O Sportage foi totalmente renovado e estreou sua quarta geração em grande estilo. É a segunda vez que passa pelas mãos do designer Peter Schreyer – que também acumula o cargo de presidente da Hyundai Motor Company. Na primeira, o resultado foi ótimo: a terceira geração até hoje faz bonito nas ruas, mesmo sete anos após seu lançamento.
Agora foi a vez de a Kia focar as alterações na dianteira, incorporando a grade hexagonal comum aos modelos da marca, com faróis que lembram os do Porsche Panamera. Atrás, as lanternas são integradas por um friso horizontal iluminado, criando um belo efeito à noite.
Com a nova plataforma (a mesma do New Tucson), as proporções do Sportage mudaram pouco, com um aumento de 4 cm no comprimento (448 cm), 3 cm na altura (166,5 cm) e 3 cm de entre-eixos (267 cm). O resultado é um espaço interno um pouco maior.
No Brasil, o Sportage custa R$ 112.990 (na configuração denominada P.776) e R$ 139.990 (P.787), sem opcionais. A Kia brasileira optou por simplificar o leque de versões em duas (antes eram três). Avaliamos a mais cara, que conta com novos equipamentos, como o controle de assistência em aclives, faróis de neblina de led, detector de pontos cegos e gerenciamento eletrônico de modo de condução (Eco Drive, Sport e Normal).
Por aqui só haverá uma opção de motor e câmbio: o 2.0 flex de 167/156 cv conectado a uma caixa automática de seis marchas – com opção de trocas por borboletas atrás do volante. E nada de tração 4×4. Essa estratégia é parecida com a da Hyundai, que nunca ofereceu tração integral nem no ix35, nem no mais recente New Tucson.
Em nossa pista de testes, os números de desempenho do novo Sportage foram satisfatórios, com aceleração de 0 a 100 km/h em 11,5 segundos e retomadas ágeis, equivalentes às de um sedã médio.
Mas o consumo não é dos melhores: com 9,3 km/l na cidade e 12,1 km/l na estrada (sempre com gasolina), ele foi pior em nosso ciclo de medições que o veterano ix35, com quem compartilha o mesmo motor.
Mas estranho mesmo é perceber que, como no irmão mais velho da Hyundai, o computador de bordo não informa os dados de consumo. O dono não tem como saber se anda dirigindo de forma econômica – algo inadmissível em uma época em que até os modelos populares já oferecem tal funcionalidade.
A suspensão continua independente nas quatro rodas, mas usando agora molas mais rígidas. A dianteira recebeu um acerto para reduzir a tendência de sair de frente em curva rápida, situação em que a inclinação da carroceria está relativamente bem controlada. Nesse caso, porém, o motorista perceberá que a direção elétrica é macia demais e precisa de menos.
O nível de conforto da suspensão se mostrou muito bom em qualquer tipo de piso, assim como o interior está mais silencioso. Mérito da rigidez do chassi (40% maior graças ao uso de aços especiais e ao para-brisa mais espesso) e coeficiente aerodinâmico que foi de 0,35 para 0,33 (isso teria reduzido em 2 dB do ruído do vento).
A configuração mais acessível do Sportage, porém, tem um pecado grave: não oferece controles de estabilidade e tração, itens essenciais num SUV de mais de 100 mil reais. Ficam de fora também os airbags laterais e de cortina, assistentes de partida e frenagem em rampas e o assistente de tráfego – tudo exclusivo da versão topo de linha.
Hora de falar do habitáculo. O Kia passou por reforma completa. Tem cockpit voltado para o motorista, com painel que se estende ao console até os bancos traseiros, onde termina com saídas dedicadas para os passageiros de trás – o ar-condicionado digital dualzone também só está disponível na versão mais equipada.
O painel revela superfícies com uma mistura de materiais macios (em cima) e duros (embaixo). No geral, a sensação é de um nítido ganho na qualidade de construção e acabamento, com ajustes elétricos nos bancos dianteiros e teto solar panorâmico duplo.
A turma do fundão viaja com conforto. O entre-eixos maior ajudou a valorizar o espaço para as pernas de quem ocupa os assentos traseiros, que possuem encosto com inclinação variável. Até o formato das portas e janelas facilitam a vida desses ocupantes: é mais fácil de entrar e sair com cadeira infantil, por exemplo.
Na frente, a tela touch de 7 polegadas é quase vertical, como uma lousa, e exibe dados de multimídia, GPS, câmera de ré e até vídeos. Mas isso na versão mais cara. O Sportage básico traz um visor de 5 polegadas, mas preserva os comandos de áudi, celular e velocidade de cruzeiro no volante.
Veredicto
Na configuração completa, o novo Sportage tem um pacote de equipamentos tão ou mais abrangente que os rivais (como Jeep Compass e Hyundai New Tucson). O problema é que, por preços parecidos, o Compass já oferece a opção de motor a diesel (o Longitude 4×4 parte de R$ 134.990), enquanto o New Tucson (R$ 147.900) traz o desempenho e a economia superiores do novo motor 1.6 turbo. Vai ser difícil incomodá-los.
Teste de pista (com gasolina)
- Aceleração de 0 a 100 km/h: 11,5 s
- Aceleração de 0 a 1.000 m: 32,7 s – 161,4 km/h
- Retomada de 40 a 80 km/h (em D): 4,9 s
- Retomada de 60 a 100 km/h (em D): 6,5 s
- Retomada de 80 a 120 km/h (em D): 7,9 s
- Frenagens de 60 / 80 / 120 km/h a 0: 16,9 / 27,7 / 63,8 m
- Consumo urbano: 9,3 km/l
- Consumo rodoviário: 12,1 km/l
Ficha técnica – Kia Sportage
- Preço: R$ 139.990
- Motor: flex, diant., transv., 4 cil., 1.999 cm3, 16V, 167/156 cv a 6.200 rpm, 20,2/18,8 mkgf a 4.700 rpm
- Câmbio: aut., seq.,6 marchas, tração dianteira
- Suspensão: McPherson (d) / multilink (t)
- Freios: a disco vent.(diant.) / sólido (tras.)
- Direção: elétrica, 10,6 m (diâm. giro)
- Rodas e pneus: liga leve, 245/45 R19
- Dimensões: comprimento, 448 cm; altura, 166,5 cm; largura, 185,5 cm; entre-eixos, 267 cm; peso, 1.570 kg; tanque, 62 l