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A carroceria do seu carro é feita por máquinas de até 1.600 toneladas

As chapas de aço que compõe a carroceria do veículo é produzido por equipamentos enormes que funcionam 24h por dia

Por Fábio Black
Atualizado em 12 out 2021, 09h16 - Publicado em 11 out 2021, 19h45
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    Diversos tipos de metais e maneiras de moldar formam uma carroceria leve e segura (Divulgação/Divulgação)

    Um dos departamentos que ocupam maior espaço em uma fábrica de automóveis é o chamado de estamparia. É lá que são feitas as diferentes partes das carrocerias. 

    O processo de estampagem (daí vem o nome do departamento) consiste em produzir as peças a partir da aplicação de golpes com altíssima pressão sobre o metal, para que ele tome a forma desejada, que é definida por moldes.

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    As prensas que executam esse trabalho são máquinas enormes, com mais de 10 metros de altura, e classificadas pelo peso que podem aplicar no metal. Algumas alcançam 1.600 toneladas.

    Elas costumam trabalhar 24 horas por dia, dando em média 20 golpes por minuto. A quantidade de peças produzidas é controlada pelo operador. E uma máquina pode fazer diferentes componentes, com o uso dos moldes adequados. 

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    Ver uma prensa trabalhando é algo que impressiona. Segundo o engenheiro civil Mateus Coelho Ribeiro, para suportar o peso de uma prensa de 1.000 toneladas, a fundação do lugar onde a máquina é instalada consome concreto e aço suficientes para se construir um viaduto com vão livre de 8 metros. Mas, mesmo assim, a cada golpe temos a sensação de presenciar um pequeno abalo sísmico sob nossos pés.

    Benteler Estamparia
    Estoque de bobinas de metal e de ferramentas que irão dar a forma desejada às peças (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Diferentes tipos de ligas de metal são utilizadas para atender às necessidades dinâmicas da peça a ser produzida, podendo ter um alto poder de deformação ou extrema resistência, por exemplo.

    O metal, que chega em bobinas, poderá passar por diversas prensas e assim ganhar sua forma final, até ser unido com outros componentes e, no último estágio, virar uma carroceria inteira.

    Tudo começa com um primeiro golpe de uma prensa sobre a folha do rolo de metal para se criar o blank: uma espécie de folha plana já com o recorte necessário.

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    Hoje em dia, esse processo de produção também é chamado de estampagem a frio, porque, apesar de ser uma técnica antiga, que mudou pouco ao longo do tempo, há cerca de três décadas a indústria descobriu que poderia aquecer o metal antes da estampagem, com ganhos de qualidade para as peças e para os produtos finais, favorecendo a resistência e a segurança das carrocerias.

    Temperatura de 900oC

    No chamado Hot Forming, o metal é aquecido a uma temperatura de 900 oC, recebendo uma têmpera que garante maior rigidez, possibilitando o uso de metais mais leves e finos, sem prejuízo da resistência. Por isso, esse processo é utilizado principalmente nas peças estruturais da carroceria.

    Rolo de Metal
    A bobina é esticada, criando uma “barriga” para relaxar o metal antes do primeiro golpe da prensa de 1.000 toneladas (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Outra evolução foi a de utilizar dois tipos de metal na mesma peça, que precisa cumprir diferentes funções, dinâmicas. Na longarina, por exemplo, existe a necessidade de rigidez estrutural, porém sua ponta precisa ter o poder de absorver impactos e garantir a segurança.

    Para isso bobinas com os dois tipos de metal soldados são utilizadas na estampagem. No Hot Forming, um gradiente de temperatura específica permite uma têmpera parcial naquele metal.

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    Para mostrar as diferentes fases da estamparia, visitamos a empresa Benteler no Brasil, que trabalha para as montadoras fornecendo peças que as fábricas terceirizam a produção.

    Prensa
    As prensas recebem as ferramentas de acordo com a peça a ser fabricada (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Na unidade da Benteler, em Campinas (SP), existem dez prensas, que variam de 800 a 1.600 toneladas. Ali o metal chega em bobinas, com diversos tipos de liga, espessura e largura.

    As bobinas estocadas são transportadas por pontes rolantes e levadas à primeira prensa, esta de 1.000 toneladas, empregada na primeira etapa da produção, que cria os chamados blanks – uma espécie de folha do metal já cortado nas dimensões necessárias.

    Antes de seguir para a próxima etapa, toda peça recebe a gravação de um código de rastreabilidade e passa por um gabarito, que atesta suas dimensões.

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    No processo a frio, um blank pode passar por diversas etapas de prensas em ferramentas diferentes, recebendo uma série de golpes para chegar ao formato final desenvolvido pela montadora. Já o Hot Forming contempla apenas um único golpe no metal, em que além de forma o metal ganha uma têmpera.

    Blank de metal
    O Blank de metal é feito através de um golpe. A partir irá ganhar a forma desejada em outra prensa (Fernando Pires/Quatro Rodas)
    Hot Forming
    No processo de Hot Forming, as chapas de metal são aquecidas a temperaturas de 900 oC, antes de serem prensadas (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Máquinas de usinagem a laser fazem furos e o acabamento final, além de controlar a qualidade das peças que seguirão para a linha de soldagem.

    Usinagem a Laser
    São 18.000 peças a cada 24 horas que recebem em média dez furos (Fernando Pires/Quatro Rodas)
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    A soldagem irá dar a forma das peças da carroceria. Cada componente tem sua complexidade.

    Uma porta, por exemplo, é composta de cinco componentes previamente estampados: painel externo, dois painéis internos de metais diferentes, moldura para o vidro e tubos e barras de aço, que irão dar segurança no caso de impactos. Pontos de soldas e cola são utilizados para unir todas as partes.

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