A Volvo anunciou, em julho, novas versões de entrada para os seus SUVs XC40 e C40, chamadas de Plus. E a boa notícia é que elas garantem um preço mais acessível sem abrir mão de um quê de esportividade, que vem graças ao motor traseiro.
Dessa forma, testamos o SUV cupê C40 Plus para mostrar as vantagens de escolher essa versão mais econômica, além de conferir se ele é páreo para rivais como o BYD Yuan Plus ou o recém-lançado Renault Megane E-Tech.
Design digno de cupê
O C40 é o primeiro Volvo da linha concebido para ser um EV e, portanto, ele tira melhor proveito do aparato da eletrificação. Seu teto mais baixo e com caimento mais acentuado, combinado ao spoiler no topo do vidro traseiro e o aerofólio bem na extremidade do carro, ajuda a romper melhor o ar. Por conta dessas peças, segundo a marca, o coeficiente de arrasto aerodinâmico foi reduzido de 0,33 para 0,31.
Em termos de dimensões o C40 tem 4,43 m de comprimento e 2,7 m de entre-eixos. Como referência, ele é maior do que o Megane E-tech e menor que o Yuan Plus, que tem 2 cm a mais no entre-eixos; o que contribui para um melhor espaço.
Na dianteira, o destaque é para a grade fechada que denuncia se tratar de um modelo a baterias e torna o design atraente e equilibrado. Os faróis continuam full-led acompanhados do DRL característico em formato de martelo. A surpresa na frente é um compartimento de 21 litros sob o capô para levar as compras do dia a dia.
E se é consenso que, muitas vezes, um carro é lindo de frente e de lado mas a traseira é decepcionante, essa não é realidade no C40 — que talvez tenha atrás o seu melhor ângulo.
As lanternas invadem a tampa do porta-malas trazendo unidade para o conjunto. Os vincos são bem marcados ajudando na esportividade. E a área envidraçada maior por aqui também ajuda a promover a sofisticação e a robustez — parece que ele é mais alto e largo do que é realmente. O porta-malas, entretanto, tem 413 litros e é um pouco menor do que o dos rivais, que têm 440 litros.
Nada de origem animal
Bancos e forrações não usam matérias-primas de origem animal, com muitos deles derivando de compostos reciclados — uma ação defendida pela Volvo e adequada ao seu compromisso, também, de não vender mais carros com motor a combustão no mundo.
O teto com caimento de cupê, por sinal, é um vidro panorâmico escurecido, que reduz a entrada de calor e radiação UV, segundo a marca, não roubando espaço para as cabeças na segunda fileira. Adultos com até 1,80 m ficam bem acomodados, o espaço para pernas também é suficiente mas atrás só duas pessoas ficam confortáveis, pois o túnel central é bem elevado e impede que uma terceira pessoa se acomode com o mínimo de conforto.
O quadro de instrumentos tem tela de 12,3″ e é maior que a central multimídia vertical que mede apenas 9″. De qualquer modo, o seu sistema operacional é o Android Automotive OS, responsável por integrar o carro, suas telas e suas informações aos aplicativos do Google e à internet, que é grátis por quatro anos. E para completar torna apps como Waze e Spotify nativos, libertando o motorista da dependência do seu smartphone.
Em relação ao pacote de equipamento, essa versão de entrada mais barata perdeu alguns itens como sistema de som Harman Kardon, sensores laterais de estacionamento, câmera 360º e o sistema de purificação do ar avançado que elimina agentes biológicos do ambiente.
Já em termos de segurança ativa e passiva, o C40 Plus é tão completo quanto a versão Ultimate (topo de linha). Há monitor de pontos cegos, piloto automático adaptativo, leitor de placas, assistente de faixa e baliza automática que garantem condução semiautônoma de nível 2.
Como anda o SUV com tração traseira?
A chave presencial faz tudo por você: em vez de girá-la no contato ou acionar o botão de partida, basta entrar, pisar no freio e selecionar Drive ou Ré para andar. Para desligar, é só apertar o Parking e sair. Nem mesmo operar o freio de estacionamento cabe ao motorista.
Para o Volvo C40, a novidade é ter uma versão com apenas um motor, pois até então era oferecido apenas com a mecânica UItimate, com dois motores e 408 cv. O motor do C40 Plus rende até 238 cv e pouco mais de 42 kgfm, montado no eixo traseiro e tornando-o um SUV com tração nesse eixo — isso traz uma vantagem significativa em esportividade. Inclusive o XC40 Plus também teve essa mudança, deslocando o motor para trás e ganhando potência e agilidade.
