Primo rico do Toyota Etios, o Yaris vendido na Europa atraiu olhares esta semana por uma mudança que vai contra a tendência de downsizing, redução dos motores em busca de eficiência. A fabricante japonesa trocou o motor 1.3 do compacto por um 1.5 muito parecido com o do Etios fabricado no Brasil.
Já falamos em outra ocasião sobre a possibilidade do motores voltarem a crescer. Ocorre que blocos menores, como os de três cilindros, estão mais sujeitos a um aumento de temperatura quando são muito exigidos. Isso aumenta a emissão de hidrocarbonetos não queimados, partículas finas e monóxido de carbono.
Além da Mazda, que descartou o downsizing desde o início, a Toyota seria a primeira fabricante a inverter a tendência de redução no tamanho dos motores. “Este novo motor vem em antecipação ao padrão Euro 6c e das regras de homologação com emissões medidas em condução real, não em laboratório” disse a fabricante japonesa.
Fabricado na Polônia, o 1.5 16V do Yaris é Dual VVT-i (tem comando de válvulas variável na admissão e no escape), exatamente como o motor fabricado em Porto Feliz (SP) e usado no Etios brasileiro desde a linha 2017. Mas, enquanto o Etios nacional com gasolina gera 102 cv a 5.600 rpm e 14 mkgf de torque a 4.000 rpm, no Yaris são 111 cv e 13,9 mkgf a 4.400 rpm.
Essa diferença nos números dos motores indicam as características do polonês. Mais moderno, tem sistemas como recirculação dos gases de escape (EGR) refrigerado e comando de válvulas variável inteligente (VVT iE), que consegue regular a abertura de válvulas rapidamente para trabalhar em ciclo Atkinson, reduzindo o consumo em condições de pouca aceleração.
Além disso, o motor do Yaris funciona com taxa de compressão maior, de 13,5:1, necessária para otimizar a queima de combustível em ciclo Atkinson. Considerando que o Yaris queima apenas gasolina, que teoricamente exige taxa de compressão menor que a do álcool, é uma boa diferença para os 13:1 do Etios brasileiro, que é flex.
Para quebrar de vez com a regra de que motores menores são mais eficientes, o novo 1.5 do Yaris é 12% mais econômico que o antigo 1.3 (este sim praticamente igual ao de um Etios X vendido no Brasil). Além disso, o novo motor tem eficiência térmica de 38,5 %. Isso quer dizer que ele transforma 38,5% da energia liberada na combustão em energia mecânica, um dos melhores números do mercado europeu.
Ainda que hoje 40% dos Yaris comercializados na Europa sejam híbridos, este passo mostra que a Toyota ainda aposta em motores aspirados. E isso até faz algum sentido. Turbocompressores ajudam a reduzir o consumo ao mesmo tempo que melhoram o desempenho, mas até que ponto seus benefícios e a complexidade mecânica que os acompanha são necessários em um legítimo carro urbano? O turbo ficou para o Yaris WRC, versão esportiva com motor 1.5 de 210 cv.