Para a BMW, o carro do futuro não terá telas, maçanetas e grades. Em compensação, ele será um assistente virtual e uma porta de entrada ao metaverso, misturando o mundo real ao virtual. Pelo menos é como a marca vê seus modelos para 2040, representados pelo conceito i Vision Dee apresentado na CES 2023, mas que QUATRO RODAS pode conhecer antecipadamente em Munique (Alemanha).
O i Vision Dee (de Digital Emotional Experience) é uma evolução da família de conceitos i Vision da BMW, mas que prevê o futuro sem deixar de olhar para o passado.
O protótipo é um sedã com volumes bem definidos e característicos de um BMW, como capô longo, traseira curta, “nariz de tubarão” na dianteira e o clássico Hofmeister Kink – ou a curvatura na última janela lateral típica dos BMW.
No geral, o desenho remete ao ao Série 3 E30, de 1970. A grade da marca também está lá, mas em uma nova interpretação: horizontal e fechada, para redução do número de peças plásticas.
Além disso, ela é quase como uma tela e muda de cor. É por pura estética ou para comunicação por sinais com pessoas ou demais veículos, reproduzindo expressões faciais. A mudança de tonalidade acontece com a mesma tecnologia utilizada no conceito iX Flow mas, agora, com 32 cores disponíveis.
Na verdade, todo o carro pode mudar entre essas 32 cores diferentes. A carroceria tem 240 segmentos distintos que podem ter sua cor alterada ao gosto do usuário. Dá, inclusive, para criar faixas ao longo da carroceria.
A mesma tecnologia está na faixa traseira que integra as pequenas e discretas lanternas, representadas por dois traços. No caso dos faróis, também quase que camuflados, a marca quis manter a tradição de elementos duplos na iluminação, mas em uma nova linguagem. Por fim, as exóticas rodas têm uma peça sobreposta que se movimenta de forma independente da principal.
Mas o Dee não é apenas um estudo de design. Por fora, nada de retrovisores e maçaneta, tudo funciona por câmeras e sensores, como a abertura das portas. Quando o motorista se aproxima, o veículo o reconhece, apresenta seu avatar nas janelas laterais com uma saudação, e abre a porta.
Por dentro, o painel do sedã é liso, com apenas um botão físico no console. Para os demais comandos, as solicitações serão por voz ou gestos. Também não há telas, tudo é projetado no para-brisa – o velocímetro, a “central multimídia” e uma terceira visualização para o passageiro. Um imenso head-up display que será introduzido, em uma versão mais conservadora, em novos modelos da marca a partir de 2025.
A quantidade de informações pode ser configurada de acordo com o gosto e a necessidade dos ocupantes, em cinco níveis. Há possibilidade de ter apenas o velocímetro ou uma imagem completa no vidro, que insere os ocupantes em uma espécie de metaverso, misturando a vida real e o digital. Isso acontece por meio de projeções no vidro, junto à visão real.
Os assistentes de condução podem projetar a rota definida e destacar potenciais perigos. Tudo isso, segundo a marca, é para que o motorista jamais tire os olhos da via e viva uma experiência virtual – mas garante a prioridade na segurança e a facilitação da vida do usuário, mesmo com tantas distrações.
O modelo também tem “vida” própria, já que é um assistente virtual e pode conversar de forma natural, com direito a gírias, expressões e “piadinhas”, e ajudar os usuários do veículo. Além do interior, a assistente também pode ser ouvida, caso necessário, do lado de fora do carro. É quase como uma Alexa sobre rodas.
Por ser um conceito focado em design e tecnologia, o i Vision Dee não tem um conjunto mecânico debaixo da carroceria – mas seria de se esperar motores elétricos para movimentá-lo, caso ele ganhasse as ruas em breve.