Toyota Corolla Cross 2.0 tem desempenho de turbo mas só híbrido é completo
Toyota Corolla Cross tem um nome muito forte a seu favor, mas sua missão é árdua: concorrer com o Jeep Compass e vender tanto quanto o Corolla sedã
A marca de carros mais vendida do mundo está lançando no Brasil a versão SUV do carro mais vendido do mundo. Entende por que o Toyota Corolla Cross é tão importante?
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Ainda que o nome possa remeter a aventureiros como CrossFox e Etios Cross, trata-se (ou pelo menos aparenta) de um SUV médio que vai entrar na disputa pelos clientes do bem-sucedido Jeep Compass – assim como o VW Taos e o Renault Captur farão nos próximos meses. Entrar nessa briga com um nome forte é uma vantagem enorme. Os preços definem bem onde ele quer brigar:
Preços do Toyota Corolla Cross:
Corolla Cross XR 2.0 – R$ 139.990
Corolla Cross XRE 2.0 – R$ 149.990
Corolla Cross XRV Hybrid – R$ 172.990
Corolla Cross XRX Hybrid – R$ 179.990
Corolla Cross XRX Hybrid Special Edition – R$ 183.980
Versões e equipamentos do Toyota Corolla Cross:
Corolla Cross XR 2.0 – sete airbags, câmera de ré com projeção na central multimídia (só as versões XRE, XRV e XRX têm guias dinâmicas), controle de estabilidade, controle de tração, assistente de partida em rampa, sensor de estacionamento traseiro, faróis com acendimento automático e ajuste de altura elétrico, faróis de neblina dianteiros em LED, luz de frenagem emergencial automática, alarme volumétrico e sistema universal ISOFIX para fixação de cadeirinhas no banco traseiro com ancoragem de três pontos.
Corolla Cross XRE 2.0 – soma sensor de chuva, banco de material sintético, borboletas para trocas sequenciais, banco traseiro com apoio de braço e piloto automático.
Corolla Cross XRV Hybrid – sensor de chuva, alerta de ponto cego, sensor de estacionamento dianteiro, alerta de tráfego traseiro e Toyota Safety Sense (TSS), com sistema pré-colisão frontal, piloto automático adaptativo, assistente de permanência em faixa e faróis altos automáticos.
Corolla Cross XRX Hybrid – soma ar-condicionado de duas zonas, interior em couro bege, teto solar, quadro de instrumentos digital, banco do motorista com ajuste elétrico e iluminação interna ambiente.
Corolla Cross XRX Hybrid Special Edition – Limitado a 1.200 unidades no lançamento, tem soleiras nas portas, carregamento por indução, estribo lateral e bandeja do porta-malas.
Se você conhece o Corolla, conhece muito do Corolla Cross. Ambos são baseados na mesma plataforma GA-C (com arquitetura TNGA), usam a mesma mecânica, têm o interior muito parecido e equipamentos equivalentes. Foi-se o tempo em que o RAV4 tinha a função de ser o SUV do Corolla. E eles eram muito mais próximos entre si tecnicamente.
Hoje o Corolla tem 2,70 m de entre-eixos, enquanto o Corolla Cross tem 2,64 m – exatamente a mesma medida do Corolla Hatch vendido em outras partes do mundo. O SUV também não tem a suspensão traseira do tipo multilink, que estreou no três-volumes na atual geração.
Recorreu ao eixo de torção, que será eficiente para a grande maioria dos compradores, mesmo que sejam mais jovens no caso do Cross. De acordo com o diretor de vendas e marketing da Toyota, Vladimir Centurião, a suspensão traseira independente foi uma evolução que o cliente do Corolla não percebeu. De fato, é preciso andar mais forte para notar suas vantagens. Não é o feitio do público do sedã, mas poderia agradar ao do SUV.
O Corolla Cross é mais receptivo ao público jovem – a meta é atingir pessoas com idade a partir dos 35 anos, não 45 anos – e talvez isso tenha permitido um pouco mais de ousadia no visual. De longe, a barra de 80 cm de luzes diurnas de led dá um aspecto de Lexus.
