Quem acompanha QUATRO RODAS sabe da opinião quase consensual da equipe de que a compra de um carro elétrico deve, necessariamente, ser acompanhada de um wallbox. Esse termo se refere ao carregador doméstico de corrente alternada (AC) que, por cerca de R$ 5.000, é capaz de recarregar bateria de um dia para o outro com segurança.
Em uma rotina comum, cabe ao proprietário conectar seu carro ao carregador wallbox quando chegar em casa e, no dia seguinte, ter 100% de carga ao partir.
Como é raro alguém rodar centenas de quilômetros diariamente, essa recarga não precisa ser diária. Mas as horas de sono servirão para repor o que foi gasto, sem estresse. É exatamente o que você faz com o seu smartphone, certo?
Inclusive, carregar o carro em casa custa pouco (e pode ser gratuito com painéis solares) e é a forma mais indicada para a recarga cotidiana dos carros elétricos. Assim como acontece em smartphones, a carga rápida acelera a degradação da bateria do carro elétrico, ou seja, reduz sua capacidade de energia (e a autonomia) a longo prazo.
Para recarregar o carro, basta abrir a portinhola e conectar a tomada do carregador wallbox. A maioria dos equipamentos domésticos iniciará a carga automaticamente assim que a conexão com o carro for estabelecida. Outros podem exigir a validação por QR code e app de celular, ou a aproximação de um cartão RFID.
A tomada é bem protegida da água, então o carro pode ser recarregado na chuva. O que os fabricantes não recomendam é jato de água no local da tomada com a portinhola aberta.
Além disso, uma trava de proteção impede que o carregador seja desconectado enquanto a recarga acontece. Existe um sistema de proteção que trava a tomada, pois a desconexão com a recarga acontecendo poderia provocar um arco voltaico. Pode haver um botão para o destravamento ou ser necessário destravar o carro pela chave para interromper o carregamento e retirar a tomada.
Outra informação importante: carregadores AC entregam, no máximo, 22 kW. Mas a maioria dos modelos aceitam até 11 kW, pois é necessário um carregador onboard para que a energia AC seja transformada em DC antes de ser acumulada na bateria e este é um componente caro. Por isso os carros que aceitam 22 kW AC têm seus méritos.
Na hora da instalação, porém, carregadores com mais de 11 kW precisam de instalação trifásica, o que pode ser inviável em uma residência.
Carregador rápido é providencial em viagens
Mas e se é hora de viajar? Nesse caso, são necessários os carregadores rápidos, que utilizam corrente contínua (DC). São os grandes carregadores instalados em postos dentro da cidade ou em rodovia, geralmente com recarga paga. Fabricantes podem ter acordos com algumas redes para beneficiar ou dar gratuidade a seus clientes, porém.
Esses carregadores têm a partir de 30 kW e, considerando o que há instalado no Brasil, até 350 kW. Dada a potência, dependem de uma estrutura elétrica robusta e que haja energia disponível na rede elétrica. Além disso, o custo do equipamento pode variar entre R$ 50.000 e R$ 1.000.000.
Como a bateria carro elétrico acumula a energia em corrente contínua, não é necessária a conversão, o que permite uma recarga mais rápida em DC. Se conectados a um carregador DC, grande parte dos modelos à venda no Brasil podem ir de 10% a 80% de carga em questão de minutos; os 20% restantes sempre serão mais lentos, a fim de preservar a integridade das células da bateria.
São os carregadores DC os grandes responsáveis por eletrificar um país além dos centros urbanos. Tanto que, nos Estados Unidos, ainda que já existam cerca de 28.000 pontos do tipo, a Casa Branca anunciou cerca de US$ 1 bilhão em investimentos, a fim de instalar mais algumas dezenas de milhares de carregadores principalmente em estados menores. Isso porque enquanto a Califórnia têm 8.535 carregadores DC, Idaho e Alaska oferecem 84 e 35 respectivamente.
Como pagar a recarga do carro elétrico?
Quando o carregador é pago, é necessário habilitar o aplicativo da empresa responsável pelo carregador. Quem usa um carro elétrico deve se cadastrar pelo menos nos principais aplicativos, para adiantar o processo no início do carregamento. São eles: Tupi, EZVolt, Shell Recharge, WeCharge e Zletric.
Esses aplicativos cobram diretamente do cartão de crédito do usuário. Alguns têm o grande inconveniente de fazer uma cobrança robusta no cartão do usuário e depois estornar o valor que não foi consumido. Por meio dos aplicativos, porém, é possível acompanhar a recarga mesmo que o carro não tenha um serviço conectado à internet.
Os padrões de carregadores de carros elétricos
Embora não exista um padrão obrigatório para os carros vendidos no Brasil, a grande maioria utiliza o padrão tipo 2, de origem europeia. Todos os carregadores de Volvo, Porsche e a imensa maioria dos pontos de corrente alternada (AC) do Brasil utilizam o tipo 2, que também é o mais comum nos carros elétricos à venda por aqui.
Para recargas rápidas e ultrarrápidas (aquelas que podem ser feitas em poucos minutos), os eletropostos utilizam o padrão tipo 2 CCS. Mas há mais um agente do caos: o padrão CHAdeMO, plugue criado por um consórcio de montadoras japonesas e que, no Brasil, está presente apenas no Nissan Leaf, já fora de linha.
Além disso, o gigantesco mercado chinês utiliza o padrão GB/T, que não tem a ambição de dominar o mundo (como o CHAdeMO), mas representa uma barreira a mais nos planos de padronização.