Carros de todas as categorias e todas as faixas de preço tiveram sucessivos aumentos desde o início da pandemia da Covid-19. Alta do dólar e preço dos insumos (muitas vezes, em falta) foram os principais causadores. Como toda regra tem exceção, isso não aconteceu com o Kia Rio, que parece ter parado no tempo. Mais especificamente em janeiro de 2019, quando o dólar estava a R$ 3,65 – bem distante dos R$ 5,10 no momento em que escrevíamos este texto.
Clique aqui e assine Quatro Rodas por apenas R$ 7,90
Sem reajuste, o compacto sul-coreano fabricado no México passou de mau negócio a alternativa interessante aos hatches compactos nacionais mais vendidos, como Chevrolet Onix, Hyundai HB20 e VW Polo. E será assim até a chegada de um novo lote do carro, com preços atualizados.
Hoje, o Kia Rio na versão de entrada EX sai por R$ 69.990, com controle de estabilidade e tração, ar-condicionado, direção elétrica, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay, e trio elétrico de série.
Um Gol 1.6 MSI Automático básico custa R$ 67.660 e se você quiser incluir central multimídia equivalente, rodas de liga leve, trio elétrico, faróis de neblina e chave canivete o preço vai a R$ 73.690, sem controle de estabilidade.
O Kia até parece uma barganha, mas existe o HB20 Vision Pack automático, que também custa R$ 69.990 e tem a vantagem de ser o segundo carro mais vendido do Brasil, o que tende a torná-lo melhor na revenda e na manutenção pela disponibilidade de peças principalmente.
Hyundai HB20 e Kia Rio compartilham o mesmo motor 1.6 16V flex de 130 cv e 16,5 kgfm, o mesmo câmbio automático de seis marchas, além da mesma plataforma – ainda que o Kia seja sensivelmente maior. E essa relação acaba expondo algumas faltas difíceis de justificar.
Nosso teste foi com o Kia Rio mais caro, na versão LX, que já não é tão vantajosa como a de entrada.
O pacote de equipamentos inicial soma faróis com luzes diurnas de led, bancos de vinil, ar-condicionado automático e retrovisores com repetidores de pisca, desembaçador e rebatimento elétrico, e custa R$ 79.990. E o segundo pacote inclui rodas aro 17 e freios a disco na traseira, o que leva o preço a R$ 81.990.
Com esse conteúdo, o hatch da Kia alcança um patamar de preços delicado. Ainda faltam, por exemplo, airbags laterais (que o VW Polo Comfortline 1.0 turbo, de R$ 79.790, e o próprio HB20 1.6 têm) e os de cortina (que você encontra no Chevrolet Onix Premier 1.0 turbo, de R$ 78.690).
E esse é um problema comum ao Peugeot 208 Active Pack (R$ 82.490), mas o francês tem teto solar, um item caro que ajuda a justificar seu preço. E mesmo o Rio mais caro não tem ajuste de profundidade da direção e computador de bordo.
Se a questão é status, por um lado o Kia Rio não é impactante como o Peugeot 208, mas por outro consegue sua dose de atenção no trânsito por ser importado, diferente. Mesmo por dentro ele foge um pouco do usual.
Tudo bem que a central multimídia tem praticamente a mesma interface dos Hyundai nacionais, mas o controle do ar-condicionado vem com visual próprio, os porta-objetos são grandes e úteis (um smartphone cabe perfeitamente em um deles) e o painel exibe personalidade própria, mas o acabamento, em geral, é simples: mesmo a parte emborrachada no painel das portas não se destaca, por ter aspecto de plástico rígido.
Atrás, o espaço é mais amplo que o do HB20, graças ao entre-eixos 5 cm maior. Isso também resultou em porta-malas maior, com 325 litros, 25 a mais que o HB20 e 5 a mais que o Renault Sandero, referência entre os hatches.
Em movimento, o Rio só peca pela suspensão um pouco mais firme que o usual, mas tem dinâmica tão boa quanto a do primo Hyundai. A direção elétrica tem respostas rápidas e é pesada na medida certa.
O motor 1.6 garante desempenho aceitável, mas o consumo poderia ser melhor se o câmbio automático de seis marchas, com trocas sequenciais apenas na alavanca, não insistisse em reter marchas além das 4.000 rpm. Na pista de testes, o hatch conseguiu chegar aos 100 km/h em 11,8 s e cravou 10 km/l no consumo urbano e 14,7 km/l no rodoviário, sempre com gasolina no tanque – que tem modestos 45 litros.
Para quem estiver à procura de um hatch automático por menos de R$ 70.000, vale ter no radar a versão de entrada do Kia Rio, especialmente se for utilizar um carro usado como entrada. As concessionárias Kia costumam avaliar os usados melhor, na tentativa de garantir a venda.
Mas se o alvo for a versão mais completa EX, o salto de R$ 12.000 aliado à falta de mais airbags e assistentes autônomos (nessa faixa de preço o HB20 freia sozinho e o Onix estaciona sozinho) dificultam sua vida.
Veredicto – Para quem estreou caro, hoje o Kia Rio está no patamar de preço dos rivais. Mas, se tivesse um pacote de equipamentos mais completo, ele ficaria ainda mais interessante.
Teste – Kia Rio EX
- Aceleração
0 a 100 km/h: 11,8 s
0 a 1.000 m: 33 s – 158,9 km/h
Velocidade máxima – n/d* - Retomada
D 40 a 80 km/h: 5,1 s
D 60 a 100 km/h: 6,3 s
D 80 a 120 km/h: 8 s - Frenagens
60/80/120 km/h – 0 m: 14,4/25,8/57,9 m - Consumo
Urbano: 10 km/l
Rodoviário: 14,7 km/l
Ficha técnica – Kia Rio EX
Preço: R$ 81.990
Motor: flex, diant., transv., 4 cil., 1.591 cm3, 16V, 77 x 85,4 mm, 11:1, 130/123 cv a 6.000 rpm, 16,5/16 kgfm a 4.500 rpm
Câmbio: 6 marchas, tração dianteira
Suspensão: McPherson (diant.) / eixo rígido (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.), disco sólido (tras.)
Direção: elétrica
Rodas e pneus: liga leve, 225/60 R17
Dimensões: compr., 406,5 cm; larg., 172,5 cm; alt., 145 cm; entre-eixos, 258 cm; vão livre do solo, 14 cm; peso, 1.141 kg; tanque, 45 l; porta-malas, 325 l
Não pode ir à banca comprar, mas não quer perder os conteúdos exclusivos da Quatro Rodas? Clique aqui e tenha o acesso digital.