O X-Type é considerado um fiasco dentro da Jaguar. O modelo, que deveria brigar com BMW Série
3 e Mercedes Classe C, era de fato um Ford Mondeo disfarçado de sedã executivo. Depois que a Ford vendeu a marca britânica aos indianos da Tata Motors, em 2008, tudo mudou – para melhor. A Jaguar foi renovada e surgiram carros que fazem jus ao passado rico da empresa britânica, tanto em design como em engenharia. O XE é o mais recente produto desse renascimento. Nele é tudo novo: desenho, plataforma, interior e motores. O estilo é assinado pelo talentoso Ian Callum, que tem liderado o design da montadora nos últimos anos, respeitando seu DNA. A frente é bem baixa e a grade e as lanternas trazem linhas do XF, sedã superior, enquanto o perfil tem um jeitão do esportivo F-Type.
A plataforma modular (que também servirá ao futuro SUV da marca) é composta de 75% de alumínio e
25% de uma combinação de magnésio e aço de ultraelevada resistência. A carroceria, porém, é toda de alumínio. Graças a isso, o carro perdeu peso e ficou 20% mais rígido que o XF.
Entre as motorizações, há um 2.0 que produz 200 ou 240 cv, dependendo da versão, e um V6 3.0 com compressor de 340 cv, que equipa o XE S, modelo avaliado em seu lançamento, em Lisboa. Ele chega com a boa notícia de ser o mais potente do segmento, já que vence os rivais Audi S4 (333 cv), BMW 335i (306 cv) e Mercedes C 400 4Matic (333 cv).
A má notícia fica para o preço. Na Europa, o XE S custará 61 000 euros, mais que BMW (50 000), Mercedes (58 000) e Audi (64 000). No Brasil, aonde deve chegar entre setembro e novembro, ele estreará também com o 2.0, que ficará abaixo dos R$ 200 000 do XF se o dólar mantiver a cotação atual. Como é quase obrigatório nessa classe, ele conta com vários programas de condução, selecionáveis através do Drive Control. Há os modos Eco, Normal, Winter e Dynamic, que alteram resposta da direção, sensibilidade do acelerador, climatização, controle de estabilidade e dureza dos amortecedores eletrônicos. O prazer de dirigir ainda conta com o auxílio da tração traseira e do controle de torque em curva por frenagem, já usado no F-Type, que diminui a tendência de subesterço (saída de frente) freando ligeiramente a roda interior à curva.
ESPAÇO PRA CINCO
A primeira coisa que se percebe ao entrar no XE é o banco baixo, o que é agradável para uma pilotagem mais envolvente. Há muito espaço na largura na cabine e, se o passageiro no meio, atrás, não se incomodar com o túnel entre os pés, cinco viajam sem problemas. Pela primeira vez num Jaguar, o banco traseiro pode ser rebatido em 40/20/40, apesar do porta-malas menor (450 litros, contra 480 dos alemães). Se a posição de dirigir merece ser elogiada, o painel peca comparado à turma. Os ateriais são menos refinados, a construção é ligeiramente simplista e a tela multimídia (de 8 polegadas) é de comando tátil, ao contrário da dos concorrentes, que usam um controle no console.
Mas é bem-vindo o monitor que exibe informações ao motorista enquanto, ao mesmo tempo, o passageiro vê um filme, graças ao sistema DualView, opcional. Também está de parabéns o head-up display a laser: tem boa visibilidade mesmo com a incidência direta de luz solar ou com o motorista usando óculos escuros. Sente-se falta, apenas, de mais porta- -objetos para quem vai à frente.
Após dar a partida, o comando rotativo no console (como em outros Jaguar e Land Rover) ergue-se para selecionarmos a posição D (drive). Logo se nota que a transmissão de oito velocidades se entende bem com o motor, privilegiando uma direção calma ou agressiva ao se acionar o ajuste S do câmbio, que atrasa as trocas de marcha e antecipa as reduções. Assim, o ronco do V6 fica mais presente na cabine, bem isolada acusticamente. Quase não se ouve ruído de vento acima dos 120 km/h – agradeça também ao Cx da carroceria de 0,26, o mais baixo de um Jaguar.
NO MEIO DO CAMINHO
No modo de pilotagem Dynamic, o Jaguar XE S mostrou acelerações impressionantes em nosso test-drive em Portugal (ele vai de 0 a 100 km/h em 5,1 segundos, segundo a Jaguar), assim como as retomadas, enquanto a direção fica mais direta e comunica-se melhor com o asfalto. Os outros modos são mais indicados para uma direção confortável ou descontraída.
No conjunto das suas diferentes personalidades de comportamento, o Jaguar XE S fica entre o esportivo e envolvente BMW 335i e o confortável e refinado C 400, tendo um pouco dos dois. Um perfeito meio-termo.
VEREDICTO
O Jaguar XE se torna um rival de respeito para quem busca um sedã executivo: moderno, espaçoso, potente e com ótimo compromisso entre esportividade e conforto.