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A oficina que restaura (e até melhora) as VW Kombi para exportação

Empresa brasileira se especializou em restaurar e comercializar Kombi para clientes do mundo inteiro ávidos por recordações

Por Fabio Black | Fotos Fernando Pires
24 mar 2023, 21h49
Kombi
Para-brisas do modelo Safari (escamoteáveis) é um dos itens mais pedidos (Fernando Pires/Quatro Rodas)
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Um dos veículos mais icônicos de todos os tempos, a VW Kombi iniciou sua história em 1947, na Alemanha, e ao longo de 66 anos conquistou o mundo sendo fabricada e comercializada em diversos países. Sua última unidade, a Kombi Last Edition, foi produzida em 2013, no Brasil. Assim como o Fusca, o número de entusiastas e apaixonados pela perua é muito superior ao número de veículos sobreviventes ao tempo e ao uso, que quase sempre foi severo, já que ela foi um excelente utilitário.

Junte a escassez de Kombi em bom estado de conservação com a procura mundial pelos exemplares restantes e o resultado é um nicho de mercado baseado na restauração das relíquias e seu comércio globalizado.

Kombis
Fila de Kombis esperando para serem restauradas e voltarem para as ruas (Fernando Pires/Quatro Rodas)

A oficina Macfel, localizada em Indaiatuba, no interior de São Paulo, se especializou em restaurar Kombi e atualmente tem reconhecimento mundial, contabilizando mais de 500 unidades exportadas. O marketing boca a boca fez com que americanos, alemães e belgas viessem ao Brasil encomendar suas peruas.

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“Os clientes americanos e europeus conseguem comprar aqui no Brasil uma Kombi exatamente igual à que eles tiveram no passado”, afirma Leonardo Silvio de Souza, que, junto com o sócio, Marcos Bianco Bastos, mantém a produção e o nível de qualidade das Kombi restauradas. “Um produto bem restaurado, íntegro e muito mais fácil de comprar aqui do que seria no próprio país deles”, diz o empresário.

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Kombi
Após um banho químico as carcaças voltam somente no metal cru onde irão passar meses na funilaria (Fernando Pires/Quatro Rodas)

A Macfel surgiu há dez anos, mas hoje em dia seu galpão parece uma minifábrica de Kombi. A empresa conta com estoque de sucatas de peruas de diversos modelos e anos de fabricação, que servem de base para as unidades, que depois partem para o Porto de Santos como se fossem 0-km.

Segundo Leonardo, são os clientes que definem todo o projeto de restauração, sendo que a maioria segue os padrões originais de fábrica, com pouquíssimas mudanças. O modelo mais procurado é o Samba dos anos 1960, que conta com oito janelas superiores e o teto solar ragtop. Além desse, o Camper estilo motorhome também é bastante encomendado.

Kombi
Na cabine de pintura irão ganhar cores clássicas escolhidas pelo cliente (Fernando Pires/Quatro Rodas)
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O processo de restauração começa por banhos químicos para remoção da tinta original da carroceria. Depois de limpa, quando não há mais nenhum resíduo de tinta ou outro material além do metal, a carroceria passa por reparos que sempre são necessários, como correção de deformidades e remoção de partes enferrujadas. Segundo os sócios, tudo é feito de modo a restituir o aspecto original, sem uso de massa modeladora.

Em paralelo, o motor é reconstruído do zero. As mecânicas encomendadas são variadas, desde o clássico motor 1.200, passando pelo 1.600 e chegando aos mais fortes, alguns com preparação, atendendo a pedidos. Embora gostem de manter o visual original, muitos clientes pedem para alterar as características mecânicas.

Kombis
A oficina possui um extenso estoque de peças para a Kombi (FErnando Pires/Quatro Rodas)
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Atualizações de freios também são oferecidas. Na suspensão, existe a possibilidade de sair com estrutura independente duplo A, na dianteira. Equipamento desenvolvido pela empresa gaúcha Santiago Racing.

“A caixa de direção é nova, mas uma folguinha sempre tem, senão não é Kombi!”, diz o funcionário Alex Anderson Macena de Araújo.

Kombi
Depois de pintadas partem para montagem final. Esta para um influencer americano que solicitou as cores do famoso Mustang Eleanor do filme 60 segundos (Fernando Pires/Quatro Rodas)
Kombi
As réplicas do modelo Samba (com 8 janelas e ragtop) recebem reforço estrutural semelhante ao original de época (Fernando Pires/Quatro Rodas)
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De volta à carroceria, uma vez restaurada, ela segue para a pintura e de lá entra na linha de montagem final, quando recebe motor, transmissão, direção, suspensão e freios, além da parte elétrica, tapeçaria e vidros.

Para montá-las com o nível de originalidade e qualidade exigido pelos clientes, muitas vezes os sócios fabricam suas próprias peças, como os bagageiros, por exemplo. Em outras, eles recorrem a componentes novos, fornecidos por empresas que eles próprios ajudaram a se capacitar. “Eram estamparias que possuíam as ferramentas para fazer parte, como portas e tampas do motor, mas que eram muito antigas e por isso não conseguiam obter componentes perfeitos”, afirma Leonardo. A Macfel formou alguns fornecedores que, hoje em dia, se tornaram exportadores de peças de Kombi para outros países.

Kombi df
bagageiro é fabricado pela própria Macfel (Fernando Pires/Quatro Rodas)
Kombi
Interior tem cheiro de carro novo e totalmente definido pelo cliente (Fernando Pires/Quatro Rodas)
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Kombi
Vaso de flor é um acessório classico da Kombi (Fernando Pires/Quatro Rodas)
Kombi
Configuração e perfomance do motor pode variar de acordo com o sonho do cliente (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Restaurar uma Kombi leva, em média, nove meses. E o preço final pode variar muito, segundo o empresário. Uma Kombi em versão básica pronta (carro mais restauração) não sai por menos de R$ 100.000 no Brasil.

Como uma montadora, a Macfel presta assistência de pós-vendas. Segundo os sócios, eles acompanham os carros durante anos, inclusive viajando ao exterior para visitar os clientes e fazer as revisões das peruas.

Kombi
A oficina é limpa como as fábricas modernas (Fernando Pires/Quatro Rodas)
Kombis
Equipe dedicada é apaixonada por carros (Fernando Pires/Quatro Rodas)
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