O segmento de hatches compactos é o maior do mercado nacional. Além de responder por mais da metade das vendas, ele concentra o maior número de ofertas, que vão de R$ 20 000 a R$ 60 000. Apesar de mais espaçoso, o Renault Sandero sempre se posicionou entre os modelos de entrada. Mas, nos últimos tempos, ele foi se sofisticando, em versões cada vez mais equipadas. Agora, na segunda geração, também conta com opções na parte superior da categoria. Neste comparativo, alinhamos o Sandero a dois dos rivais mais novos, vendidos e desejados do segmento: Chevrolet Onix e Hyundai HB20. As versões exibidas aqui são as mais completas, únicas disponíveis para teste: Sandero Dynamique 1.6, Onix 1.4 LTZ e HB20 1.6 Premium. Mas para efeito de comparação consideramos as configurações intermediárias – Sandero Expression 1.6, Onix 1.4 LT e HB20 Comfort Plus- que concentram o maior volume de vendas. A expectativa da Renault é que a versão Expression (1.0 e 1.6) represente cerca de 60% das vendas.
Pode-se dizer que a disputa entre os três hatches foi mais equilibrada quando se comparou o visual dos modelos. A Renault caprichou nesta segunda geração do Sandero, com a nova frente mais imponente e a carroceria com linhas mais suaves e mais bem trabalhadas, enquanto o Onix já nasceu bonito, por fora e por dentro, e o HB20 exibe seu estilo já consagrado em modelos mais caros da marca, como o sedã Elantra. Nos demais aspectos, no entanto, as diferenças entre os carros são nítidas porque, apesar de disputarem o mesmo consumidor, cada fábrica concentrou suas energias em aspectos distintos.
O Sandero se destaca no espaço interno. Com porte de hatch médio, ele acomoda cinco pessoas com muito mais folga que os rivais e tem o maior porta-malas: 320 litros contra 300 no HB20 e 280 no Onix. No que diz respeito ao acabamento, os três estão no mesmo nível, com o uso de plástico no painel e tecido nos bancos. Mas no conteúdo há diferenças. Todos trazem ar-condicionado e direção assistida, mas o Sandero e o HB20 praticamente empatam nos equipamentos de série, enquanto o Onix fica em desvantagem. Entre os itens importantes presentes nos dois primeiros e ausentes no Onix há sistema de som, Bluetooth, banco do motorista com ajuste em altura, computador de bordo e entrada USB. Em relação aos itens de segurança, todos contam com duplo airbag eABS, obrigatórios, mas o Hyundai vai além oferecendo sistema Isofix.
Na pista de testes, o Hyundai foi mais rápido que os rivais. Nas provas de aceleração de 0 a 100 km/h, ele obteve o tempo de 10,2 segundos, contra os 12 segundos conseguidos pelos outros dois. E ele fez isso sem prejudicar o consumo de combustível. No ciclo urbano, os três ficaram quase empatados, com médias próximas a 8 km/l. No rodoviário, o HB20 foi ligeiramente mais econômico. Ele rodou 11,3 km/l, enquanto o Onix conseguiu a média de 10,9 e o Sandero, de 10,5, todos com etanol.
A vantagem do HB20 está no seu motor 1.6 16V mais moderno, com bloco de alumínio e duplo comando de válvulas variável, que rende 128 cv de potência e 16,5 mkgf de torque, com etanol. O motor do Sandero tem a mesma cilindrada, 1.6, mas com 8V e comando de válvulas simples, produzindo 106 cv de potência e 15,5 mkgf de torque. O motor do Onix, que é um 1.4 8V, consegue a mesma potência do Sandero, de 106 cv, mas tem menos torque, 12,4 mkgf. Todos são equipados com câmbio manual de cinco marchas.
Cada hatch tem seu comportamento próprio. O Sandero é o que exige maior esforço do motorista para girar o volante e acionar os pedais. Em compensação, ele é o mais firme nas curvas. O HB20 é o contrário: ele é dócil no trânsito, tem a direção leve, mas permite que a carroceria incline mais nas curvas. O Onix adota uma postura intermediária, com mais firmeza que o HB, porém mais conforto, em relação ao modelo da Renault.
O Onix aposta na força da marca Chevrolet para conquistar seu espaço. Além de estar há mais tempo no mercado, a GM tem uma das maiores redes do país (600 autorizadas, contra 203 Hyundai e 200 Renault), o que dá confiança ao consumidor. Os três têm preços próximos. Apesar de a Renault não ter divulgado a lista de preços do novo Sandero, estima-se que a versão Expression 1.6 estará na mesma faixa dos rivais. Ou seja: cerca de R$ 43 000. Precisamente, o Onix 1.4 LT custa R$ 42 996 e o HB20 Comfort Plus sai por R$ 43 375, sem opcionais.
