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Alinhamento virtual? Conheça tecnologia que acabará com a barra de direção

Alemã ZF anuncia estreia iminente de volante que, via cabos, comanda o giro das rodas; tecnologia deve ser padrão em futuro não tão distante

Por Eduardo Passos
27 jul 2022, 00h20

Existe certo entendimento no mundo automotivo de que, quando os volantes forem opcionais, teremos chegado à verdadeira era dos carros autônomos. Ainda falta um certo tempo para tanto, mas um dos passos mais importantes nesse processo é, justamente, redefinir como os volantes funcionam.

Há várias décadas que pouco mudou no modo que dirigimos um carro: com o desuso da direção do tipo setor e rosca sem fim, o sistema pinhão-cremalheira virou padrão. Hoje em dia, a barra de direção também traz a assistência elétrica ao motorista, entre outros sistemas. Mas e se, como nos videogames, o comando entre volante e rodas fosse feito por fios?

Volkswagen ID.3 sem coluna de direção é usado de cobaia pela ZF
Volkswagen ID.3 sem coluna de direção é usado de cobaia pela ZF (Divulgação/ZF)

Como explica o CEO da alemã ZF, Wolf-Henning Scheider, a direção via cabos eletrônicos é uma tarefa mais complexa do que parece, mas sua implementação representaria “uma nova etapa na história do controle de veículos”.

A empresa anunciou, na semana passada, que a partir de 2023 oferecerá essa tecnologia em larga escala; a Volkswagen é uma das cotadas para estrear o mecanismo.

Ajuda dos céus

O controle de veículos via cabo já é algo comum entre os aviões. Chamado de fly-by-wire (voo por cabos), o sistema recebeu bastante atenção de projetistas ao longo do século XX, principalmente pela economia de peso ao substituir problemáticos sistemas hidráulicos por fios e informações digitais.

Em aviões modernos, o comando do piloto indica uma intenção de movimentar a aeronave. Quem realmente comanda o jato é o computador
Em aviões modernos, o comando do piloto indica uma intenção de movimentar a aeronave. Quem realmente comanda o jato é o computador (Oleg Belyakov/Wikipedia)

Nos aviões da Airbus, por exemplo, o piloto opera um joystick totalmente desconectado das superfícies que fazem o jato subir e descer ou virar para algum lado. É uma outra lógica, na qual o ser humano indica, através do controle, o que quer fazer e o computador executa o que entende como a forma certa desse comando.

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Durante o voo, a grande preocupação do computador de um Airbus é a integridade estrutural da aeronave, chamada de envelope de voo. Em termos gerais, o sistema basicamente impede que pilotos coloquem o avião em risco de se destruir em voo. Algo raro de acontecer durante uma rota comercial.

Toyota bZ4x deve estrear sistema próprio de steer-by-wire
Toyota bZ4x deve estrear sistema próprio de steer-by-wire (Divulgação/Toyota)

Já nas ruas, a coisa é muito mais complicada: o uso da direção via cabos (steer-by-wire, como chamada pela ZF) faz com que o motorista se torne mais um passageiro. Não há pinhão e cremalheira para movimentar as rodas, e sim uma abstração; como se girar o volante fosse uma ordem para que o computador vire o carro.

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Questão de confiança

Essa perspectiva de submissão a um software causa ansiedade em muita gente, e o neurobiólogo Marcus Täuber explica que, quando percebemos que não estamos no controle, o corpo reage com “reações de estresse” típicas de uma emergência.

A aviação pode trazer calma, afinal de contas, os céus mostram que computadores bem configurados podem superar seres humanos no quesito segurança. Para que a máquina lide com dezenas de carros, obstáculos, pedestres, buracos, ciclistas e tudo mais que circula em uma rua movimentada, entretanto, o poder de processamento é brutalmente maior.

Direção por fios também permite manobras evasivas que seriam impossíveis com atuadores no pinhão e cremalheira
Direção por fios também permite manobras evasivas que seriam impossíveis com atuadores no pinhão e cremalheira (Divulgação/ZF)

É por isso que, no caso da ZF, o steer-by-wire virá acompanhado de outros sistemas tão complexos. Um deles é o cubiX, que ambiciona centralizar todas os sensores distribuídos no chassi do carro em uma central única. Em interpretação livre, é como se os sentidos do motorista fossem trocados por um cérebro virtual, alimentado por informações diversas.

Com a evolução de inteligências artificiais automotivas, a fornecedora acredita que já é possível implementar um sistema que “traduza” com excelência os desejos de um condutor — mais passageiro do que nunca.

Modelos que viram as rodas de trás, como alguns Mercedes de luxo, poderão controlar ambos os cheios com precisão sobrehumana
Modelos que viram as rodas de trás, como alguns Mercedes de luxo, poderão controlar ambos os cheios com precisão sobre-humana (Divulgação/ZF)

Condução divertida

O steer-by-wire também servirá para tornar a condução mais divertida e confortável. Como não há conexão mecânica às rodas, é possível eliminar qualquer vibração do volante em um terreno acidentado, por exemplo. O comando via cabos também servirá para ações de altíssima precisão, como manobras evasivas e estacionamento em locais confinados, com centímetros de margem.

Outras marcas vêm desenvolvendo conceitos que incluem aplicativos que simulam o esterçamento de veículos especiais, como um Fórmula 1, mas essa oferta deve levar um pouco mais de tempo. O steer-by-wire da ZF virá junto de sistema parecido para os freios, e já no ano que vem devem equipar carros de série.

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