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Monza Hatch iniciou a melhor fase da Chevrolet no Brasil

Símbolo de modernidade, ele quebrou tabus e foi a grande cartada da GM nos anos 1980: marcou o início da fase de carros alinhados com a Opel

Por Sérgio Berezovsky
Atualizado em 15 out 2023, 21h16 - Publicado em 4 out 2020, 09h00
Monza Hatch 1.6 SLE 1983 a álcool, da Chevrolet, de Rui Pacheco Bastos._2
(Marco de Bari/Quatro Rodas)

Publicado originalmente em janeiro de 2005

Desde o fim da década de 1970 se falava num novo GM. Um Opala com motor transversal e tração dianteira chegou a ser anunciado por QUATRO RODAS. Ele faria parte de uma nova estratégia mundial da General Motors.

A ordem era produzir carros menores, com características semelhantes em várias de suas fábricas espalhadas pelo mundo, política inaugurada pelo Chevette.

Quando os automóveis compactos de tração dianteira chegarem às lojas, uma nova etapa estará começando, afirmava Karl Ludwigsen, correspondente da revista nos Estados Unidos àquela época. O tal Opala não existiu, mas as previsões estavam corretas.

Monza Hatch 1.6 SLE 1983 a álcool, da Chevrolet, de Rui Pacheco Bastos.
(Marco de Bari/Quatro Rodas)

Em novembro de 1979, foi feita uma pesquisa no Clube Pinheiros (SP). Entre os Opala e Chevette da linha 1980, lá estava o Projeto J, embrião do futuro Monza. A expressão carro mundial – um mesmo modelo produzido em várias partes do mundo – era o assunto em pauta.

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Por aqui, a Ford acelerava a implantação da linha de produção do Escort, e a GM, em 1980, já testava o Projeto J no campo de provas de Indaiatuba. Seria o início do fim da defasagem dos carros brasileiros.

Painel do Monza Hatch 1.6 SLE 1983 a álcool, da Chevrolet, de Rui Pacheco Bastos
(Marco de Bari/Quatro Rodas)

“Revolução sobre rodas.” Foi sob esse título que a matéria publicada na seção Economia e Negócios da edição do dia 21 de abril de 1982 da revista VEJA noticiava o lançamento do Monza.

Monza Hatch, Chevrolet testado para a revista Quatro Rodas.
(Marco de Bari/Quatro Rodas)

A reportagem anunciava o carro mundial da GM, fruto de um investimento de 500 milhões de dólares e que teve como base o Opel Ascona alemão. Os alvos primários do hatch da GM eram o VW Passat e o veterano Corcel, que mostrava sinais de exaustão. Mas, para defender seu terreno, a Ford já tinha seu mundial quase pronto: o Escort chegaria no ano seguinte.

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Monza Hatch, Chevrolet testado para a revista Quatro Rodas.
(Marco de Bari/Quatro Rodas)

Em maio de 1982, o aguardado Monza chegava às lojas. Com motor 1.6 de 73 cv e câmbio japonês da Isuzu, estava só alguns meses defasado em relação ao modelo na Europa. Era o segundo nacional com motor transversal (antes dele havia o Fiat 147) e tinha tração dianteira, características inéditas entre os GM nacionais.

Monza Hatch, Chevrolet testado para a revista Quatro Rodas.
(Marco de Bari/Quatro Rodas)

Exatamente como o carro do advogado Rui Pacheco Bastos, um dos sócios-fundadores do Monza Clube do Brasil. Trata-se de um modelo SLE 1983, exemplar de uma fase em que retrovisor direito ainda era opcional.

Mesmo dono do projeto mais moderno, o desempenho do Monza não chegou a impressionar no comparativo publicado na edição de julho de 1982. Confrontado com Passat e Corcel, teve as piores marcas nas provas de aceleração e velocidade máxima: fez de 0 a 100 km/h em 17 segundos e ficou nos 147,5 km/h. A indolência demonstrada pelo motor 1.6 acelerou a estreia do 1.8 com 86 cv, já na linha 1983.

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Monza Hatch, Chevrolet testado para a revista Quatro Rodas.
(Marco de Bari/Quatro Rodas)

No tempo em que era chique ter carro a álcool, o bom desempenho dos 96 cv, alimentados pelo combustível preferido pela maioria dos motoristas da época, ajudou o Monza a manter por três anos consecutivos um título inédito para um carro de sua categoria: foi o mais vendido de 1984 a 1986, desbancando o irmão Chevette (campeão em 1983), que por sua vez havia posto fim à hegemonia do Fusca.

Monza Hatch, Chevrolet testado para a revista Quatro Rodas.
(Marco de Bari/Quatro Rodas)

Nessa fase, o Hatch já contava com a companhia dos irmãos de três volumes, duas e quatro portas.

Em setembro de 1985, uma versão esportiva do Monza chegava às lojas. O S/R aproveitava as formas do Hatch e incorporava elementos como spoiler, rodas de aro 14 (eram 13 nas outras versões), pintura preta na parte inferior da carroceria e luz de neblina traseira.

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Monza Hatch, Chevrolet testado para a revista Quatro Rodas.
(Marco de Bari/Quatro Rodas)

No interior, os bancos Recaro e a alavanca de câmbio curta envolviam o motorista num clima de esportividade. Tinha suspensão mais dura e motor 1.8 a álcool com tempero especial: carburador de corpo duplo e coletor de admissão e escapamento especiais. Com isso, ganhava 10 cv.

Monza Hatch, Chevrolet testado para a revista Quatro Rodas.
(Marco de Bari/Quatro Rodas)

A combinação do câmbio com relações mais curtas e diferencial mais longo produziu desempenho interessante. O S/R chegava a 180 km/h e fazia de 0 a 100 km/h em 11 segundos. Em 1987, a chegada do 2.0 à linha Monza alcançou também o S/R, que deixou de ter o privilégio do veneno no motor.

Monza Hatch, Chevrolet testado para a revista Quatro Rodas.
(Marco de Bari/Quatro Rodas)
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O esportivo, o último dos hatches, saiu de cena em 1989. Resistiu bem mais que os hatches SL e SL/E, que foram fabricados até 1986.

Chevrolet Monza

Teste – QUATRO RODAS julho de 1982

Aceleração 0 a 100 km/h – 17 s
Velocidade máxima – 147,5 km/h
Frenagem 80 km/h a 0 – 32,3 m
Consumo – 8,4 km/l (cidade); 13,1 km/l (estrada)

Preço

Julho de 1982 – Cr$ 2.196.000
Atualizado – R$ 169.376 (IGP-DI/FGV)

Ficha técnica

Motor: dianteiro, transversal, 4 ciindros, carburador de corpo simples, 1598 cm3 Potência: 75 cv a 5600 rpm Torque: 12,4 kgfm a 3000 rpm
Câmbio: manual de 4 marchas, tração dianteira

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