Em relação à garantia de fábrica, o Renault tem o mesmo período de cobertura (três anos) do concorrente da Chevrolet. Mas ambos perdem para o HB20, que teve a duração de cinco anos, que já era grande, ampliada para seis anos para os carro faturados até o final da Copa do Mundo.
As três marcas oferecem revisões com preços fixos. Considerando os valores previstos para as três primeiras revisões (10 000, 20 000 e 30 000 km), o Onix é o que gera mais despesas, com um total de R$ 1 200 até aos 30 000 km. Em seguida, vêm o Sandero, com gastos de R$ 1 087, e o HB20, com R$ 660. De acordo com os sites da empresas, as revisões do Onix são mais completas, porém. Aos 20 000 km, por exemplo, a GM informa que examina o estado dos cintos de segurança, da correia dentada, do sistema elétrico, dos freios, dos filtros, do motor e da transmissão, totalizando uma lista de 18 itens, além da troca do lubrificante. Enquanto isso, Hyundai e Renault descrevem apenas as trocas de óleo, de anel de vedação e de filtros de lubrificante e de combustível. Quando a análise de custos se volta para os preços do seguro, o Sandero leva vantagem. Em uma cotação simulada pelo site Segurar.com, para um perfil específico de baixo risco, o Renault paga 2,4% de seu valor, contra 3,2% do Chevrolet e 3,8% do Hyundai.
Colocando todos os prós e contras em uma balança, nas versões analisadas, o HB20 vence o comparativo pelo conjunto. Além do melhor rendimento, ele é bem equipado, tem garantia longa e custo de manutenção baixo. O Sandero vem em segundo, muito próximo, apoiado no espaço interno e no bom número de itens de série. O Onix também é uma boa opção no segmento de hatches, mas neste confronto ele se manteve sempre atrás de pelo menos um dos rivais em cada um dos aspectos analisados.
SANDERO
DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO
A direção continua pesada. O hatch se saiu bem nas frenagens. E a suspensão filtrou melhor as oscilações do piso.
MOTOR E CÂMBIO
O Sandero apresentou ligeira melhora no rendimento em relação ao antecessor equipado com o mesmo conjunto mecânico.
CARROCERIA
O Sandero ficou mais bonito e bem-acabado.
VIDA A BORDO
O bom espaço interno foi mantido e a lista de equipamentos cresceu, principalmente para as versões Expression e Dynamique.
SEGURANÇA
Traz só os itens obrigatórios: ABS e duplo airbag.
Tem três anos de de garantia e revisões com preços fechados. Para continuar competitivo, seus preços não podem subir muito.
HB20 DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO
O HB freia bem e a direção é fácil de manusear. A suspensão é tolerante nas curvas.
MOTOR E CÂMBIO
O conjunto mecânico moderno alia desempenho e consumo superior ao dos rivais.
CARROCERIA
O design e a qualidade construtiva são pontos fortes do HB20.
VIDA A BORDO
Ele tem padrão básico do segmento, mas é bem acabado e equipado.
SEGURANÇA
Conta com sistema de fixação de cadeirinhas Isofix, além dos itens obrigatórios: ABS e duplo airbag.
SEU BOLSO
Seis anos de garantia até o final da Copa (e cinco anos depois). Tem o menor custo para as revisões, segundo a fábrica.
ONIX LTZ DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO
Bom de dirigir, sabe conciliar conforto e dirigibilidade. Freou bem.
MOTOR E CÂMBIO
O câmbio cumpre bem seu papel, mas o motor fraco deixou o Onix para trás nas provas de desempenho.
CARROCERIA
Tem design atual e acabamento segue o padrão do segmento.
VIDA A BORDO
Mesmo menor que o Sandero, seu espaço interno é confortável. Mas a lista de equipamentos é pobre.
SEGURANÇA
Traz os itens obrigatórios: ABS e duplo airbag.
SEU BOLSO
Tem três anos de de garantia e revisões com preços fechados.
VEREDICTO
Na mesma faixa de preço, os três modelos são boas compras. O novo Sandero é bonito, bem equipado e imbatível no espaço interno. Seu rendimento ficou próximo ao do Onix, que também cativa no visual, mas é menor e menos equipado. O HB20 leva a melhor pelo conjunto da obra. Ele destaca- se em desempenho, conteúdo e custos de manutenção, além de ter a garantia de fábrica mais longa.
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