Mas, vamos aos números: o C40 Plus foi de o 0 a 100 km/h em 7,6 s — exatamente o mesmo desempenho do BYD Yuan Plus e um pouco mais lento que o Megane E-Tech que cumpriu o teste em 7,3 s.
O Yuan tem motor que rende 204 cv e 31,6 kgfm, já o Renault tem 220 cv e 30,6 kgfm. Mas, afinal por qual motivo o Volvo tem um desempenho de 0 a 100 km/h próximo dos rivais mesmo sendo mais potente e forte? A explicação é simples: o Volvo é bem mais pesado, com 2.085 kg enquanto os concorrentes pesam em média 1.700 kg. Isso pode ser explicado pela capacidade maior de baterias do Volvo com 69 kWh, enquanto os rivais têm capacidade próxima a 60 kWh.
É possível alterar os modos de condução pela central, mas só é possível ativar o modo off-road que deixa a direção mais responsiva e prepara a suspensão para essa condição de pavimento. Há também o modo One Pedal Drive, que permite dirigir apenas com o pedal do acelerador e substitui o modo Eco, pois é responsável por poupar energia. Considero que as frenagens nesse modo são muito bruscas e invasivas e prefiro o modo convencional de direção no dia a dia.
O fato de ser um modelo com tração traseira traz mais diversão e agilidade na condução. E essa agilidade também pode ser atribuída ao fato do C40 Plus ser quase 200 quilos mais leve que a versão bimotor.
O torque instantâneo aliado a retomadas rápidas e seguras o tornam um modelo ideal para a condução em rodovias com pista simples pois as ultrapassagens são feitas com muita naturalidade. A suspensão é firme e passa segurança, em especial, nas curvas. Apesar da firmeza, ele traz conforto para todos os ocupantes.
A autonomia foi reduzida de 530 km na Ultimate, para 475 km no C40 Plus, em ciclo WLTP — o padrão que é usado no mercado europeu. No Inmetro, a autonomia do C40 Plus cai para 385 km. Na vida real, chegamos a rodar 400 km com apenas uma carga e levamos cerca de meia hora para carregar a bateria de 20% a 80% em um eletroposto de carga rápida.
Em termos de preço, o C40 Plus pode até ser mais barato que a versão topo de linha, que custa R$ 414.950, mas ainda é (bem) mais caro que os rivais. Ele custa R$ 314.950, enquanto Megane E-Tech e Yuan Plus tem preço médio de R$ 270.000 sendo tão completos quanto o Volvo. Só um comparativo entre os três possibilita afirmar qual é melhor escolha, mas apenas o peso da marca Volvo não é o suficiente para ter sucesso nesse segmento tão novo que é o dos SUV elétricos.
Teste – Volvo C40 Plus
Aceleração
0 a 100 km/h: 7,6 s
0 a 1.000 m: 28,8 s – 181,3 km/h
Retomadas
D 40 a 80 km/h: 2,8 s
D 60 a 100 km/h: 3,7 sD 80 a 120 km/h: 5,4 s
Frenagens
60/80/120 km/h a 0: 14,1/25/56,9 m
Consumo
Urbano: 5,5 km/kWh
Rodoviário: 5 km/kWh
Ruído interno
Neutro/RPM máx.: 30,8/ – dBA
80/120 km/h: 47,1/54,7 dBA
Aferição
Velocidade real a 100 km/h: 102 km/h
Rotação do motor a 100 km/h: –
Volante: 2,5 voltas
Ficha técnica – Volvo C40 Plus
Motor: elétrico, dianteiro, síncrono, 238 cv, 42,8 kgfm
Bateria: capacidade, 69 kWh; autonomia (PBE), 385 km; recarga, 30 a 80% em 30 min a 80 kWh
Câmbio: marcha única + ré
Direção: elétrica
Suspensão: McPherson (diant.), multilink (tras.)
Freios: a disco nas quatro rodas
Pneus: 215/55 R19
Dimensões: comprimento, 443 cm; largura, 187,3 cm; altura, 159,1 cm; entre-eixos, 270 cm; peso, 2.065 kg; porta-malas, 413 litros