Guia de Usados: Subaru Forester
Com espaço de SUV e comportamento de automóvel, ele tem público fiel, mas que reclama do alto preço das peças

Crossovers são hoje um dos segmentos que mais crescem, por unir o espaço e a versatilidade do utilitário esportivo (SUV) ao comportamento e consumo dos automóveis. Entre as opções no mercado, poucas se aproximam da qualidade e do avanço técnico do Subaru Forester. Evolução de um modelo que antes mais parecia uma perua, o Forester como crossover aterrissou no Brasil no fim de 2008 e assegurou seu espaço no segmento pelo porte maior e pela tração integral. Desfrutava ainda da reputação de qualidade e robustez, reforçada pelos cinco anos de garantia na versão XS (nas outras eram só dois anos).
A versão básica XS traz um elástico motor boxer 2.0 de 160 cv e 20 mkgf a 3200 rpm , que garante desenvoltura a seus 1600 kg. Direção elétrica, ar-condicionado e airbag duplo são de série, enquanto bancos elétricos de couro, volante multifuncional, teto solar, airbags laterais e de cortina e faróis de xenônio estavam restritos à versão XS Top. A XT, mais esportiva, traz os mesmos itens da XS Top, mas com um 2.5 boxer turbinado. Ela agrada bem mais pelo alto torque de 32,6 mkgf a 2 800 rpm e excelentes 230 cv. Comum a ambas é o câmbio automático de quatro marchas. Com visual sóbrio e discreto, o Forester não ganha nenhum concurso de beleza. Por dentro, mantém o mesmo ar discreto e funcional, com ótimo espaço interno e bom acabamento.
O ápice da esportividade é a S-Edition, de 2011. Com, 270 cv e 35,4 mkgf de 2800 a 4800 rpm, vai a 100 km/h em 6,5 segundos, segundo a fábrica. Câmbio automático de cinco marchas (com borboletas no volante) e visual mais agressivo são os diferenciais, além de ar digital bizona, piloto automático e câmera de ré. Todos trazem tração integral e controle de estabilidade, que distribuem torque e frenagem entre as rodas, garantindo excelente dirigibilidade e aderência nas curvas, responsável por criar fãs fiéis.
O maior defeito é o pequeno estoque de peças de reposição a preços altíssimos, o que obriga a maioria a buscar peças importadas por lojas independentes. O resultado é a elevada desvalorização, que faz dele um atrativo só para quem busca um seminovo.
FUJA DA ROUBADA
Evite um Forester modificado. Muitas das alterações feitas em outros Subaru são comuns neste modelo, como em turbo, suspensão e freios. É por isso que a garantia da versão XT é limitada a dois anos.
NÓS DISSEMOS
Junho de 2009
>> Confira na edição
“O scoop sobre o capô, herança da geração anterior, foi redesenhado, mas continua cumprindo o papel de responsável por conferir a cara de mau ao crossover. A peça direciona o ar para o intercooler. (…) A esportividade do 2.5 16V turbo é antecipada pelos ponteiros que varrem os instrumentos antes da partida. Em estradas sinuosas, o Forester continua um legítimo Subaru quando o assunto é tração: sobra-lhe apetite para devorar curvas. Se por um lado ele ainda não serve como exemplo puro de ousadia, por outro prova que mantém intacta a dirigibilidade do dNA de família.”
PREÇO DOS USADOS (EM MÉDIA) XS 2.0
2009: 64249
2010: 70726
2011: 84185
XT 2.5 Turbo
2009: 70459
2010: 85750
2011: 98105
PREÇO DAS PEÇAS Amortecedor dianteiro (cada um)
Original: 892
Paralelo: 69
Pastilhas dianteiras (jogo)
Original: 452
Paralelo: 230
Farol dianteiro comum (cada um)
Original: 9951
Paralelo: 1500
Lanterna traseira
Original: 2100
Paralelo: 490
Para-choque dianteiro
Original: 1989
Paralelo: 1388
PENSE TAMBÉM EM UM…
VW Tiguan
O SUV de entrada da VW é menor que o Forester e mais indicado para quem quer se aventurar nos centros urbanos, graças à menor altura livre do solo e ao acabamento requintado. O desempenho do motor 2.0 FSi fica no meio-termo entre as versões XS e XT do Forester, mas dá um banho no consumo comedido, graças à transmissão automática de seis marchas, à tração integral sob demanda 4Motion e à injeção direta de gasolina. Outros atrativos são o Park Assist, que poupa o trabalho de fazer a baliza se a vaga não for muito apertada, e a rede Volkswagen, que garante peças e serviço autorizado em mais de 600 concessionárias.
ONDE O BICHO PEGA
Motor
Upgrade comum na versão XT é trocar a turbina por uma maior, geralmente a da versão S-Edition. Quem busca um Forester original deve prestar atenção no lacre do turbo, que pode evidenciar outras modificações indesejadas, como troca dos coletores de escapamento.
Hodômetro
Especialistas afirmam que é fácil adulterar quilometragem no painel do Forester, mas que não é possível alterá-la no módulo. Passe o veículo por um scanner da rede autorizada para conferir se o valor no hodômetro é real.
Suspensão
Muitos abusam da capacidade off-road do carro. Veja o estado do assoalho nos balanços dianteiro e traseiro, se as bieletas da suspensão estão intactas, se as buchas e os batentes têm folga e se há amortecedores vazando.
Alinhamento
Como todo veículo de tração integral, o Forester exige cuidados especiais no alinhamento, que deve começar sempre pelo eixo traseiro. Carro puxando para um dos lados indica alinhamento incorreto.
Freios
Muitos proprietários reclamam dos freios das versões XT e S-Edition, muito solicitados devido ao elevado desempenho aliado ao câmbio automático. Vale a pena verificar o estado das pastilhas.
Fumaça
O excesso de fumaça é relativamente comum em alguns motores turbo, mas não no Forester: sua presença é forte indício de falhas nos anéis de compressão, causadas por desgaste excessivo ou carbonização nas canaletas dos pistões. Na dúvida, descarte a compra do veículo.
A VOZ DO DONO
“A elasticidade do motor 2.0 é incrível, fazendo dele um carro muito ágil na cidade e com bom desempenho na estrada. Espaçoso, tem ótima posição de dirigir e sua estabilidade transmite segurança. Ele nunca foge ao controle, apesar da suspensão elevada. As únicas críticas ficam para o consumo, que considero elevado, e para a alta desvalorização.”
Maria Cristina De Marchi, 55 anos, professora, São Paulo (SP)
O QUE EU ADORO
“São 230 cv com tração integral e controle de estabilidade: ótima aceleração e comportamento dinâmico irrepreensível. A manutenção é básica, só troca de óleo e filtros.”
Fábio Vessani, 40 anos, engenheiro, piracicaba (SP)
O QUE EU ODEIO
“A alta desvalorização é certa e a rede de concessionárias é muito pequena. Para piorar, as peças de reposição nas autorizadas atingem valores absurdos.”
Sidnei Portela, 40 anos, engenheiro ambiental, Belo Horizonte (MG)