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Anfavea propõe novo imposto para barrar marcas chinesas no Brasil

Além do imposto sobre importação que entrou em vigor em julho deste ano, agora até processos industriais serão taxados para as chinesas

Por Lucas Parente
Atualizado em 27 nov 2024, 16h28 - Publicado em 27 nov 2024, 15h14
COMPARA SUV CHINESES
 (Fernando Pires/Quatro Rodas)
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A chegada de tantas montadoras chinesas ao Brasil foi ótima para a redução dos preços de carros híbridos e elétricos. Com vários incentivos governamentais, as empresas conseguiram se firmar no mercado brasileiro, principalmente a BYD e a GWM.

Em contrapartida, as fabricantes tradicionais que já estavam por aqui há muitos anos não gostaram muito. Isto levou a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) a solicitar ao governo a recomposição imediata do imposto de importação de 35% para carros eletrificados. A tarifa retornou, mas não imediatamente como a entidade gostaria.

Agora, em mais uma ação que visa ‘reforçar a produção brasileira de veículos’, a Anfavea está solicitando a volta da alíquota de 35% para as operações CKD e SKD, que são processos industriais finais que consistem apenas na montagem de veículos em território nacional.

As alíquotas foram reduzidas em 2022 pela Camex (Câmara de Comércio Exterior), sendo de 18%, para CKD, e 16% para SKD. A previsão é que siga até 2028, porém Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, está solicitando a volta imediata dos impostos – assim como a de importação dos eletrificados.

Márcio de Lima Leite, Presidente da Anfavea
Márcio de Lima Leite, Presidente da Anfavea (Anfavea/Reprodução)
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Durante o Congresso AutoData Perspectivas 2025, Márcio afirmou que “é preciso pensar em uma nova regra respeitando o plano de quem está investindo no Brasil”.

A volta dos impostos foi reforçada por Cláudio Sahad, do Sindipeças, que também participou do Congresso e sugeriu um número até maior que os 35%. “Levamos isto ao governo, precisamos de uma recomposição imediata da alíquota de importação para 35%. Isso está em estudo na Camex. Estados Unidos, Canadá e Índia têm 100% de imposto, a China, 25% e o Brasil ainda está em 18%. Se houver uma antecipação de importação, temos de antecipar a alíquota plena, até para discutirmos depois se esses 35% são suficientes”.

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Os mais afetados com esta possível volta dos impostos para processos CKD ou SKD serão as montadoras chinesas BYD e GWM. Ambas estão com projetos de produção nacional, mas estão com alguns atrasos de planejamento. Ambas iniciarão a operação de suas fábricas em 2025 com montagem em CKD.

FÁBRICA BYD CAMAÇARI
Fábrica da BYD em Camaçari (Henrique Rodriguez/Quatro Rodas)

Para Cláudio, o grande problema dos incentivos para este tipo de operação industrial é a “acomodação do importador”. Segundo o executivo, é necessário criar a “obrigação de ter um fornecedor nacional”, que estabelece um crescimento para a indústria, além de criar parcerias com empresas estrangeiras e atraí-las para o Brasil.

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Porém, as montadoras chinesas citadas têm planos de nacionalizar quase toda sua produção nos próximos anos, além de utilizar peças e fornecedores nacionais. A BYD pretende nacionalizar 70% de sua operação em cinco anos, enquanto a GWM tem a meta de que seus carros tenham 60% de componentes nacionais até o fim de 2026.

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O Brasil precisa de mais incentivos para a produção local, sem dúvidas. A indústria automotiva precisa cada vez mais ser valorizada, principalmente com incentivos para a descarbonização – já que este é o principal gargalo. Esse é, inclusive, um dos planos do programa MOVER.

No entanto, a volta dos impostos em um momento tão crucial e de grande crescimento do mercado de carros eletrificados é quase um tiro no pé. O Brasil precisa da descarbonização e ações como esta inviabilizam o crescimento do segmento em território nacional. É necessária a volta dos impostos para a proteção da produção nacional, mas de forma gradual para não impedir a entrada de novas empresas no país.

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