A grade dianteira também parece um pouco exagerada, mas os pequenos faróis de neblina escondidos na peça que simula um para- -choque de impulsão são discretos demais. Não há leds verticais como no sedã, ainda que o vinco nas laterais do para-choque frontal continue ali.
Na lateral, um pouco da identidade do irmão maior RAV4. As molduras plásticas não cobrem toda a extensão das caixas de roda e há uma ligação visual entre o para-brisa e os vidros laterais na base da coluna A. O friso que emoldura a parte de cima das janelas laterais, por sua vez, acaba no aerofólio e pode ser preto ou cromado, a depender da versão.
As lanternas são grandes para combinar com os faróis e iluminadas por leds. Entre elas vai o nicho da placa, com o nome “Corolla Cross” em um layout que vai dar nos nervos de quem é obcecado por simetria. O para-choque traseiro quase todo sem pintura, com lentes refletivas nas laterais e a peça prateada que faz as vezes de protetor, faz jus ao “Cross”.
Há vezes em que a herança do Corolla é bem-vinda. O painel é o mesmo, visualmente simples mas que tem a parte inferior, de cor mais clara, macia ao toque – exceto à esquerda do volante, onde todos os plásticos são duros.
O que muda é o console central, com porta-objetos maior à frente da alavanca do câmbio (carregador sem fio para smartphones ali será acessório) e os dois porta-copos onde estaria a alavanca do freio de estacionamento – que é acionado pelo pé esquerdo, como no Prius.
Painéis das portas dianteiras têm toque macio, como nos futuros rivais. Mas apenas o Corolla Cross repete o mesmo acabamento nas portas traseiras, o que é louvável. O entre-eixos menor diminuiu o espaço traseiro, mas os assentos elevados, ajudados por um amplo ressalto no teto, permitem uma sensação de palco, o que diminui a sensação de aperto.
O assoalho traseiro não é totalmente plano, mas ao menos o Corolla Cross oferece saídas de ar-condicionado e duas portas USB para quem sentar ali.
A saída de ar-condicionado é especialmente útil nas versões híbridas, cujo sistema de arrefecimento das baterias (do tipo níquel-hidreto metálico) troca o ar justamente com a área das pernas de quem viaja atrás. E a região pode ficar bem mais quente. O porta-malas, por sua vez, sempre tem capacidade de 440 litros. Além de 30 litros de vantagem, é claramente mais amplo que o de um Jeep Compass.
Preços do Corolla Cross ou do RAV4?
Além do nome, o Toyota Corolla Cross tende a se destacar por se tornar o único SUV híbrido abaixo dos R$ 200.000. A própria Toyota diz que vê as versões híbridas como algo a parte do que se tem hoje no segmento (as versões mais caras do Jeep Compass, por exemplo), ainda que comparações sejam inevitáveis.
As duas versões mais caras, XRV e XRX, serão sempre híbridas e custam R$ 172.990 e R$ 179.990, respectivamente. O mais curioso é que essa era justamente a faixa de preço do Toyota RAV4 em seu lançamento, em maio de 2019 – agora custa a partir dos R$ 241.990.
A mecânica híbrida é rigorosamente a mesma do Corolla, com o 1.8 flex que trabalha no eficiente ciclo Atkinson para gerar 101 cv e dois motores elétricos instalados dentro da transmissão com 72 cv. A potência combinada foi mantida em 123 cv.
O desempenho também é muito próximo ao do sedã: o Corolla Cross Hybrid até consegue entregar arrancadas vigorosas quando em baixa velocidade, mas suas reações ficam mais lentas conforme a velocidade cresce. Não à toa, em nossa pista precisou de 13,4 s para chegar aos 100 km/h.
Galeria de fotos do Toyota Corolla Cross XRX Hybrid
A Toyota não esconde que sua intenção foi fazer um SUV urbano e confortável, mas a versão híbrida do Corolla Cross tem um talento especial para isso. Seu acerto de suspensão é ainda mais macio que o do sedã e competente na hora de filtrar ondulações no asfalto.
