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Dankar Squalo: o obscuro fora-de-série nacional com motor do Passat

Pouco conhecido do público, o esportivo carioca reuniu técnica e requinte para se destacar diante da numerosa concorrência

Por Felipe Bitu Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 7 set 2024, 08h18 - Publicado em 7 set 2024, 07h00
DANKAR SQUALO
Estrias em relevo, na parte inferior, disfarçam a abertura do radiador  (Fernando Pires/Quatro Rodas)
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Simples e eficiente, a plataforma Volkswagen com motor de quatro cilindros opostos refrigerado a ar foi a base para a maioria dos fabricantes nacionais que surgiram com a proibição das importações em 1976. Mas nem todos permaneceram nela: o mercado também abriu espaço para projetos mais sofisticados como o do Dankar Squalo.

Sediada no Rio de Janeiro, a Dankar Indústria e Comércio de Veículos Ltda. foi a sucessora da Squalo Indústria e Comércio de Veículos, que em 1979 foi mais uma a desenvolver um esportivo sobre o chassi da perua Brasilia, o preferido entre os VW devido às bitolas mais largas. Assim surgiu o Squalo (tubarão em italiano), cujo estilo e porte lembravam muito o Puma GTE.

DANKAR SQUALO
Volante com aro de madeira e excelente qualidade de construção. Foi um dos poucos esportivos da época a contar com ar-condicionado (Fernando Pires/Quatro Rodas)

A carroceria de plástico reforçado com fibra de vidro também adotava elementos de estilo comuns a esportivos europeus contemporâneos: a linha do teto em queda suave já havia sido adotada pelo Matra Bagheera e a dianteira em cunha com faróis escamoteáveis (do Fiat 147) era bem original, com estrias em alto-relevo na parte inferior.

DANKAR SQUALO
Bancos revestidos de couro têm apoios de cabeça integrados. Instrumentação completa exibia um capricho raro (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Havia notória preocupação com a aerodinâmica. Bem inclinado, o para-brisa degradê já era do tipo laminado e seus limpadores permaneciam ocultos por uma cobertura ranhurada quando desligados. Entradas de ar falsas ocupavam o lugar das janelas laterais traseiras e as lanternas traseiras em meia-lua aludiam vagamente ao Lamborghini Miura.

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DANKAR SQUALO
(Fernando Pires/Quatro Rodas)

Uma nova concepção mecânica foi apresentada em 1980: o motor deixava de ser o boxer VW traseiro em favor do quatro-cilindros em linha de 1,6 litro e 96 cv do Passat TS, agora instalado entre os eixos. Do Passat também eram herdadas a transmissão manual de quatro marchas e a suspensão McPherson, que abandonava o inadequado eixo oscilante.

Para acomodar o novo conjunto mecânico, a Dankar precisou desenvolver um chassi tubular próprio: a rigidez da estrutura era garantida por um túnel central formado a partir de duas peças sobrepostas em forma de U. A suspensão dianteira, com barras de torção e braços arrastados sobrepostos, permaneceu igual.

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DANKAR SQUALO
Acesso ao motor se dava pela tampa traseira e pelo interior do veículo. Atrás do motor havia um pequeno compartimento para bagagens (Fernando Pires/Quatro Rodas)

O sistema de freios manteve os componentes originais Volkswagen: discos dianteiros de 278 mm e traseiros de 239 mm, do tipo sólido e com o mesmo acionamento assistido a vácuo do Passat. A caixa de direção era a mesma da perua Brasilia, com precisão limitada pelo arcaico mecanismo de setor e rosca sem fim.

Pesando 930 kg, o Squalo acelerava de 0 a 100 km/h em menos de 12 segundos, com máxima em torno dos 175 km/h. O motor entre os eixos garantia a distribuição de peso aproximada de 55% para o eixo traseiro e 45% para o dianteiro: sua dirigibilidade era neutra, favorecida pelos pneus Goodyear Grand Prix S 185/70 montados em rodas de 13×7 polegadas.

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DANKAR SQUALO
(Fernando Pires/Quatro Rodas)

Além do comportamento dinâmico previsível, o Squalo também se destacava em conforto: os dois ocupantes se acomodavam em bancos reclináveis Procar, com apoio lombar e revestimento de couro. Cintos de segurança retráteis de três pontos, vidros com acionamento elétrico e ar-condicionado eram comodidades raras mesmo entre os fora de série.

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Revestido de madeira, o painel contava com nada menos que dez instrumentos: amperímetro, relógio, manômetro de pressão de óleo, termômetro de óleo, voltímetro, indicador do nível de combustível, termômetro de água, vacuômetro, velocímetro com hodômetro e conta-giros. O volante de raio único deu lugar a outro convencional no início da produção.

DANKAR SQUALO
Estilo truncado da traseira foi muito comum na década de 1970 (Fernando Pires/Quatro Rodas)

O acesso ao motor era realizado pela porta traseira e por uma cobertura logo atrás dos bancos, dotada de um bom isolamento térmico e acústico. Boa parte do silêncio a bordo vinha da refrigeração líquida: o radiador era posicionado na dianteira do cupê, abaixo do tanque de combustível de 55 litros. Em 1981, as entradas de ar laterais passaram a ser funcionais e sempre pintadas na cor da carroceria.

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Estima-se que foram produzidas pouco mais de 40 unidades do cupê: além do Puma GTI, era preciso concorrer com Adamo GTL, Miura MTS, L’Automobile Ventura, Corona Dardo, Farus ML 929 e outros fora de série, situação que torna o Squalo um dos modelos nacionais mais raros e disputados pelos antigomobilistas.

Ficha Técnica – Dankar Squalo 1980

Motor: longitudinal, 4 cilindros em linha, 1.588 cm3, alimentado por carburador de corpo duplo
Potência: 96 cv (SAE) a 6.100 rpm
Torque: 13,2 kgfm a 3.600 rpm
Câmbio: manual de 4 marchas, tração traseira
Carroceria: fechada, 2 portas, 2 lugares
Dimensões: comprimento, 388 cm; largura, 181 cm; altura, 116 cm; entre-eixos, 221 cm; peso: 930 kg
Pneus: 185/70 SR 13
Preço:  Cr$ 464.000 (fevereiro de 1980)
R$ 142.512,41  (IPCA – IBGE)
R$ 133.370,98  (INPC)

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