Pose é o que não lhe falta. Se o Sandero já é facilmente notado pelo porte avantajado, a versão aventureira Stepway aumenta o grau de atração a níveis ainda mais altos – literalmente. Desde que foi lançado, em 2008, o Stepway é um sucesso, seja pelo visual, seja pela maior altura da suspensão. São 19 cm de distância do solo (4 cm a mais que o Sandero normal), o suficiente para que ele seja a referência da turma. Os adereços visuais deram ao modelo da Renault um aspecto jovial que as versões da concorrência não conseguem transmitir. Eis o segredo: uma maquiagem bem-aplicada aqui e ali pode disfarçar falhas estéticas. O resultado pode ser visto nas lojas. A Renault informa que o Stepway representa 30% das vendas do Sandero. Além disso, é o mais vendido entre os hatches aventureiros (incluindo aí o CrossFox e o Hyundai HB20X).
A julgar por esse retrospecto, pode-se dizer que na linha 2015 o Stepway chega com a vida fácil pela frente. Mantém o estilo atraente, mas agora com a nova carroceria, que é mais bonita e já havia estreado na linha Sandero em julho. Os para-choques próprios conferem robustez ao estilo. Os apliques pretos aparecem na dianteira, na traseira e nas laterais, contornando as caixas de roda e a parte inferior das portas. Faróis e lanternas são escurecidos. Detalhes prateados aparecem na parte de baixo dos para-choques (na frente e na traseira) e também no rack no teto.
Veja o vídeo do teste do Sandero Stepway:
Laranja mecânica
Por dentro, o acabamento laranja nas molduras de instrumentos, saídas de ar e costuras de bancos reforça o tom jovial. Na unidade testada, o interior coincidiu com a cor da lataria, também laranja, tonalidade escolhida para marcar o lançamento da versão Stepway. Mas foi apenas coincidência. Independentemente da pintura externa, por dentro a versão Stepway vai ser sempre laranja.
Parte da boa impressão transmitida pelo visual, porém, se esvai com o carro em movimento. A direção hidráulica, apesar de ter recebido nova calibragem, é pesada e tem respostas lentas. E lenta também é a resposta do motor. Na pista, o Sandero aventureiro fez 0 a 100 km/h em 15,9 segundos, tempo muito alto para um hatch equipado com motor 1.6 de 106 cv com etanol (98 cv com gasolina). As retomadas de velocidade também são demoradas, boas somente para quem não tem pressa nenhuma e quer apenas curtir a natureza a bordo de um hatch de visual aventureiro. Nesse quesito, ele é forte. A altura do solo melhora a condução fora do asfalto, porque deixa mais longe da parte inferior obstáculos como pedras mais altas.
Talvez a lentidão seja reflexo das novas rodas de 16 polegadas, que podem ter alongado a relação de transmissão final e retardado as respostas. O fato é que o Sandero Dynamique 1.6 (com rodas de aro 15) testado na edição de julho deste ano fez 0 a 100 km/h em 12 segundos.
No carro testado agora, a quinta marcha também estava dando uma leve arranhada antes de aceitar o engate. Para concluir o lado negro do carro laranja, o grafismo dos instrumentos é um pouco poluído, o que dificulta a leitura tanto do velocímetro como do conta-giros. E a câmera de ré (vendida como acessório na concessionária) tem instalação meio improvisada, destacada da lataria. Na unidade entregue à revista, a imagem reproduzida na tela vinha com uma sombra na parte superior, porque
ela captava parte da própria carroceria.
Multimídia de série
O preço é competitivo. O Sandero Stepway 2015 está sendo lançado no Salão do Automóvel por R$ 48 600, um pouco acima do modelo 2014 (R$ 48 330), mas traz de série o sistema Media Nav 1.2 (multimídia com GPS), sensor de estacionamento, controlador/ limitador de velocidade, ar-condicionado etc. Retrovisores e vidros elétricos nas portas de trás, antes opcionais, passaram para a lista de itens de série no novo Stepway. Entre os opcionais estão somente bancos de couro (a conta total sobe para R$ 49 740) e câmbio automatizado (Easy’R). Nesse caso, a transmissão vem associada aos bancos de couro e o preço vai a R$ 52 140.
A tela de 7 polegadas sensível ao toque oferece as funções Eco-Coaching e Eco-Scoring. Elas auxiliam a condução, visando à economia de combustível, e informam, por meio de pontuação, se o motorista está conduzindo de forma econômica. Além disso, o sistema traz Bluetooth e informações do ar-condicionado automático. Afora as novidades visuais e no nível de equipamentos, o Stepway oferece o já reconhecido bom espaço da linha Sandero. Nenhum concorrente tem tanta área destinada às bagagens no porta-malas (320 litros) ou à família. O banco traseiro é capaz de acomodar três adultos confortavelmente, graças ao bom entre-eixos de 2,59 metros. Para completar a felicidade da família (ou pelo menos a do motorista), só faltaria mesmo melhorar o desempenho e tirar um pouco do peso da direção.
DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO
A suspensão elevada em 4 cm é um trunfo do Stepway, que dificilmente raspa em valetas, lombadas ou pedras.
MOTOR E CÂMBIO
O Stepway apresentou resultados abaixo do esperado para um hatch 1.6: respostas lentas e câmbio com alguma dificuldade para o engate da quinta marcha.
CARROCERIA
O Sandero melhorou muito ao longo dos anos, e o mesmo vale para a versão aventureira. Está mais bonito, imponente e com melhor
qualidade construtiva.
VIDA A BORDO
Ao bom espaço, tanto na frente como atrás, a versão Stepway soma o acabamento mais caprichado, com leves pitadas de esportividade. Tem comandos no volante e sai de fábrica muito bem-equipado.
SEGURANÇA
A carroceria mais alta não comprometeu a estabilidade. A suspensão passa confiança; a direção precisava ser um pouco mais direta. Os freios cumprem sua função, mas sem louvor.
SEU BOLSO
O Sandero sempre teve no custo-benefício seu ponto forte, e com o Stepway não é diferente: oferece mais equipamentos (e espaço) que os oponentes, e cobra menos por isso.
OS RIVAIS VW CrossFox
O modelo acima é o 2014, mas o 2015, com novo visual, estreia no Salão do Automóvel.
Hyundai HB20X
O coreano tem estilo arrojado, garantia de cinco anos e preço a partir de R$ 50 510.
VEREDICTO
O Stepway ficou mais bonito e bem-equipado e manteve o espaço e a suspensão mais alta, este um diferencial frente à maioria da concorrência.