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Carros elétricos te deixam mais enjoado? Isso tem explicação técnica

Ausência de ruído, desaceleração automática e respostas sensoriais diferentes tornam alguns passageiros mais suscetíveis ao mal-estar em veículos elétricos

Por Cristiane Barreto
3 jul 2025, 16h19
BYD Dolphin e Dolphin Mini 2026
 (Henrique Rodriguez/Quatro Rodas)
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O crescimento do mercado elétrico é inegável, e está mudando a experiência ao volante, e como o corpo humano reage a eles. Mesmo que tragam uma condução mais suave e silenciosa, os veículos elétricos também estão provocando um efeito colateral curioso, pessoas têm relatado uma sensação de enjoo ao andar nesses carros. 

Podemos explicar isso pela neurociência e ergonomia, o cérebro humano foi condicionado, por mais de um século, a interpretar sinais físicos e sonoros que existem nos motores a combustão. Nos carros elétricos, eles não existem e isso gera consequências. 

Enquanto motores a combustão emitem ruído, vibrações e mudanças de rotação perceptíveis, os elétricos operam quase sem som. A falta das bruscas mudanças de marcha e com o torque sendo entregue de maneira imediata, a experiência se torna mais suave e linear — e é justamente por isso que o corpo tem mais dificuldade de “prever” o que vem a seguir. 

Kwid
(Fernando Pires/Quatro Rodas)

A ausência dessas pistas sensoriais prejudicam a sincronização entre os sistemas responsáveis pela percepção de movimento: visão, audição e sistema vestibular — quando essas partes do corpo não se comunicam bem entre si, surge o enjoo.

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A situação tende a piorar para quem está no banco traseiro ou tenta usar o celular. A falta da visão clara da estrada ou envolvimento com a condução, tornam o passageiro ainda mais vulnerável a sofrer com esse desequilíbrio. E não se trata apenas de desconforto momentâneo: há casos em que a náusea pode comprometer viagens inteiras.

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Outro fator determinante para que possa ocorrer esse mal-estar é a frenagem regenerativa, um dos pilares da eficiência dos carros elétricos. Diferente dos veículos a combustão, esse sistema desacelera automaticamente o carro assim que o motorista tira o pé do acelerador, convertendo a energia cinética do movimento em eletricidade para recarregar a bateria. Essa tecnologia permite reaproveitar a energia que, em carros comuns, seria desperdiçada como calor nos freios.

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Para quem está dirigindo, esse comportamento pode parecer natural, mas para os passageiros, essa desaceleração inesperada pode confundir ainda mais o corpo, especialmente nos modelos que usam a condução por um pedal só, em que o carro desacelera forte só com a liberação do acelerador.

GWM ORA 03 SKIN
(Fernando Pires/Quatro Rodas)

Algumas montadoras vem testando soluções, uma delas seria o uso de óculos com líquido interno, que simula a linha do horizonte e ajuda o cérebro a “recalibrar” sua percepção de movimento. Esses acessórios têm apresentado bons resultados em pessoas mais sensíveis a viagens de carro, mesmo que não tenham funcionado para todos os casos.

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Há também abordagens mais sofisticadas, como sistemas de conforto ativo integrados ao interior do veículo. Modelos mais recentes da Mercedes-Benz, por exemplo, oferecem tecnologias que combinam fragrâncias suaves, variações de luz ambiente, sons personalizados e até massagem nos bancos. A ideia é criar um ambiente mais estável e sensorialmente “equilibrado”, capaz de reduzir o desconforto interno que leva ao enjoo.

Mercedes EQE 300
Mercedes EQE 300 (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Embora o tema ainda esteja ganhando visibilidade, ele já é objeto de pesquisa em centros de ergonomia e neurociência. Estudos indicam que o cérebro tende a se adaptar com o tempo, assim como acontece com passageiros em aviões ou navios. Porém, a adaptação pode levar semanas ou até meses, dependendo do nível de sensibilidade de cada pessoa. 

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