O problema é que esse comportamento acaba rendendo batidinhas secas ao passar por pisos mais irregulares, como vias de terra batida. Outro ônus é maior rolagem da carroceria em curvas, mas nada que assuste: no limite da curva, a tendência do Corolla Cross é apontar a traseira e não forçar a saída de frente.
Esse comportamento, a direção elétrica levinha, o isolamento acústico e o banco do motorista, que é ainda mais macio na versão XRX, que tem ajustes elétricos, parecem coagir o motorista a desligar o modo Power (que não mede os esforços dos motores elétricos) e curtir o passeio e buscar as excelentes médias de consumo para um SUV desse porte.
Nas nossas medições de consumo, sempre feitas com gasolina, cravou 18,3 km/l em regime urbano e 16,9 km/l no rodoviário. Para efeito de comparação, com o sedã conseguimos 20 km/l e 18,4 km/l, respectivamente.
Os sistemas de assistências autônomas do Corolla Cross, como piloto automático adaptativo, assistente de permanência em faixa, alerta de pontos cegos, farol alto automático e frenagem autônoma de emergência são restritos às versões híbridas.
O quadro de instrumentos digital com tela de 7 polegadas, porém, é exclusivo do XRX. Isso é bem chato, porque as duas versões de entrada, XR e XRE, têm desempenho muito mais interessante.
A culpa é do excelente conjunto formado pelo motor 2.0 aspirado com injeção direta e indireta, que gera até 177 cv e 21,4 kgfm, e o câmbio CVT com dez marchas, sendo a primeira delas por engrenagem. Com essa dupla, o Corolla Cross embala rápido e parece ter menos que seus 1.400 kg.
O isolamento acústico não é tão bom quanto o das versões híbridas (perde até a forração sob o capô), só que o barulho mais presente do 2.0 termina sendo instigante. E o fato de ser um motor aspirado, que entrega potência e torque em rotações mais elevadas que um motor turbo, ajuda nisso. E ser um motor aspirado em um mundo de motores turbo não chega a ser demérito.
O XRE testado foi de 0 a 100 km/h em 10,5 s e obteve médias de 12 km/l em regime urbano e 15,4 km/l no rodoviário, números que prometem dar trabalho aos futuros concorrentes com turbocompressor.
A suspensão do XRE ainda é bem mais macia que a de um Compass, porém mais firme que a da versão híbrida. O que poderia melhorar é o aumento progressivo do peso da direção. Ela é rápida, mas muito assistida, o que acaba por deixá-la até boba a médias velocidades.
Também chamou atenção a qualidade da montagem, com vãos irregulares e os enormes prolongamentos que sustentam a lata do Corolla Cross sobre a mesma estrutura dianteira herdada do sedã, visível ao abrir o capô.
Nas lojas, cada um por si
O Corolla Cross XR não tem bancos de material do tipo couro ou piloto automático, mas tem sete airbags, sensores de estacionamento, câmera de ré e central multimídia. Itens como faróis de led e chave presencial só aparecem na outra versão flex, XRE, que ainda acrescenta trocas sequenciais no volante, rodas aro 18, bancos de material do tipo couro e sensor de chuva. Não à toa, a Toyota estima que esta versão responderá por 65% das vendas. A topo de linha ficará com 25% e as outras duas dividirão os 10% restantes.
Como vender dois Corolla na mesma concessionária? Vendedores adiantam que o direcionamento é não mostrar o SUV a quem chegar à procura do sedã até que exista o risco de perder a venda. E proprietários de SUVs da concorrência terão seus usados mais valorizados na troca. Só assim para o plano da Toyota, que é vender a mesma quantidade de Corolla e Corolla Cross (cerca de 3.300 carros/mês), dar certo.
Veredicto: O Corolla Cross poderia ser mais refinado, mas sua proposta tende a fazer sucesso. O maior desafio da Toyota é ganhar mercado sem comprometer o sedã, porque o SUV cai como uma luva no gosto do público do Corolla.
