Publicada originalmente em 2018
Um dos maiores perigos de um financiamento de carro é a inadimplência. É o momento em que o atraso no pagamento das prestações deixa de ser exceção para virar regra.
“É nessa hora que o credor pode lhe tomar todos os seus bens, salvo a casa própria, já que é a moradia da sua família”, afirma Reinaldo Domingos, educador financeiro.
Mas nem tudo está perdido nesse cenário. A receita é simples, porém dolorosa. Em primeiro lugar, o próprio devedor precisa aceitar a realidade e reconhecer que está com um baita problema, e não só um contratempo que logo será resolvido.
Se você não está conseguindo pagar o financiamento, é porque suas receitas devem estar mais baixas do que as despesas. “Seu padrão de vida pode estar desregulado”, diz Domingos.
Depois, reúna toda a família, explique detalhadamente o caso e coloque no papel todas as despesas – TV paga, cinema no fim de semana, shopping, comer fora, entre outras. Verifique quais são imprescindíveis e quais são cortáveis do orçamento.
Onde você mora é um lugar bem servido de transporte público? Você trabalha perto? Pode ir de ônibus, metrô ou aplicativo?
Quando custa manter o carro financiado
Nessa hora, talvez seja melhor dar um passo para trás para depois dar outros à frente. Como vender o carro! Segundo Domingos, manter um veículo não pode custar mais do que 20% da renda mensal.
“Por outro lado, carro é sinônimo de liberdade de ir e vir. Caso você tenha filhos pequenos, por exemplo, deve avaliar se pode precisar de transporte na madrugada. Tem gêmeos? Então necessita de espaço.” Ou seja, existe toda uma avaliação para saber do que precisa ou não.
Se você não conseguiu pagar, logo baterão à sua porta. “No meu caso, em cinco dias já estavam ligando para as pessoas para quem eu dei referências”, relembra Silmara Gomes, profissional liberal que havia financiado um Hyundai Azera 2016.
“Ameaçam dizendo que vão fazer apreensão, pôr o nome no SPC e começam a perturbar.” As normas financeiras usuais dizem: em três meses batem na sua porta, seguido por ameaças de apreensão. Em seis meses, podem tomar seu bem e levá-lo a leilão, o que é uma péssima saída devido à alta desvalorização nesse tipo de negociação.
Depois de ajustadas as despesas pessoais, a próxima fase é sentar com o banco e tentar renegociar, talvez alongar a dívida para baixar o valor da parcela. Saiba que o banco não tem interesse em retomar o automóvel, pois esse não é seu negócio. Tudo que ele quer é que você continue pagando.
Se nada der certo, venda o veículo a um particular, mesmo que tenha de dar um bom desconto. Tudo é melhor do que entregá-lo ao banco, situação em que o prejuízo é bem maior, pois se perde tudo o que pagou.