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Lancia Delta HF Integrale: o hatch médio que se tornou uma lenda dos ralis

Como o espírito inovador e competitivo da Lancia transformou o pacato hatch familiar no maior campeão de rali da história

Por Felipe Bitu
Atualizado em 1 jul 2021, 15h31 - Publicado em 1 jul 2021, 15h30
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  • Lancia Delta HF Integrale
    Um total de 44.296 Integrale foram produzidos entre 1987 e 1993 (ALESSANDRO CERRI/Quatro Rodas)

    Poucos fabricantes possuem uma história tão rica quanto a italiana Lancia. Marcada pelo pioneirismo técnico, a empresa fundada por Vincenzo Lancia completará 115 anos este ano mantendo sua hegemonia nos campeonatos de rali: foram dez títulos mundiais conquistados em menos de 20 anos, os seis últimos pelas rodas do lendário Delta Integrale.

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    Apresentado em 1979, o Delta era um hatch de cinco portas e linhas retas definidas por Giorgetto Giugiaro. Baseado na plataforma do Fiat Ritmo, conquistou o título de Carro do Ano na Europa em 1980. Era impulsionado por motores de quatro cilindros e contava com suspensão independente McPherson nas quatro rodas.

    A segunda série do Delta teve início no modelo 1983, com destaque para a versão esportiva 1600 GT. Era alimentada pelo renomado motor Lampredi com duplo comando de válvulas (105 cv) e recebia freios a disco nas quatro rodas. Meses depois, surge a versão 1600 HF Turbo (130 cv), que ia de 0 a 100 km/h em cerca de 8 segundos com máxima de 195 km/h.

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    Lancia Delta HF Integrale
    As rodas Speedline Montecarlo calçavam pneus 205/45 R16 (Alessandro Cerri/Quatro Rodas)

    Campeã do mundial de rali em 1983, a Lancia rapidamente criou o Delta S4 com chassi tubular, tração integral e motor central com sobrealimentação por compressor mecânico e turbo. Com o fim do Grupo B, em 1986, a FIA determinou que os automóveis do Grupo A deveriam se basear em modelos de produção: foi o ponto de partida para o Delta HF 4WD.

    Apresentado em maio de 1986, o HF 4WD recebe tração integral, o motor turbo de 2 litros e 165 cv do Lancia Thema. Seus 1.190 kg aceleravam de 0 a 100 km/h em menos de 8 segundos e a velocidade máxima era de 208 km/h. O torque máximo de 26,5 kgfm saltava para 29,6 kgfm em overboost. Os faróis retangulares davam lugar a dois pares de faróis redondos.

    O Delta HF 4WD dominou o Grupo A em 1987, vencendo nove das 13 etapas do mundial. Sua primeira evolução foi apresentada no Salão de Frankfurt do mesmo ano: o Delta HF Integrale, com rodas de 15 polegadas em para-lamas alargados, redimensionamento da suspensão e freios e turbina Garrett T3 calibrada pela Abarth, para render 185 cv.

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    Lancia Delta HF Integrale
    Tração integral e bitolas com 1,5 metro de largura (Alessandro Cerri/Quatro Rodas)

    Estava consideravelmente mais rápido e veloz: precisava de apenas 6,5 segundos para acelerar de 0 a 100 km/h e a máxima era de 212 km/h. Assim o Delta conquistou o segundo campeonato de rali na temporada 1988 nas mãos dos pilotos Markku Alén e Miki Biasion. A equipe independente Jolly Club também fez bom uso do Delta HF Integrale.

    O acirramento da concorrência em 1989 motivou um novo estágio na evolução do Delta: a adoção de um cabeçote com quatro válvulas por cilindro. Esse conjunto mecânico rendia 220 cv a baixos 5.500 rpm em razão de um turbo menor para respostas mais rápidas. O 0 a 100 km/h era realizado em menos de 6 segundos e a máxima chegava a 220 km/h.

    Lancia Delta Integrale
    Série especial Martini 6 trazia interior com Alcantara azul e manômetro do turbo no centro do painel (Alessandro Cerri/Quatro Rodas)
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    O novo cabeçote era evidenciado pelo capô mais alto, com saídas de ar para melhorar a refrigeração. Para conter tamanho desempenho, os pneus ficaram mais largos e os freios receberam ABS. Para segurar a tendência ao subesterço o sistema de tração foi recalibrado para distribuir 47% do torque ao eixo dianteiro e 53% ao traseiro.

    O Delta HF Integrale 16V conquistou o quarto título mundial consecutivo em 1990, mas o espanhol Carlos Sainz garantiu o campeonato de pilotos graças ao avanço do Toyota Celica GT-Four. A disputa ficou ainda mais equilibrada em 1991, situação que forçou a Lancia a apresentar o Lancia Delta HF Integrale Evoluzione. Apelidada de “Deltona”, a Evoluzione rendia 210 cv a 5.750 rpm e 31 kgfm a 3.500 rpm. O 0 a 100 km/h era feito em 5,7 segundos com máxima de 220 km/h. Direção, suspensão e freios eram revistos, com adoção de pinças dianteiras Brembo. Ainda mais agressiva, trazia novas entradas de ar no capô, bitolas mais largas e para-lamas ainda mais abaulados.

    Lancia Delta Integrale
    Aerofólio traseiro funcional, com três posições fixas de ajuste (Alessandro Cerri/Quatro Rodas)

    Em 1992, a Evoluzione garantiu o sexto título consecutivo para a Lancia, feito ainda inigualado na história mundial do rali. Para fechar com chave de ouro, a Evoluzione II foi apresentada em 1993 com injeção eletrônica sequencial e turbo refrigerado a água, que resultaram em 215 cv. É facilmente identificada pelas rodas de 16 polegadas com pneus 205/45.

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    O Integrale das fotos pertence a uma coleção de Minas Gerais. Ele é o único exemplar no Brasil entre as 310 unidades da série Martini 6 produzidas em 1992. O Delta foi o último modelo a defender a tradição nas pistas: a Lancia não teve destaque nos últimos 30 anos e seu futuro no grupo Stellantis ainda é incerto.

    Lancia Delta HF Integrale
    Motor Lampredi Bialbero 16 válvulas e turbo: usina de torque e potência (Alessandro Cerri/Quatro Rodas)

    Ficha Técnica

    Lancia Delta HF Integrale Evoluzione 1 “Martini 6” 1992

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