SUVs e picapes com motor a diesel caíram no gosto do brasileiro por sua robustez e economia de combustível. Nos últimos meses, no entanto, a história tem mudado e suas vendas têm caído, tanto entre os veículos novos quanto entre os usados. São dois os principais motivos para a atual rejeição: os altos custos de manutenção e a disparada no preço do diesel.
O ano de 2022 foi marcado por recordes nos preços dos combustíveis, com maior impacto no diesel, que superou o valor cobrado pelo litro da gasolina comum, o que não ocorria desde 2004. O litro do óleo chegou a custar, na média nacional, R$ 7,68, maior patamar da série histórica da ANP (Agência Nacional do Petróleo).
Neste ano, o combustível passou a apresentar tendência de queda e já é vendido a R$ 5,16 o litro, segundo média da ANP na primeira semana de junho. Mesmo assim, as consequências seguem no mercado.
De janeiro a maio deste ano, os licenciamentos de automóveis e comerciais leves (que incluem furgões e picapes) a diesel representavam 11,1% do total, contra 13,2% no mesmo período de 2022, ou seja, 6.418 unidades licenciadas a menos. Em 2023, até o acumulado atual de março, registrou o melhor resultado, com 20.435 unidades vendidas. Fevereiro teve o pior, com 13.188.
O reflexo também aparece entre os usados. Gustavo Zamariola, vendedor de uma loja multimarcas de Rio Claro (SP), diz que os modelos a diesel têm ficado em estoque por um tempo acima do normal, com os clientes dando preferência aos flex.
“Para vender uma S10 LTZ 2021 que estava há um ano em nosso estoque, tivemos que precificá-la R$ 20.000 abaixo da tabela Fipe”, afirma Gustavo. “Para carros a diesel, já temos a recomendação de pagar de R$ 20.000 a R$ 30.000 abaixo da tabela na compra.” O problema não está restrito a picapes, destacou Lucas Cunha, também vendedor de uma multimarcas, em Londrina (PR). “SUVs como os Jeep Renegade e Compass a diesel também estão encalhando nas lojas, temos que avaliar bem e, às vezes, até recusar alguns modelos mesmo em caso de troca.”