Com a casa ordem, a Hyundai começa a implantar um pacotão de novidades no Brasil. Mas se engana quem acha que os sul-coreanos trarão apenas carros novos: haverá pesquisa de ponta no campo de energias limpas, aproveitando características que só nosso país oferece no mundo.
Estamos falando do hidrogênio verde, que se refere ao gás hidrogênio obtido em processos com elevado consumo de eletricidade, mas que vem de fontes limpas como solar ou eólica. Há, contudo, uma terceira via ainda mais eficiente, a partir de um etanol “especial”.
É etanol de segunda geração, que utiliza partes menos nobres da cana, como bagaço, folhas e raízes na produção do álcool. O material que seria jogado fora acaba originando combustível que, em sua fabricação, emite 30% a menos de gás carbônico que o etanol convencional. Como as plantas capturam carbono em sua vida, essa economia do ‘novo’ etanol faz a conta fechar negativa.
A Hyundai segue a Toyota, se tornando parceira da Universidade de São Paulo no aperfeiçoamento da reforma a vapor: esse é o nome do processo que une álcool e água sob intenso calor e uso de catalisadores. Os desafios incluem o material desses catalisadores (que não podem ser caros), a energia gasta no aquecimento (que deve ser a menor possível) e o produto final da reação, que, idealmente, gera apenas gás hidrogênio e resíduos não-poluentes.
Caso dê certo, podemos esperar postos que se parecem com postos de gasolina, mas, na verdade, recebem os caminhões com álcool e utilizam-no para gerar o gás hidrogênio, que abastece veículos com células a combustível.
É o que a Nissan tentou, sem sucesso, fazer na década passada, mas com a reforma acontecendo dentro do carro, ao invés de fora dele. A Toyota, por sua vez, trouxe o Mirai para testes e os sul-coreanos trarão o Hyundai Nexo, SUV movido a hidrogênio que comandará os trabalhos no país (e deve ser utilizado já em 2024).
Assim, carros brasileiros de um futuro próximo podem não apenas evitar a piora do efeito estufa, mas eliminar parte dos gases poluentes que são emitidos. O Brasil têm compromissos ambientais que exigem a redução desses gases.
O encontro do presidente Lula com o CEO global da marca, Eisun Chung, indica que há interesse estatal nos estudos, inclusive com chance do país se tornar um exportador de hidrogênio, que iria de navio para outros mercados. Ao todo, o investimento da Hyundai será de R$ 5,4 bilhões nos próximos oito anos, servindo também para expansões fabris e a venda de novos modelos eletrificados.