda este mês (Divulgação/Quatro Rodas)

O Brasil não tem uma marca nacional de automóvel. Mas manda bem no setor aeronáutico com a Embraer.

O mais novo produto da empresa, o avião militar KC-390, ainda nem chegou ao mercado, mas já é visto como o mais moderno da categoria, com recursos que superam os rivais e tecnologia de ponta.

O único ponto em comum do KC-390 com os automóveis está no trem de pouso, que tem quatro rodas em cada braço. Mas isso foi suficiente para nos estimular a conferir de perto a tecnologia do avião.

Afinal, não é só das competições automobilísticas que vêm soluções que depois são incorporadas aos veículos de passeio.

Vários equipamentos que existem hoje nos carros surgiram nos aviões, como o sistema antitravamento de freios ABS e o projetor de informações no para-brisas, o chamado head-up display. 

Quatro telas no painel e uma no console são a interface gráfica (Divulgação/Quatro Rodas)

Apesar de ser o maior veículo sobre rodas feito no Brasil (35 metros de comprimento e envergadura e 51 toneladas de peso, vazio), o KC de perto é menor do que eu imaginava para um cargueiro.

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Mas quem sou eu para dizer que o KC é pequeno se em seu compartimento de cargas ele pode levar até um helicóptero?

Segundo a Embraer, com um volume interno de 169 m³, o KC pode ser configurado de acordo com necessidades dos militares.

Pode, por exemplo, levar sete pallets de 463 litros ou 80 soldados ou 66 paraquedistas ou dois blindados 4×4 (como o  Oshkosh M-ATV) ou até um helicóptero igual ao S70-A Blackhawk, ou a combinação desses tipos de carga, em quantidades menores.

Rampa de carga tem suportes estabilizadores hidráulicos (Divulgação/Quatro Rodas)

Segundo a Embraer, o KC-390 tem capacidade para até 26 toneladas a bordo, podendo pousar em pistas curtas e sem pavimento ou danificadas.

A carga de diferentes formas e tamanhos pode ser lançada de modo manual ou automático, com o auxílio de um dispositivo que calcula o ponto ideal de lançamento para se atingir a zona desejada.

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Ele se baseia em informações como altitude e velocidade da aeronave e a influência do vento.

No piso do cargueiro existem sensores que avaliam o peso e a localização da carga e enviam essas informações para a central de comando de voo fly-by-wire, que monitora o comportamento do avião e responde a essa dinâmica.

Sistema fly-by-wire garante manobras seguras mesmo em baixas velocidades (Divulgação/Quatro Rodas)

Por dentro da aeronave, o que chama mais a atenção é a cabine, com suas cinco telas LCD de 15 polegadas, e os inúmeros comandos, no console e no teto da aeronave.

Além dos assentos do piloto e do copiloto, há um terceiro posto de comando, com uma estação adicional contendo display integrado, sistema de comunicação e controles de missão, para um engenheiro de voo, que pode auxiliar nas diferentes manobras.

Como nos caminhões com cabine estendida, existe também uma cama na parte traseira.

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No compartimento de carga, há outra estação para um quarto tripulante, que é o responsável pelo manejo da carga (incluindo soldados, paraquedistas e quem mais viajar nesse compartimento).

Como nos jatos comerciais, há uma pequena copa para café e refeições rápidas e um banheiro.

Tripulação conta com ar-condicionado, cama, cozinha equipada para pequenas refeições e um banheiro (Divulgação/Quatro Rodas/Quatro Rodas)

989 KM/H de velocidade

O KC-390 é um avião que pode ser usado em diferentes missões.

Segundo a Embraer, ele foi criado para as seguintes tarefas: transporte (carga e tropas), reabastecimento em voo, combate a incêndios, socorro médico, ajuda humanitária e busca e salvamento.

Muitas de suas características, portanto, foram desenvolvidas para atender a esses diferentes tipos de usos.

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Além da construção robusta e a sofisticação no compartimento de carga, a aerodinâmica do avião foi trabalhada não só para aumentar a eficiência energética.

Ela também permite o reabastecimento em voo de helicópteros (que ocorre em baixa velocidade e altitude) e o desembarque dos paraquedistas tanto pela cauda quanto pelas laterais (numa aerodinâmica ruim, os paraquedistas não poderiam saltar pelas laterais, sob risco de serem arremessados contra a fuselagem).

KC-390 pode transportar 80 soldados ou 66 paraquedistas (Divulgação/Quatro Rodas)

O KC-390 foi projetado para ser um jato de carga rápido e capaz de cobrir grandes distâncias.

Ele é equipado com dois motores (turbofan Pratt & Whitney IAE V2500), cada um com 139.400 N de empuxo 34.332 mkgf de torque (748 motores de Toyota Hilux 2.8 turbodiesel).

Sua velocidade de cruzeiro máxima é de 0,8 Mach (unidade de medida de velocidade utilizada para os jatos) ou 989 km/h.

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Segundo a Embraer, o KC é 40% mais veloz do que qualquer cargueiro de transporte militar da atualidade no mesmo segmento. E sua autonomia (sem carga) chega a 3.310 nm (milhas náuticas) ou 6.130 km.

Com estação própria, compartimento de carga possui capacidade para 26 toneladas e espaço de 169 m³ (Divulgação/Quatro Rodas)

Partindo de Manaus (AM), ele consegue voar, por exemplo, até Ushuaia, no sul da Argentina, ou até Gander, na costa leste do Canadá. Isso sem considerar o uso de tanques adicionais que o KC pode levar, aumentando seu alcance para 8.519 km.

A altitude de cruzeiro é 18.000 pés, quase 5.500 km.

Entre os equipamentos a bordo, além do conjunto de dispositivos eletrônicos de controle de voo, navegação, comunicação, piloto automático, radares e diagnóstico, reunidos nas cinco telas de LCD do cockpit, o KC possui:

Sistemas de pressurização e de ar-condicionado, head-up display duplo, sistema de visão noturna (interna, externa e cockpit) e dispositivos de segurança para detecção e anúncio (alertas de radar, laser e aproximação de míssil) e proteção eficaz com recursos como chaff e flare.

Estes dois últimos são artefatos usados para enganar os mísseis: os chaff são metálicos e servem como iscas para os mísseis orientados por radares, enquanto os flares são incandescentes, feitos para os mísseis guiados por calor.

(Divulgação/Quatro Rodas)

O programa do KC-390 foi anunciado em 2009 e, em 2014, a FAB assinou o contrato para adquirir 28 aeronaves. O primeiro voo experimental aconteceu em 2015. E, este ano, a Embraer apresentou o modelo finalizado.

A empresa não informa o preço do cargueiro. Segundo ela, as aeronaves do segmento de defesa não possuem preço de lista, pois cada cliente exige uma configuração específica e isso pode alterar significativamente o valor de cada aeronave.

Segundo os especialistas, porém, o custo estimado do KC ficaria entre US$ 65 milhões e US$ 70 milhões.

Rampa longa reduz o ângulo de carregamento e tem guincho para facilitar a movimentação da carga (Divulgação/Quatro Rodas)

A Embraer começou a produzir o KC-390 em abril de 2019 e a previsão é de que a primeira unidade seja entregue à FAB, que participa do projeto desde o início, ainda este mês.

O KC nem chegou, mas, além do fornecimento à FAB, já tem cinco unidades vendidas para Portugal e algumas em negociação para outros países. Assim como vários aviões da Embraer, esse também deve fazer sucesso internacional. 

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