Porsche 718 Cayman S: menos motor, mais potência
Ao trocar o velho 6 cilindros pelo novo 4, Porsche reduz consumo e, ao mesmo tempo, aumenta o desempenho do 718 Cayman
O ronco do novo Porsche 718 Cayman S divide opiniões. Alguns acham o som fraco, tímido. Outros suspeitam que o motor tenha mais do que seus quatro cilindros. Em suma: a sensação depende das referências de cada um. O ronco do novo motor tem força suficiente para estimular os tímpanos de qualquer um. Mas faz isso com um timbre diferente daquele dos motores boxer de seis cilindros que pulsavam sob o capô dos Cayman, que acaba de receber as primeiras mudanças (bem profundas) na atual terceira geração.
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O som do motor funciona como um catalisador de emoções. Mas, como diz o piloto de rali Walter Rohrl, uma espécie de embaixador da marca, o que mais importa é o comportamento do carro. E sob esse ponto de vista, o novo 718Cayman não deixa dúvidas de que é superior ao antecessor. Os 16 segundos a menos gastos para completar uma volta em Nürburgring, no circuito Nordschleife, dão sustentação a essa afirmação. O tempo baixou de 7min40s para 7min24s.
O segredo para melhorar o rendimento mandando fora dois cilindros foi a adoção de um turbocompressor com geometria variável. Graças a esse recurso (e ao novo mapeamento do motor), o 718 Cayman S passou a oferecer 25 cv e 5,1 mkgf a mais que seu antecessor, totalizando 350 cv de potência e 42,8 mkgf de torque. O tempo de aceleração de 0 a 100 km/h baixou de 5 para 4,6 segundos e a velocidade máxima passou de 283 km/h para 285 km/h, de acordo com os números da fábrica. O aumento da performance ainda foi acompanhado da melhora do consumo, que, aliás, foi declaradamente a principal motivação da Porsche para as mudanças no motor. A média no regime de uso misto, no padrão europeu, subiu de 11,1 km/l para 12,5 km/l. Tudo isso foi alcançado ainda com um ligeiro incremento de 35 kg no peso total do carro.
Cão adestrado
O câmbio automatizado de dupla embreagem PDK de sete marchas é o mesmo que já equipava o Cayman com as devidas adequações às diferentes aplicações. A direção, por sua vez, manteve a assistência elétrica, mas adquiriu uma relação 10% mais direta. E as suspensões foram recalibradas para se adequar ao desempenho superior do carro, assim como os freios.
Todas essas novidades juntas deixaram o Cayman ainda mais divertido. Sua direção sempre incisiva conta com a parceria da suspensão firme para tornar o carro obediente como um cão bem adestrado. A carroceria apresenta o mínimo de rolagem e o motor central ajuda da distribuir o peso de forma equilibrada entre os eixos. Segundo a fábrica, a divisão é na razão de 45% para o eixo dianteiro e 55% para o traseiro. O freio transmite total segurança para o piloto retardar os pontos de frenagens antes das tomadas de curva e volta a acelerar fundo, aproveitando as respostas do motor sempre a postos.
Ajuste individual
Visualmente, o 718 Cayman S se distingue do anterior por novos faróis e lanternas de led, entradas de ar laterais maiores e um friso com a inscrição Porsche unindo as lanternas, na traseira, entre outros detalhes. Na cabine, além da nova central multimídia, igual à do novo 911, o interior muda pouco. Mas é agora possível optar por bancos concha, mostrados aqui.
A unidade avaliada em Malmo, na Suécia, contava com suspensão ativa (PASM), que diminui a altura do carro em relação ao solo entre 10 e 20 mm para um comportamento mais esportivo. Nosso Cayman contava também com o pacote Sport Chrono com quatro modos de condução: Normal, Sport, Sport Pus e Individual (este último introduzido este ano na linha). Eles permitem alterar as respostas de motor, transmissão, suspensão, direção e escapamento, além da função Auto Start-Stop e da posição do aerofólio traseiro móvel.
Experimentamos cada um dos modos em ruas e rodovias e também misturamos configurações de forma independente, no modo Individual, ao associar as reações esportivas do motor com a calibragem mais confortável para a suspensão, por exemplo. Mas não importava quais combinações fizéssemos neste cupê baixo, estável e ágil: todas elas eram muito divertidas. Pena que o mesmo não pode ser dito do seu preço: previsto para chegar ao Brasil no final deste ano, o Cayman custará a partir de R$ 346.000 na versão básica – esta tem 50 cv menos que a S, que começa em R$ 446.000.
Veredicto
O tradicional motor de seis cilindros não existe mais. Mas não há motivos para se lamentar porque o Cayman ficou melhor em todos os sentidos.
Motor | gasolina, tras. 4 cilindros opostos, 16V, 9,5:1; 2.497 cm3; turbo; injeção indireta; 350 cv a 6.500 rpm, 42,8 mkgf de 1.900 a 4.500 rpm |
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Câmbio | automatizado de dupla embreagem, 7 marchas, tração traseira |
Direção | elétrica |
Suspensão | McPherson (diant.e tras.) |
Freios | discos ventilados (diant.e tras.) |
Pneus | 235/40 R19 (diant.) 265/40 R19 (tras.) |
Dimensões | comprimento, 437,9 cm; altura, 129,5 cm; largura, 180,1 cm; entre-eixos, 247,5 cm; peso, 1.460 kg |
Porta-malas | 150 + 275 l |
Tanque de combustível | 64 l |
Desempenho | 0 a 100 km/h, 4,6 s; velocidade máxima, 285 km/h |
Preço | R$ 442.000 |