Estrela do Salão de Berlim de 1936, o modelo 326 foi o primeiro automóvel da Fábrica de Motores da Bavária (BMW) criado com ênfase na aerodinâmica.
Desenvolvido pelos engenheiros Fritz Fiedler e Alfred Böning, o bem-sucedido sedã serviu de base para um dos mais belos esportivos dos anos 30: o BMW 327.
Apresentado em 1937, o conversível trazia linhas ainda mais harmoniosas, do projetista Peter Szymanowski.
Os cuidados com a fluidez aerodinâmica eram identificados nos faróis, integrados entre os para-lamas salientes e a grade bipartida, introduzida em 1933. As saídas de ar laterais do capô eram mantidas.
A bela carroceria era produzida pela Ambi-Budd em Berlim e então enviada para a fábrica da BMW em Eisenach e, então, montada num chassi com entre-eixos 12 cm mais curto que o do modelo 326.
Uma de suas maiores inovações era a lubrificação central, acionada pelo motorista por meio de um pedal.
O 327 cupê chegou em 1938 com o mesmo para-brisa inclinado e bipartido em ângulo, outro indício de uma aerodinâmica apurada.
Sua principal diferença para o conversível eram as portas com abertura invertida, conhecidas como suicidas. A traseira era tomada pelo estepe e não havia acesso externo ao porta-malas.
Bem construído, o interior trazia bancos individuais e alavanca do câmbio no assoalho, como convém a um esportivo.
Por trás do volante de três raios, um painel de instrumentos com fundo claro, com velocímetro, marcador de combustível, termômetro de água, manômetro de pressão do óleo e um pequeno conta-giros.
Sob o capô estava o motor M78, o primeiro seis-cilindros automotivo da BMW. Tinha 2 litros, válvulas no cabeçote, taxa de compressão mais alta e dois carburadores Solex.
Seus 56 cv chegavam pelo câmbio Hurth de quatro marchas, com roda livre nas duas primeiras e sincronização nas duas últimas.
A tração traseira era beneficiada pelas eficientes suspensões, sendo a dianteira independente por braços articulados e mola semielíptica transversal e a traseira com eixo rígido e molas semielípticas longitudinais.
Era um conjunto adequado para a velocidade máxima de 126 km/h: os freios a tambor nas quatro rodas possuíam acionamento hidráulico. Precisa, a caixa de direção já adotava o sistema de pinhão e cremalheira.
Mas Fritz Fiedler desejava mais. A solução foi adotar o motor M328, desenvolvido para o roadster 328 em 1936.
Baseado no M78, o novo propulsor tinha cabeçote de alumínio com câmaras de combustão hemisféricas para chegar a impressionantes 80 cv. Rebatizado 327/28, o novo BMW era capaz de chegar aos 140 km/h.
O câmbio foi trocado por um ZF completamente sincronizado.
O novo padrão de desempenho fez o 327 disparar na preferência de oficiais da Wehrmacht, superando os Horch, Mercedes-Benz e Maybach e seus enormes motores de 5 litros.
Há pelo menos um registro do BMW 327 nas imediações do Berghof, a casa de veraneio de Adolf Hitler e Eva Braun nos Alpes bávaros de Obersalzberg.
No total, menos de 2.000 unidades do 327 e 327/28 foram fabricadas até 1941, ano em que a produção foi encerrada em função da Segunda Guerra Mundial.
Antes disso, o 327 foi produzido em pequenas quantidades pela inglesa Frazer Nash, representante britânica da BMW, administrada pelos irmãos Harold, Donald e William Aldington.
Após o término do conflito, a fábrica de Eisenach ficou sob influência soviética e produziu cerca de 500 unidades do 327 sob a marca EMW (Fábrica de Motores de Eisenach).
Na Inglaterra, Harold Aldington juntou a Frazer Nash com a divisão automotiva da Bristol Aeroplane Company: completamente revisto, o BMW 327 deu origem ao Bristol 400 de 1947.
FICHA TÉCNICA
BMW 327 1938
Motor: 6 cilindros em linha de 2 litros; 56 cv a 4.500 rpm
Câmbio: manual de 4 marchas
Carroceria: aberta, 2 portas, 4 lugares
Dimensões: comprimento, 450 cm; largura, 160 cm; altura, 142 cm; entre-eixos, 275 cm; peso, 1.080 kg
Desempenho: velocidade máxima de 126 km/h