Há sessenta anos, nascia uma das mais importantes marcas do automobilismo mundial. A Alpine se instalou na cidade francesa de Dieppe e foi fruto de um sonho de Jean Rédélé, que deu início à sua empreitada nas competições com 28 anos, no Rallye Monte-Carlo de 1950. Acumulando vitórias em provas como o Rallye de Dieppe e a Mille Miglia com um Renault 4CV, Rédélé logo se propôs a criar a própria companhia.
A proposta dos carros da Alpine era bem direta: mecânica simples, mas adequada à utilização em competição e nas ruas, utilização de peças próprias e carrocerias bonitas e leves. A seguir, você irá conferir os modelos mais famosos da marca, incluindo um brasileiro que tem muitos fãs saudosos até hoje.
Foi o primeiro modelo a levar o emblema da Alpine. Pelo visual, fica fácil notar que ele foi baseado no 4CV. Além disso, o número 106 também advém do modelo da Renault, cujo código de produção era 1062. O motor também era o mesmo: 747 centímetros cúbicos, em configurações de 21 e 38 cv.
As três primeiras unidades foram exibidas em 1956, uma para cada cor da bandeira francesa (azul, branco e vermelho). Até 1960, seriam 251 unidades produzidas, sendo que, no meio desse caminho, Rédélé ergueu sua própria linha de montagem, para não ficar à mercê da Gessalin & Chappe.
Foi nesse contexto que duas outras variantes do A106 foram introduzidas: uma conversível e uma com características de cupê esportivo.
Partindo do A106 como ponto inicial, o A108 teve as mudanças mais sensíveis na motorização. Num primeiro momento, o modelo se adequou para receber um bloco de 845 cm³ derivado do Renault Dauphine. Depois, também recebeu bloco de 904 e, até, 998 cm³, aumentando seu desempenho.
Mas não foi só na parte mecânica que o A108 trouxe novidades. Um projeto de design feito por um jovem de 17 anos, antes proposto para o A106, acabou sendo utilizado com sucesso no novo modelo, deixando suas linhas mais refinadas. Em pouco tempo, o A108 se tornou um sucesso de crítica, mas o melhor estava por vir.
Ocorre que Rédélé, percebendo o rápido movimento de globalização que se avizinhava, teve a ideia de oferecer seus carros a empresas de outros países, fornecendo o direito de produção sob licença. Uma das interessadas foi a filial brasileira da Willys-Overland , que já montava o Renault Dauphine nesse esquema.
Assim, no início dos anos 1960, começou a ser montado o Willys-Interlagos, inicialmente com base no A108 e, depois, no A110. De acordo com a Alpine, apenas especialistas poderiam distinguir o carro brasileiro com sua inspiração fabricada na França.
Foi com ele que nomes como Emerson e Wilson Fittipaldi e José Carlos Pace obtiveram destaque no automobilismo nacional, criando um cartão de visitas para as equipes das principais categorias europeias. Aproximadamente mil unidades do Willys-Interlagos foram produzidas.
Abaixo, confira um vídeo que irá emocionar quem viveu aqueles anos: um filme promocional da Willys-Overland, com direito à vários Willys-Interlagos arrepiando em um autódromo de Interlagos quase selvagem.
https://www.youtube.com/watch?v=IrZucD5DAVo
Lançado em 1962, o A110 tinha como base o Renault 8. Nessa época, a Renault havia chegando à conclusão de que seria uma boa ideia adquirir a Alpine para que esta fosse sua representante em competições automobilísticas (a partir de 1967, todo carro desse tipo seria um Alpine-Renault).
Essa parceria foi um dos ingredientes que fizeram do A110 um grande sucesso na Europa. Prova disso é que foi necessária a expansão de produção para três fábricas de modo a atender a demanda local. Ao longo de mais de 15 anos, o A110 passou por atualizações mecânicas significativas: do bloco de 1.108 cm³ original até o derradeiro motor de 1.647 cm³.
Foi o primeiro modelo da Alpine a contar com um motor mais parrudo. Apesar de sua produção ter começado em 1971, foi apenas em 1976 que o bloco 2.7 V6 PRV passou a equipar o modelo. Ele oferecia 150 cavalos de potência, um número interessante para o período.
Já nos últimos anos de produção, o A310 ganhou um bloco V6 ainda maior (2.849 cm³), proveniente da Volvo. Com ele, eram desenvolvidos 193 cv. Outro fato que merece destaque é a adoção da mesma suspensão do Renault R5 Turbo, em 1981. Em resumo, uma sucessão de evoluções.
O último modelo legalizado par as ruas feito pela Alpine. Sua produção ocorreu entre 1984 e 1995, sendo que no meio deste ciclo, em 1990, o modelo passou por um facelift um pouco mais significativo. Foi nessa oportunidade em que o nome de mercado foi alterado de GTA para A610.
Muitas e muitas versões do GTA foram produzidas, com variadas opções mecânicas. A mais apimentada delas foi a V6 Turbo Cat tuning “Le Mans”, equipada com motor 2.5 V6 e turbocompressor, oferecendo 210 cv e 35,7 mkgf.
Pós-reestilização, o A610 alcançou o ápice em termos de desempenho. Suas duas versões eram equipadas com blocos 2.9 V6, um oferecendo 250 cv e o outro 280 cv. O problema é que, tal qual o GTA, as vendas foram baixas, levando a Alpine a encerrar sua produção.
https://www.youtube.com/watch?v=4ro2YFYaIdk
Em 2012, os fãs da Alpine comemoraram o anúncio de que Renault e Caterham haviam acertado a recriação da marca por meio de uma joint-venture. Nos últimos três anos, algumas mudanças de rota aconteceram (como a saída da Caterham do projeto), mas a Renault segue firme no propósito de lançar um modelo de competição apto a participar das 24 Horas de Le Mans em 2016.
VEJA MAIS– Renault mostra conceito Alpine Celebration
– Modelos históricos da Alpine