Guia de Usados: Honda City
O "mini-Civic" desfruta da boa reputação da marca, oferecendo qualidade, espaço e bom nível de itens de série
E público e notório que a Honda desfruta de uma ótima imagem no Brasil devido a sua qualidade de construção. Ciente disso, ela tratou de emprestar seu prestígio para um de seus modelos mais populares: o City. Carro de entrada da Honda em diversos mercados, ele chegou ao país com toda pompa, circunstância e preços altos. Apelidado de “mini-Civic”, o público logo notou suas virtudes, como o bom espaço (com porta- trecos sob o banco traseiro, com encosto reclinável) e o porta-malas de 506 litros, bem maior que o do irmão mais velho, com 340. A percepção de valor era nítida, com a vantagem de custar 15% menos.
Airbags, direção elétrica, ar-condicionado, trio elétrico e som eram itens de série nas três versões: LX, EX e EXL, todas com opção de câmbio automático de cinco marchas (e borboletas no volante na EXL). Rodas de aro 16, ABS com EBD e ar digital só eram oferecidos na EX e EXL, sendo que bancos de couro e faróis de neblina eram exclusivos da EXL. Comum a todas era o excelente 1.5 16V com comando variável i-VTEC: 115/116 cv (gasolina/ álcool), com torque máximo de 14,8 mkgf.
Mas ele não nasceu imune a críticas: o acabamento pecava pelo excesso de plástico rígido e o tanque de 42 litros não garantia boa autonomia no etanol, mesmo considerando o baixo consumo do motor – que, pelo elevado ruído, se fazia notar na cabine.
Em 2011, veio a versão DX, um LX ainda mais simples, sem som e porta-trecos sob o banco traseiro. Deu tão certo que em pouco tempo passou a responder pela maior parte das vendas do modelo.
O City sofreu retoques na linha 2013 em parachoques, grade e lanternas, e o tanque foi substituído por um de 47 litros. O DX perdeu a opção de câmbio automático, o EXL saiu de linha e o LX ganhou ABS e sensor de ré, também disponível na EX.
É relativamente tranquilo adquirir um City usado, tanto pela ausência de graves problemas crônicos quanto por sua aceitação no mercado. O pós-venda é outro fator que agrada aos donos e que deve ser considerado na compra, já que boa parte deles ainda está coberta pela garantia de três anos.
FUJA DA ROUBADA
Cheque o estado das partes metálicas, em especial estrutura dos bancos dianteiros, dobradiças das portas e chapa de apoio do banco traseiro, que podem oxidar. Cientes do problema, concessionários têm pintado as peças como cortesia.
NÓS DISSEMOS Agosto de 2009
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“Seu porta-malas de 506 litros é grande o bastante, e nem por isso deixou o carro feio. (…) O motor 1.5 16V flex, o único oferecido no lançamento, é dos melhores que temos no país. Rende 116 cv com álcool, mas eles valem por mais. Abaixo de 3 000 giros ele funciona como um 12 válvulas, para melhorar a entrega de torque. Dali em diante o sistema i-VTEC abre as quatro válvulas de admissão restantes, em nome da potência. (…) Os passageiros de trás entram e ficam à vontade, com portas que se abrem quase 90 graus, encosto de cabeça e cinto de segurança de três pontos para todos (…) O City é bonito, anda direito e é espaçoso.” É relativamente tranquilo adquirir um City usado, tanto pela ausência de graves problemas crônicos quanto por sua aceitação no mercado. O pósvenda é outro fator que agrada aos donos e que deve ser considerado na compra, já que boa parte deles ainda está coberta pela garantia de três anos.
PREÇO DOS USADOS (EM MÉDIA) LX manual 2010: 38 883
2011: 41 138
2012: 45 657
2013: 48 491
ELX aut. 2010: 46 901
2011: 50 465
2012: 55 559
2013: –
PREÇO DAS PEÇAS Para-choque dianteiro Original: 837
Paralelo: 215
Farol completo (cada um) Original: 850
Paralelo: 270
Disco de freio (cada um) Original: 190
Paralelo: 95
Pastilha de freio (par) Original: 260
Paralelo: 70
Retrovisor (cada um) Original: 340
Paralelo: 200
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Bonito, elegante e com ótimo custo-benefício, ele é o best-seller da marca, oferecendo porte de Civic num desenho tão bem resolvido que o faz parecer tão compacto quanto o City. Com um 1.6 16V a gasolina, ele anda bem, mas não empolga – porém passou a andar melhor na linha 2011, que tem câmbio manual ou automático de seis marchas. Parte do desempenho e baixo consumo se deve ao coeficiente aerodinâmico de apenas 0,29, o que compensa parte da falta da versão flex. O acabamento interno também não se destaca, mas os cinco anos de garantia são outro trunfo, ofuscado apenas pelo pósvenda inferior ao da rede Honda.
ONDE O BICHO PEGA
usado-honda-city-4.jpegCabeçote: O City usa tuchos sólidos no acionamento das válvulas, que exigem uma atenção especial. Se houver válvulas com folgas irregulares, pode causar ruído excessivo e comprometer o bom funcionamento do motor.
Acabamento interno: Verifique se todas as peças de plástico estão intactas e em perfeito funcionamento, em especial tampa do porta-luvas, difusores de ar e alças de teto, que podem apresentar quebras.
Recall: Os carros com números de chassi entre 93HGM2660AZ100032 e 93HGM2620BZ110022 receberam uma proteção suplementar no sensor do pedal do acelerador, para evitar a entrada de sujeira e partículas que pudessem interferir no seu comando. Para não ter sustos, vale a pena se certificar de que o reparo foi realizado.
Suspensão: Embora robusta, a suspensão do City é bem firme e tem curso curto. Não custa conferir o estado de buchas, batentes e amortecedores, que em raros casos podem apresentar vazamentos.
A VOZ DO DONO
“O City agrada em design, motorização, espaço e conforto: é econômico na cidade e tem bom desempenho na estrada, com um porta-malas onde cabe tudo e mais um pouco. Bem equipado, oferece excelente ergonomia nos comandos, mas deixa a desejar no conjunto de pneus, muito finos e que transmitem certa insegurança.”
Katia Hashimoto, 32 anos, arquiteta, São Paulo (SP)
O QUE EU ADORO
“É um carrão com motorzinho: não anda como o Civic, mas é suficiente para viajar com segurança. Faz 15 km/l na estrada e já rodou 50000 km sem problemas.”
Eduardo Campanucci, 35 anos, eletricista de automóveis, São Manuel (SP)
O QUE EU ODEIO
“A suspensão é dura e com pouco curso e chega ao batente com facilidade. E o consumo de óleo é elevado: a concessionária não resolveu e já encaminhou para a Honda.”
Carlos Augusto da Silva Filho, 31 anos, analista de sistemas, São paulo (SP)