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Airbags em motos

Os airbags chegam às motos, prometendo mais segurança em caso de acidentes

Por Ismael Baubeta
Atualizado em 9 nov 2016, 11h49 - Publicado em 29 ago 2010, 18h55
Airbags em motos

Aqui entre nós: motocicletas nunca foram modelos de segurança, como tanto costumam argumentar os ferozes críticos das duas rodas. Qualquer carro médio hoje tem equipamentos de segurança e recursos eletrônicos mais sofisticados e efetivos que os disponíveis para as motos. Freios com ABS e sistemas combinados de frenagem, mais controles de tração e de entrega de potência, facilitam a pilotagem e minimizam possíveis erros de quem conduz motocicletas, evitando muitas vezes o sempre temido encontro com o chão. Quando a queda é inevitável, é bem melhor contar com equipamentos de proteção de primeira linha. E foi pior: há 40 ou 50 anos, na época conhecida como “tempos heroicos” do motociclismo, usar capacete e roupa adequada era tão comum quanto trajar armaduras medievais.

Se o bem-sucedido e eficiente airbag está presente nos carros desde meados dos anos 70, o equipamento entrou na linha de montagem de motocicletas apenas cerca de três décadas mais tarde, em 2005, quando a Honda equipou sua supertouring Gold Wing com uma bolsa de ar que se infla à frente do motociclista (sobre o tanque) em caso de impacto frontal.

Em 1995, o engenheiro japonês Kenji Takeuchi, preocupado com os pontos mais vulneráveis no corpo dos motociclistas em caso de acidentes (pescoço, peito e coluna vertebral) e nas sérias consequências que lesões nessas áreas costumam causar, dedicou-se a estudar e a desenvolver um produto que fosse vestido pelo condutor. Lançou em 1999 o Hit Air (um airbag para o corpo), produzido por uma empresa japonesa baseada em Nagoia, a Mugen Denko. A princípio o equipamento foi apresentado em forma de colete, mas logo recebeu versões incorporadas a jaquetas de segurança.

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O passo seguinte foi dado pela Dainese, fabricante italiana, que firmou parceria com a Mugen Denko e levou experts da universidade de Pádua (Italia) e do centro de segurança Fiat para ajudar no desenvolvimento do sistema de airbag. Resultam dessas parcerias os macacões especiais que estão sendo testados por alguns pilotos patrocinados pela marca italiana, entre eles o multicampeão Valentino Rossi e o líder deste ano, Jorge Lorenzo.

Outro grande fabricante de equipamentos, a Alpinestars, está com sua bolsa inflável em fase final de testes. Nos dois sistemas, um sensor detecta quando o piloto e a moto se separaram: uma cápsula de alta pressão de hélio (Dainese) ou nitrogênio (Alpinestars) infla o que se parece com um colete salva-vidas dentro de pequenas áreas na parte superior das costas, parte superior do tórax, ombros e pescoço.

Quem assistiu a algum dos espetaculares tombos protagonizados por Lorenzo no ano passado deve ter percebido que o piloto, além de não sofrer praticamente nada, ao levantar tinha o corpo “inchado”, já que, depois de acionado, o airbag leva alguns segundos para murchar. O vital é que, para o sistema inflar o macacão, após detectar a queda, são necessários imperceptíveis 15 centésimos de segundo.

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Um dos maiores empecilhos no desenvolvimento do airbag para as competições está no sensor de acionamento. Diferentemente do que acontece nas vias públicas, onde em geral há sensores que detectam a deformação ou desaceleração brusca em caso de colisão, ou, em modelos mais simples, quando o corpo do motociclista separa-se da motocicleta (neles o airbag é conectado à moto por um cabo de acionamento), nas pistas a constante movimentação (dança) do piloto sobre a moto nas curvas impede o emprego do acionamento mecânico por cabo.

Assim, os sensores devem identificar a queda numa derrapagem, em que não há deformação na moto nem desaceleração repentina, por exemplo, sem que o piloto esteja conectado à motocicleta. O desafio dos engenheiros é chegar ao ponto perfeito de captação e leitura de dados sensíveis para o acionamento do airbag, a tempo de proteger o piloto: são sensores de inclinação e movimento. Nas pistas, fator crítico é o peso; fora delas, o custo é o mais importante. Estima-se que o sistema aumenta em cerca de 3 000 dólares o preço de um macacão comum, um acréscimo de mais de 5 000 reais. Caro? Mas quanto vale sua vida?

CABEÇA FEITA

O airbag chegou aos capacetes. Lançado em 2004 pela empresa espanhola APC Systems para prevenção de lesões na região cervical, o artefato colecionou prêmios. O sistema, acoplado ao casco, tem sensores instalados na motocicleta e no próprio capacete que acionam os mecanismos de explosão assim que ocorre um impacto – até 25 km/h os sensores distinguem um chacoalhão ou mera escorregada sem acionálos. Os capacetes com bolsa inflável ainda não estão nas competições, muito em função de seu porte e peso. Embora não existam informações precisas, o alongamento na traseira, de onde sai a bolsa, sugere maior massa e pior aerodinâmica. Como nos primeiros protótipos do airbag automobilístico, em que o desenvolvimento permitiu chegar aos equipamentos atuais, mais compactos e baratos, com o capacete é questão de tempo de estudos e investimento para encontrar o ideal. Aí, o motociclista vai estar bem mais protegido.

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