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Chevrolet Astra GLS: os 30 anos de Brasil do sucessor do Kadett

O hatch médio da Opel surpreendeu pelo desempenho e praticidade, consolidando seu nome no Brasil como referência no segmento

Por Felipe Bitu
Atualizado em 21 set 2024, 07h23 - Publicado em 21 set 2024, 07h00
Clássicos Astra GLS
A grade é a dos Vauxhall ingleses, mas com a gravata da Chevrolet (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Lançado na Alemanha em 1984, o Chevrolet Kadett chegou ao Brasil cinco anos depois, pouco antes da abertura do mercado aos importados. Era o nacional mais atual, superior ao único rival, o Ford Escort.

Fez muito sucesso e, por um breve período, passou a dividir espaço com seu sucessor europeu: o Astra. Após cinco anos, o Kadett já não era capaz de enfrentar hatches médios como VW Pointer e Fiat Tipo, beneficiados pela praticidade das quatro portas.

A política cambial favorável às importações fez com que a GM trouxesse o Astra da Bélgica, que em dezembro de 1994 substituiu as versões mais caras do Kadett.

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Clássicos Astra GLS
Modelo foi importado da Bélgica por apenas dois anos, mas abriu caminho para a versão nacional (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Para isso, foi necessário desenvolver uma logística própria, pois as motorizações europeias não eram adequadas ao Brasil. Assim, o velho motor Família II de 2 litros, 8 válvulas e 116 cv (que já equipava os Vectra GLS e CD) era produzido aqui e enviado para a fábrica da Opel na Antuérpia.

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Com 4,05 metros, o Astra era uma evolução frente ao Kadett. Mesmo com o entre-eixos de 2,51 m (1 cm a menos que o antecessor), oferecia maior espaço no banco traseiro e 60 litros a mais no porta-malas.

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Comum aos dois era a preocupação com a aerodinâmica: seu Cx era de só 0,32. Oferecido na versão única GLS, o Astra trazia direção hidráulica, barras de proteção nas portas e cintos com pré-tensionadores.

Clássicos Astra GLS
O volante conserva o logotipo da Opel (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Também tinha travas, espelhos e vidros dianteiros elétricos – as manivelas dos vidros traseiros destoavam do conjunto. Entre os opcionais estavam rádio/toca-fitas, ar-condicionado e airbags dianteiros.

O acabamento interno era típico dos Opel, com bancos revestidos em tecido e plásticos de boa qualidade. Completo, o quadro de instrumentos era o do Vectra e semelhante ao do luxuoso Omega.

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A ampla área envidraçada garantia visibilidade traseira muito superior à do Kadett, comprometida pelas largas colunas traseiras.

Clássicos Astra GLS
Motor de 2.0 litros era feito no Brasil (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Na mecânica, o Astra era idêntico ao Vectra. As suspensões eram do tipo McPherson à frente e eixo de torção atrás, com ótimo compromisso entre conforto e estabilidade. Os cuidados com a aerodinâmica e o escalonamento da transmissão resultavam em um rendimento acima da média.

Com o mesmo câmbio de relações curtas dos modelos Sport 1.8i 16V e GSi 2.0i 16V europeus, o Astra “brasileiro” ia de 0 a 100 km/h em 10,94 s, mais rápido que o Pointer GTI (11,28 s) e o Tipo 2.0 SLX (11,39 s). Também era imbatível no consumo, com média de 11,55 km/l contra 10,03 do Volkswagen e 11,55 do Fiat.

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Pesando 1.106 kg, sua relação peso/potência era de excelentes 9,53 kg/cv. O câmbio curto limitava a máxima a 184,6 km/h (inferior aos 187,2 km/h do Tipo e 192,3 km/h do Pointer), mas garantia a retomada de 40 a 100 km/h em 17,93 s, superando todos os nacionais. Entre os importados, só ficava atrás de esportivos como BMW M5 e Nissan 300ZX Turbo.

Clássicos Astra GLS
Rodas de liga eram acessórios de concessionária (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Apesar de suas virtudes, o Astra belga teve vida curta: em fevereiro de 1995, o governo elevou o imposto de importação de 20% para 70%. Economicamente inviável, sua importação foi encerrada em 1996, após cerca de 36.000 unidades vendidas.

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O exemplar das fotos pertence ao colecionador paulistano Rafael Santos. Encontra-se em excepcional estado de conservação e ainda está equipado com raras rodas de liga leve: “Muitos contestam a originalidade, mas encontrei um material publicitário da GM onde as rodas constam como acessório de concessionária”.

A ausência forçada do Astra prolongou a carreira do Kadett até 1998, mas o Astra já havia conquistado os brasileiros. Apresentada em 1998, sua segunda geração acabou sendo produzida em São Caetano do Sul (SP), disputando o mercado dos hatches médios por longos 13 anos.

Teste QUATRO RODAS – Dezembro de 1994

  • Aceleração 0 a 100 km/h: 10,94 s
  • Velocidade máxima: 184,6 km/h
  • Consumo médio (álc.): 11,55 km/l
  • Preço (dezembro 1994): R$ 19.900
  • Preço (atualizado IPC-A/IBGE): R$ 137.995

Ficha técnica – Chevrolet Astra belga

  • Motor: transversal, 4 cilindros em linha, 1.998 cm³, comando simples no cabeçote, 116 cv a 5.200 rpm, 17,3 mkgf a 2.800 rpm
  • Câmbio: manual de 5 marchas, tração dianteira
  • Dimensões: comprimento, 402 cm; largura, 160 cm; altura, 142 cm; entre-eixos, 251 cm; peso, 1.106 kg
  • Rodas e pneus: 175/65 R14
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