–Em matéria de superesportivos, raramente menos é mais. Sempre vemos as empresas usando tudo o que tem de mais potente e avançado na tentativa de ter o carro mais rápido possível. Mas a BMW provou, lá em 1999, que colocar um motor V12 em um Z3 não seria algo muito inteligente.
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A ideia partiu de um engenheiro da BMW Motorsport (divisão de veículos esportivos da marca alemã), Gerhard Schmidt. Na época, ele quis deixar o roadster de 1.160 kg ainda mais potente que sua variante M, que tinha o mesmo motor 6 cilindros em linha 3.2 do BMW M3 E46, com 321 cv e 35,5 kgfm.
Para isso, foi feito o mais óbvio. O engenheiro pegou o motor mais potente que havia na prateleira, o V12 5.4 aspirado usado pelos Série 7 e 8 da época, e colocou debaixo do capô do Z3. Esse foi, provavelmente, o “swap” mais insano da história da BMW.
A eletroventilador do sistema de arrefecimento e até o próprio compartimento do motor precisaram ser adaptados para que o V12 encaixasse perfeitamente ali. Logo, outras modificações precisaram ser feitas. A suspensão foi revisada, o chassi foi reforçado e novos cárter e sistemas de admissão e escapamento foram instalados. Além, claro, de radiadores específicos.
Foi difícil, mas finalmente o BMW Z3 tinha um V12 funcional instalado. O resultado dessa experiência foi um carro pequeno e muito potente, com 326 cv a 5.000 rpm e aproximadamente 50 kgfm a 3.900 rpm. O câmbio de seis marchas veio do BMW Série 8 e jogava a toda a força para as rodas traseiras.
Na pista, tudo errado
No papel o carro era bizarramente incrível. Mas, além de potência, o Z3 também ganhou muitos quilos a mais, passando aos 1.400 kg. E isso acabou com uma das premissas de todo esportivo BMW, que é a perfeita distribuição de peso entre os eixos. Isso porque os quase 300 kg extras ficaram concentrados na frente.
A distribuição de peso passou a ser de 70% na dianteira e 30% na traseira, deixando o roadster completamente desbalanceado.
Sem levar isso em consideração, a BMW finalizou o protótipo, pintando-o com a chamativa cor “Kyalami Orange” e o cedeu à revista alemã, Autozeitung, para que sua nova criação passasse pelo seu primeiro — e único, até onde sabemos — teste.
Foram corajosos, porque o BMW Z3 V12 decepcionou na pista. Com o peso extra no eixo dianteiro o carro apresentou uma grande tendência ao subesterço, ou seja, saía muito de frente. É exatamente o que não se espera de um esportivo com tração traseira.
Para piorar, a distribuição de peso dificultou a aderência nas rodas traseiras, dificultando a transferência de toda a força para o asfalto. Mesmo com todas as modificações feitas na estrutura do roadster, mais os pneus 225/45 R17 dianteiros e 245/40 R17 traseiros, não conseguiram evitar o inevitável: o carro se tornou quase impossível de dirigir.
Mesmo assim, o teste foi finalizado. O Z3 V12 atingia de 0 a 100 km/h em 5,5 segundos e tinha velocidade máxima de 263 km/h. Um desempenho semelhante ao do Z3 M, que fazia de 0 a 100 km/h em 5,4 segundos e tinha velocidade máxima limitada a 250 km/h. Ou seja: o experimento realmente não fazia sentido.
Com o fracasso, a BMW escondeu o Z3 experimental a sete chaves em seus depósitos. A história só voltou a ser lembrada em 2012, quando a própria marca contou ao público geral sobre sua experiência, através do Facebook.