O câmbio automático não é mais tabu no Brasil. No caso dos SUV, é quase uma regra – são poucos os modelos que oferecem transmissão manual. Entre os compradores desse tipo de carro, os motoristas não querem mais trocar as marchas com as próprias mãos. Mas o Jeep Renegade é uma das exceções que atendem aos apreciadores da alavanca de câmbio e pedal de embreagem.
Esse jipinho feito em Pernambuco foi lançado com uma extensa gama de versões – estratégia incomum para modelos nessa faixa de preço (de R$ 70.000 a R$ 124.900, desconsiderando os opcionais). São três (Sport, Longitude e Trailhawk), duas opções de motor (1.8 Flex e 2.0 diesel) e três tipos de transmissão (manual, automática de 6 e 9 marchas).
Avaliamos a versão Sport 1.8 manual, que custa R$ 71.900. Essa opção é R$ 3.000 mais cara que a configuração de entrada, chamada apenas de Renegade 1.8. A diferença entre as duas está na lista de equipamentos: alarme, volante multifuncional, faróis de neblina, rodas de liga e sensor de estacionamento. Sem enrolação: se você faz questão do câmbio manual, fique com a Sport. A diferença de valores não justifica abrir mão do conteúdo dessa configuração. Além do benefício no dia a dia, há o risco de levar para casa uma versão bem menos desejada no pós-venda. Para ser mais desejado, o Renegade manual deveria se aproximar da faixa dos R$ 60 mil.
Em comparação com o Renegade Sport 1.8 automático, o degrau é de R$ 5.000. A versão mais em conta do jipe sem embreagem parte de R$ 76.900. E esse valor corresponde apenas à caixa de seis marchas, já que os equipamentos de série são os mesmos. Testamos ambas as versões, utilizando etanol e gasolina em provas de desempenho. Teoricamente, versões manuais costumam ser mais econômicas e têm desempenho superior às equivalentes automáticas na avaliação de 0 a 100 km/h. Porém, no caso do Renegade, não foi bem assim.
Utilizando etanol, o 1.8 manual completou a prova em 13,3 s. Já o 1.8 automático, 13,7 s. Considerando o tipo de aplicação do carro, isso é praticamente um empate. E quando trocamos o conteúdo do tanque por gasolina comum, outra semelhança técnica, somada a uma pitada de letargia. A versão manual precisou de 14,5 s para ir de 0 a 100 km/h, frente 15,3 s da automática.
Quando se fala em consumo, mais surpresas. Ainda com gasolina, na cidade, foram 9,8 km/l com caixa manual. E 10,2 km/l com a automática. A conclusão é simples: se sua ideia é realizar trocas de marcha por conta própria para economizar combustível, esqueça. Melhor optar pelo conforto, pois a diferença será irrisória. E, ao utilizar somente gasolina, você gastará menos dinheiro na conta do posto ao optar pela transmissão automática de seis marchas.
O motor 1.8 E.torq (132/130 cv a 5250 rpm) utilizado pela Jeep é o mesmo que equipa os modelos da Fiat. E, assim como ocorre nos carros da marca italiana, o desempenho só aparece em altas rotações. Abaixo de 3.000 rpm é difícil enfrentar aclives e até arrancar rápido em semáforos. E a necessidade de manter o motor trabalhando em giros elevados compromete o silêncio na cabine. Porém, mesmo a partir da versão básica, é possível encontrar nível de conforto compatível com o segmento. Para famílias, o maior defeito está na capacidade do porta-malas. São apenas 260 litros, ante os 437 l do Honda HR-V. É espaço suficiente para uma mala pequena, um carrinho de bebê e uma bolsa.
Para o motorista, no entanto, o Renegade é recheado de recursos que fazem bem à dirigibilidade. Tem freio a disco nas quatro rodas, ar-condicionado, controle de velocidade de cruzeiro, direção elétrica com coluna ajustável em altura e profundidade e freio de estacionamento elétrico.
FICHA TÉCNICA
Motor: flex, dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16V, 1747 cm3, 12,5:1, 132/130 cv a 5250 rpm, 19,1/18,6 mkgf a 3750 rpm
Câmbio: manual, 5 marchas, tração dianteira
Direção: elétrica, 10,8 m (diâmetro de giro)
Suspensão: McPherson (dianteira e traseira)
Pneus: 215/60 R17
Dimensões: comprimento, 423,3 cm; largura, 179,8 cm; altura, 168,8 cm; entre-eixos, 257 cm; porta-malas, 260 litros; tanque de combustível, 60 litros