A missão de garantir a rodagem de todos os carros da frota do Longa Duração também envolve a disponibilidade e a necessidade de cada carro para rodar. Nem sempre há como escolher. E quem planeja rodar mais, tem prioridade. Acabou que nosso Citroën C3 1.0 foi o escalado para minha viagem de 2.500 km de São Paulo (SP) a Gramado (RS), por conta da proximidade das revisões dos outros modelos, Compass e Strada.
Confesso que fiquei um pouco insegura quando soube que iria enfrentar uma viagem tão longa com o C3. Não pelo espaço ou conforto, mas por ser equipado com o motor 1.0 Firefly, que atende muito bem sua proposta urbana, mas que na estrada, especialmente nos trechos de serra, poderia deixar a desejar. Até então, eu só havia rodado em estrada com o C3 1.6 automático e não imaginava como seria com esse 1.0.
Optei, então, por dividir a viagem. Em um dia, fui de São Paulo a Blumenau (SC), cumprindo 639 km em quase nove horas. No outro dia, de Blumenau até Gramado (RS), mais 503 km feitos em oito horas, contando com as paradas.
Boa parte do trecho rodoviário foi feita em estradas duplicadas como a Régis Bittencourt (BR- 116) e a BR-101. As rodovias estavam em boas condições, mas havia muitos caminhões e a necessidade de fazer ultrapassagens era constante. Fiquei realmente surpresa com a agilidade do Citroën em retomadas. É claro que precisei reduzir marchas, mas até que – tirando o esforço – não houve invasão do ruído do motor na cabine. Além disso, alcancei a velocidade da via, cerca de 120 km/h, de forma rápida e com trocas de marcha precisas.
Mas nem tudo foram flores. No último trecho da viagem, em uma estrada de pista simples, os faróis halógenos deixaram a desejar. Conforme anoitecia e uma névoa densa baixava, a visibilidade ficou muito comprometida mesmo ligando os faróis de neblina – item de série no nosso carro por ser First Edition, mas acessório nos demais C3 1.0. Tive a impressão de que os SUVs e picapes dotados de faróis de led que passavam por nós tinham uma visibilidade um pouco maior e até ajudaram a abrir caminho para quem estava atrás, inclusive eu.
Os bancos também não agradaram. Tanto os dianteiros quanto os traseiros se tornam bem desconfortáveis com o passar do tempo. Minha filha, de 8 anos, e minha enteada, de 16 anos, puxaram o coro contra os bancos.
Uma característica que acabei percebendo é a posição inadequada do botão do pisca-alerta. Ele fica bem em cima do porta-objetos do console central, uma região que também é invadida pela alavanca do câmbio. Resultado: foi acionado várias vezes por leves esbarrões quando alguém precisava acessar alguma coisa que havia colocado ali. O pisca-alerta aceso sem necessidade pode assustar outros motoristas.
Apesar da minha preocupação inicial, o C3 1.0 me surpreendeu positivamente e consegui completar a viagem com muita tranquilidade. O comportamento do motor de 75 cv foi honesto, a conexão do meu celular com a central multimídia esteve sempre estável e a dinâmica dele me agradou. Mesmo viajando em quatro pessoas, o espaço interno me pareceu bom e até o porta-malas de 315 litros cumpriu bem seu papel. Nem mesmo o fato de o carro estar pesado comprometeu tanto o consumo, que durante a viagem foi de 13,3 km/l, pouco menos que sua média de consumo nos últimos 18.000 km.
Citroën C3 – 18.335 km
Versão: | First Edition 1.0 |
Motor: | 3 cil., diant., transv., 999 cm3, 6V, aspirado, 75/71 cv a 6.000 rpm, 10,7/10 kgfm a 3.250 rpm |
Câmbio: | manual, 5 marchas, tração dianteira |
Seguro: | R$ 1.824 (Perfil Quatro Rodas) |
Revisões: |
Até 100.000 km – R$ 8.010 |
Gastos no mês: | Combustível: R$ R$ 1.691 |
Consumo: | No mês: 12,3 km/l com 21,2% de rodagem na cidade Desde abril/23: 13,4 km/l com 30,5% de rodagem na cidade |
Combustível: | flex (gasolina) |