Mostrado no Salão do Automóvel de São Paulo de 2018, o Ford Edge ST está chegando agora às concessionárias brasileiras.
Apesar de ser um um velho conhecido do nosso mercado – ele é comercializado desde a primeira geração, em 2008 – o Edge nunca foi arroz de festa nas ruas do país, em razão de seu preço elevado pelo imposto de importação.
Se viesse do México a história poderia ser outra, já que há acordo bilateral de isenção de tributos. Mas como vem do Canadá, o SUV grande sofre para embalar nas vendas, especialmente na atual geração, lançada em 2016.
Para tentar chamar mais atenção ao modelo, a Ford começa a vender em nosso mercado, ainda como linha 2019, a versão esportiva ST, mais cara e potente da gama.
O Edge ST chega por R$ 299.000, mesma faixa de preço de SUVs de marcas premium como Audi Q5, BMW X3 e Mercedes GLC.
Em nosso primeiro contato, além de dirigir na cidade, levamos o Edge ST para um teste completo na pista e também para rodar na etrada.
Fazendo justiça à sigla ST, que vem da divisão Sport Tecnologies, o Edge andou feito gente grande. Nas provas de aceleração de 0 a 100 km/h, fez o tempo de 6,8 segundos. E retomou de 60 a 100 lm/h em apenas 3,4 segundos.
E o melhor de tudo é que fez isso sem beber exageradamente: nas medições de consumo o Edge conseguiu as médias de 7,6 km/l, na cidade, e 11,4 km/l, na estrada, com gasolina.
Está longe de ser o carro mais econômico do mundo, verdade, mas o resultado foi menos pessimista do que o motor V6 2.7 Biturbo de 335 cv de potência faria imaginar.
O propulsor vem acoplado a câmbio automático de oito marchas, com tração 4×4 sob demanda. Em condições normais a força é enviada 100% para as rodas dianteiras. Mas pode ser distribuída dinamicamente em porções de até 50/50, dependendo das condições de uso.
Ao criar a versão esportiva para o Edge, a Ford quis fazer o melhor dos mundos sobre rodas, reunindo conceitos de dois dos mais cobiçados tipos de carro de ultimamente: os SUVs e os esportivos. Essa proposta se mostrou interessante só até a segunda página, porém.
Até certo ponto, a Ford conciliou bem os dois estilos. O ST tem carroceria de SUV, com espaço generoso para pessoas e bagagem e posição de dirigir elevada.
Pensando no conforto, a Ford cuidou do fechamento preciso das portas e instalou vidros laminados nas laterais, para isolar a cabine acusticamente. No modo de condução Conforto, mal dá para ouvir o ruído do V6.
Ainda, o visual é realmente esportivo. Por fora, o Edge ST traz o facelift de meia-vida aplicadas à atual geração nos Estados Unidos, e que devem aparecer nas demais versões no segundo semestre deste ano.
Porém, há soluções próprias de um esportivo, como a larga grade do tipo colmeia em preto brilhante, o capô com relevo trabalhado e as rodas aro 21 acompanhando o tom da grade.
Por dentro, os bancos envolventes são revestidos em couro e camurça, o teto é preto e o volante multifuncional tem borboletas na parte de trás para as trocas de marchas no modo manual.
Há certo exagero de frisos cromados, herdados das versões mais luxuosas da linha. Eles tornam a cabine menos esportiva. Um aplique com textura de fibra de carbono que soa falso tampouco ajuda a suavizar seu efeito visual.
Entretanto, foi no comportamento dinâmico que o Edge ST demonstrou o real conflito entre veículo familiar e esportivo. Para um SUV, o Edge ST é desconfortável. E, para um esportivo, falta pegada.
Suas suspensões são firmes, mas deixam a carroceria oscilar demasiadamente nas curvas. Para completar, a carroceria em si oferece menos rigidez torcional do que deveria, e a direção elétrica se mostra pesada e pouco comunicativa.
O câmbio também ajuda a quebrar a esportividade, pois demora a reagir quando se reduz marchas para uma retomada para mais vigorosa, no caso de uma ultrapassagem em rodovia, por exemplo.
Isso acontece mesmo no modo Sport e com a redução comandada manualmente via aletas atrás do volante. Assim, acaba limitando o potencial do V6 de 335 cv e 54,5 mkgf.
Além disso, a posição de dirigir é alta demais para uma postura mais interativa (existe uma tendência de se rebaixar a posição de dirigir nos SUVs, justamente por isso, e a própria Ford o fez na nova geração do Escape).
Outras fábricas já que fizeram o mesmo que a Ford (um SUV esportivo) foram mais felizes como, por exemplo, a Audi com o RS Q3 e a VW com o Tiguran R-Line.
Entre os equipamentos de série, o Edge ST traz painel configurável, sistema Start-Stop, abertura de porta-malas sem usar as mãos (hands-free), central multimídia, teto solar 3 e sistema de som Bang&Olufsen.
Para quem viaja atrás, há dois monitores para os bancos traseiros com fones sem fio e DVD.
No que diz respeito à segurança, além e airbags e controle de estabilidade, o modelo vem equipado com o novo sistema de segurança Ford CoPilot 360, que reúne os seguintes itens:
Faróis com ajuste automático de facho, detector de mudança de faixa, alerta de colisão, dispositivo auxiliar em manobras evasivas, piloto automático adaptativo, detector de pontos cegos, sensor de tráfego traseiro e sistema de estacionamento autônomo.
Teste de pista
- Aceleração de 0 a 100 km/h: 6,8 s
- Aceleração de 0 a 1.000 (segundos/km/h):27,6 / 191
- Velocidade máxima: 210 km/h*
- Retomada de 40 a 80 km/h (em D): 2,9 s
- Retomada de 60 a 100 km/h (em D):3,4 s
- Retomada de 80 a 120 km/h (em D):4,2 s
- Frenagens de 60 / 80 / 120 km/h a 0:15,4 / 26,6 / 59,3 m
- Consumo urbano: 7,6 km/l
- Consumo rodoviário:11,4 km/l
- Ruído PM/1° em máx.:37,2/73,6 dB
- Ruído a 80 km/h/120 km/h:59,4/65,6 dB
*dados de fábrica
Ficha técnica – Edge ST
- Preço: R$ 299.000
- Motor: gasolina, dianteiro, transversal, V6, 24V, bi-turbo, 2.688 cm3; 335 cv a 5.550 rpm, 54,5 mkgf a 3.250 rpm
- Câmbio: 8 marchas, tração integral (AWD)
- Suspensão: McPherson (dianteiro) / múltiplos braços (traseiro)
- Freios: discos ventilados (dianteiro) / discos sólidos (traseiro)
- Direção: elétrica
- Rodas e pneus: liga leve, 265/40 R21
- Dimensões: comprimento, 479,6 cm; altura, 173,5 cm; largura, 192,8 cm; entre-eixos, 285 cm; peso, 2.031 kg; tanque, 70 l; porta–malas, 602 l