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Fiat Tempra Stile era rival do Omega, mas assustava Audi e BMW na estrada

O excelente Tempra turbinado foi vítima de abuso pelos donos. Isso quase lhe custou a boa fama de rápido e econômico

Por Felipe Bitu
30 mar 2024, 12h00
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  • Turbo exclusivo no Brasil, à altura do Lancia Dedra e Alfa Romeo 155
    Turbo exclusivo no Brasil, à altura do Lancia Dedra e Alfa Romeo 155 (Xico Buny/Quatro Rodas)

    Até o final dos anos 80, um estigma pairava sobre os Fiat fabricados no Brasil. Modelos como o 147 e o Uno eram lembrados pelo câmbio de engates duros.

    E por exigirem conhecimentos específicos na manutenção, problemas que renderam uma injusta percepção. A imagem da casa de Turim mudaria completamente em 1995, com a chegada do Tempra Stile.

    Apresentado em 1991, o Tempra foi o primeiro modelo ítalo-mineiro a sepultar a má fama da transmissão, com engates macios e precisos.

    Compartilhado com a Lancia desde 1966, o motor Bialbero Lampredi trazia duplo comando de válvulas, evidenciando o degrau entre o Tempra e projetos defasados como o do Monza, Santana e Versailles.

    Àquele bloco só faltava desempenho, pois o quatro-cilindros de 2 litros era limitado a 99 cv e 16,4 mkgf. Em 1993, veio o cabeçote com quatro válvulas por cilindro, primazia nacional. Os 127 cv o levavam aos 191,5 km/h e o 0 a 100 km/h era feito em 10,54 s.

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    O quatro-cilindros era uma evolução do motor dos anos 60
    O quatro-cilindros era uma evolução do motor dos anos 60 (Xico Buny/Quatro Rodas)

    O Fiat tinha freios a disco nas quatro rodas e rivalizava com o Omega CD 3.0 pelo posto de carro nacional mais moderno e completo.

    O Stile mudou a imagem da Fiat ao garantir a supremacia do Tempra. O Bialbero Lampredi de oito válvulas passou a ser sobrealimentado com um turbo Garrett T3, com resfriador de ar e injeção eletrônica.

    Seu desenvolvimento levou cerca de 18 meses e contou com a ajuda de engenheiros italianos para adequá-lo à qualidade da gasolina brasileira.

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    Comparado ao Tempra 16V, o Stile tinha freios readequados aos novos números de torque e potência. E só: a eletrônica se resumia ao ABS (opcional) e não havia nem sombra dos controles de tração e estabilidade, exigindo certa habilidade para domá-lo logo que o ponteiro do manômetro de pressão do turbo chegava à escala vermelha.

    O Stile mudou a imagem da Fiat ao garantir a supremacia do Tempra
    O Stile mudou a imagem da Fiat ao garantir a supremacia do Tempra (Xico Buny/Quatro Rodas)

    A suspensão era readequada ao desempenho: molas e amortecedores com maior carga, barras estabilizadoras mais grossas e cambagem negativa das rodas dianteiras para conter a fúria do turbocompressor.

    Seu comportamento era típico dos turbinados: pacato em baixas rotações e explosivo a partir das 3.000 rpm. O câmbio ficava ainda melhor com a substituição do comando a varão por cabos de aço e embreagem de acionamento hidráulico – um sinal evidente de modernidade.

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    Apesar do atraso na resposta, o assobio característico da turbina soprando a 0,8 kg/cm2 era o prenúncio dos repentinos 26,5 mkgf de torque. Com 165 cv, ele perdia apenas para o irmão Tempra Turbo em números absolutos.

    Rodas de 14
    Rodas de 14″ deram lugar ao aro 15 em 1997 (Xico Buny/Quatro Rodas)

    Enquanto o cupê ia a 212,8 km/h e acelerava de 0 a 100 km/h em 8,23 s, o Stile apresentava um desempenho ligeiramente mais discreto: 210,9 km/h de velocidade máxima e 9,0 s na prova de aceleração.

    Mas era o suficiente para que os proprietários provocassem os Audi, Mercedes, BMW e outros importados pelas estradas. Outra vantagem da sobrealimentação eram as excelentes médias de consumo: o alto desempenho vinha acompanhado de um consumo médio de 8,9 km/l na cidade e 12,6 km/l na estrada.

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    Era mais econômico que o Tempra 8V (8,7 km/l na cidade e 10,7 km/l na estrada) e que o Tempra 16V (8,5 e 11,61 km/l em ambos os regimes de trabalho).

    Completo, o painel monitorava a pressão e a temperatura do óleo lubrificante, trazendo ainda check control e computador de bordo. Entre os opcionais, estavam o sistema de ar-condicionado (digital), bancos dianteiros elétricos, toca-CD e revestimento de couro nos bancos e aro do volante.

    Interior desenhado por Franco Mantegazza. O quatro-cilindros era uma evolução de motor dos anos 60
    Interior desenhado por Franco Mantegazza. O quatro-cilindros era uma evolução de motor dos anos 60 (Xico Buny/Quatro Rodas)

    Nas fotos está o Stile 1995 do paulistano Victor Souza: “É um dos poucos que restaram com a injeção original Bosch, que não tem peças de reposição”. A opinião é compartilhada por Luiz Fernando Rodrigues, fundador do Tempra Clube: “Era um prazer comprar peças que vinham em embalagens da Lancia”.

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    Mas Rodrigues faz uma ressalva sobre os donos: “O carro não dava manutenção, mas muitos aumentavam a pressão do turbo para queimar etanol. Por isso os Stile foram quase extintos”.

    O Stile 1996 recebeu faróis com duplo refletor e novas lanternas traseiras. Em 1997, ele foi rebatizado Turbo Stile, com rodas aro 15, pneus 195/55 e bancos de couro bege.

    Saiu de linha sem receber as atualizações do Tempra 1998, mas foi sucedido pelo Marea Turbo em 1999. Desde então, a Fiat deixou de ser sinônimo de carrinhos pequenos com transmissão dura.

    Ficha técnica – Tempra Stile 1995

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