Fotos do Toyota Corolla Cross XRX Hybrid
Teste de desempenho – Toyota Corolla Cross XRE 2.0 Flex
- Aceleração:
0 a 100 km/h: 10,5 s
0 a 1.000 m:
31,8 s – 167,9 km/h - Velocidade máxima: não divulgada
- Retomada:
D 40 a 80 km/h: 4,4 s
D 60 a 100 km/h: 5,5 s
D 80 a 120 km/h: 6,9 s - Frenagens:
60/80/120 km/h – 0 m: 14,7/26,6/61,7 m - Consumo:
Urbano: 12 km/l
Rodoviário: 15,4 km/l - Ruído interno:
Neutro/RPM max: 40,5/64,8 dBA
80/120 km/h: 61,8/68,9 dBA
Ficha Técnica – Toyota Corolla Cross XRE 2.0 Flex
- Preço: R$ 149.990
- Motor: flex, dianteiro, transversal, 4 cilindros, 1.987 cm3, 80,5 x 97,6 mm, 16V, 169/177 cv a 6.600 rpm, 21,4 kgfm a 4.400 rpm
- Câmbio: CVT, 10 marchas, tração dianteira
- Suspensão: McPherson (diant.)/eixo rígido (tras.)
- Freios: disco ventilado (dianteira) e disco sólido (traseira)
- Direção: elétrica, 10,4 (diam. de giro)
- Rodas e pneus: liga leve, 225/50 R18
Dimensões: comprimento, 446 cm; largura, 182,5 cm; altura, 162 cm; entre-eixos, 264 cm; ângulo de ataque 21°; ângulo de saída, 36°; vão livre 16,1 cm; tanque, 47 l; peso, 1.420 kg; porta-malas, 440 l
Custos das revisões do Corolla Cross 2.0:
|
1ª revisão |
2ª revisão |
3ª revisão |
4ª revisão |
5ª revisão |
6ª revisão |
Total |
Corolla Cross 2.0 Flex |
R$ 384,33 |
R$ 831,00 |
R$ 561,00 |
R$ 1.155,00 |
R$ 558,00 |
R$ 1.131,00 |
R$ 4.620,33 |
Teste de desempenho – Toyota Corolla Cross XRX Hybrid 1.8 Flex
- Aceleração:
0 a 100 km/h: 13,4 s
0 a 1.000 m:
34,7 s – 151 km/h - Velocidade máxima: não divulgada
- Retomada:
D 40 a 80 km/h: 5,4 s
D 60 a 100 km/h: 6,9 s
D 80 a 120 km/h: 9,7 s - Frenagens:
60/80/120 km/h – 0 m: 14,6/25,8/58,9 m - Consumo:
Urbano: 18,3 km/l
Rodoviário: 16,9 km/l - Ruído interno:
Neutro/RPM max: 47,6/ – dBA
80/120 km/h: 59,9/68,7 dBA
Ficha Técnica – Toyota Corolla Cross XRX Hybrid 1.8 Flex
- Preço: R$ 179.990
- Motor: flex, dianteiro, transversal, 4 cilindros, 1.798 cm3, 80,5 x 88,3 mm, 16V, 101 cv a 5.200 rpm, 14,5 kgfm a 3.600 rpm. Elétricos: 72 cv e 16,6 kgfm
- Câmbio: CVT, tração dianteira
- Suspensão: McPherson (diant.)/eixo rígido (tras.)
- Freios: disco ventilado (dianteira) e disco sólido (traseira)
- Direção: elétrica, 10,4 (diam. de giro)
- Rodas e pneus: liga leve, 225/50 R18
- Dimensões: comprimento, 446 cm; largura, 182,5 cm; altura, 162 cm; entre-eixos, 264 cm; ângulo de ataque 21°; ângulo de saída, 36°; vão livre 16,1 cm; tanque, 36 l; peso, 1.450 kg; porta-malas, 440 l
Custos das revisões do Corolla Cross Híbrido:
|
1ª revisão |
2ª revisão |
3ª revisão |
4ª revisão |
5ª revisão |
6ª revisão |
Total |
Corolla Cross Híbrido |
R$ 443,06 |
R$ 846,00 |
R$ 600,00 |
R$ 1.182,00 |
R$ 594,00 |
R$ 960,00 |
R$ 4.625,06 |
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