Dê uma olhada nos últimos lançamentos. Se sentiu falta da lista de opcionais, então você acaba de conhecer a nova tendência do mercado. Em vez de vários itens pagos à parte, as montadoras trabalham agora com versões que já trazem pacotes fechados. Em geral, há a básica, a intermediária e a completa, numa estratégia que vem ganhando força no Brasil nos últimos três anos. O motivo é um só: facilitar a produção. Mas quem ganha, acredite, é você.
“Imagine que você é um cozinheiro que pode preparar um espaguete enquanto as pessoas escolhem o molho. Isso é simples. Agora imagine que você tem de preparar espaguete, arroz, feijão, couve… Com diferentes temperos. Vai levar muito mais tempo. Com os carros também é assim. Com um opcional, você tem de usar um chicote diferente, uma bateria de mais amperagem, e ele vem com um interior diferente… Isso complica o processo”, diz Paulo Roberto Garbossa, diretor da ADK Automotive. “As marcas vêm adotando um mix de produção mais simples, com versão básica, média e top, o que deixa o processo mais rápido, pois exige um mínimo de alterações.”
Na Ford, por exemplo, hoje quase não há opcionais, o que vale do Fiesta Rocam ao Fusion. Em 2003, o Focus trazia opcionais como teto solar, alarme, rodas de liga, temporizador dos vidros elétricos, travamento elétrico das portas e airbags de duplo estágio. Agora só há três versões (S, SE e Titanium), com câmbio automático e ar digital como únicos extras.
Assim, como a tendência é que o carro básico equipado desapareça, só teremos versões sempre com o mesmo pacote. E elas terão valor de mercado condizente com o conteúdo. “Quando você comprava um carro pelado e o equipava, com opcionais ou na loja de acessórios, você perdia o investimento nos opcionais ao vendê-lo. O valor de tabela só considera o que o carro traz de série, não o que você investiu depois. O único benefício na revenda era que você o passava para a frente mais facilmente”, explica Julian Semple, consultor sênior da Carcon Automotive.
Outra mudança é que os equipamentos agora custam bem menos. “Carro novo com direção hidráulica nos anos 70 tinha acréscimo de 50% no preço, pois era um item caro. Hoje tem economia de escala: o valor aumenta menos de 5%”, diz Semple.