A Volkswagen pode até ter sido a pioneira entre as montadoras ocidentais a se estabelecer na China, mas isso não significa que ainda seja tão dominante por lá. A fabricante está sendo ameaçada pela forte concorrência com as empresas locais, que vem se destacando cada vez mais por terem conseguido avançar melhor no mercado de carros elétricos por conta da redução de custos.
A esperança da Volks para contornar isso está em uma nova plataforma exclusiva para a China baseada na arquitetura MEB, que já conhecemos de carros como a ID.Buzz, o ID.3 e ID.4. Chamada de “A Main Platform”, essa arquitetura será otimizada para atender as demandas específicas do público chinês que se diferem bastante do ocidental.
Mas existe um ponto importante para qualquer mercado: a nova base também precisa ser mais barata. Para isso, a Volkswagen vai trabalhar apenas com fornecedores chineses, dispensando componentes importados da Europa, o que reduzirá o tempo de produção em dois terços, se comparado com as estruturas anteriores usadas no mercado chinês pela montadora.
Em entrevista à Reuters o chefe de tecnologia da Volkswagen Group China Technology Company, Ludger Luehrmann, disse que eles conseguiram reduzir em o custo de produção dos quadros de instrumentos dos modelos vendidos na China em 40%, somente pelo fato de trocarem o fornecedor por um chinês. Além disso, mudar a produção para o país asiático também evita possíveis atrasos que ocorrem por conta da diferença de fuso horário entre China e Alemanha.
Mas não é apenas o baixo custo de produção que salvará a VW na China. A montadora precisa agradar o cliente chinês com os novos veículos que serão baseados na A Main Platform. E isso não será tão simples, já que eles tem gostos e demandas um tanto peculiares quando comparadas aos ocidentais.
É bem provável que a VW aumente a interação digital entre passageiros e o veículo nessa nova leva de carros que serão lançados, colocando uma ou mais telas por veículo e também aumentando seu tamanho. Outra aposta é que a montadora traga recursos que não são comuns para a Europa ou EUA, mas que caem no gosto dos chineses, como um aplicativo de karaokê, por exemplo.
Ralf Brandstaetter, chefe da VW na China, disse à Reuters que a intenção da empresa é lançar quatro novos modelos baseados na nova plataforma no mercado chinês, com preços que variam entre 140.000 e 170.000 yuans, algo entre R$ 96.200 e R$ 117.000, aproximadamente. Toda a produção desses carros será liderada pelas duas joint ventures que a Volks mantém no país, com a SAIC e com FAW.