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Hyundai Azera oferecia luxo a preço acessível; relembre o primeiro teste

O Azera quer entrar na classe de Mercedes, BMW e Lexus. Será que ele passa na prova?

Por Paulo Campo Grande
12 ago 2022, 22h07
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  • Publicado originalmente em março de 2008

    “Mais potente que um Mercedes Classe C. Mais admirado que um Lexus 350. Mais espaço interno que um BMW Série 7. E o mais impressionante: o preço.” O que a campanha de lançamento do Hyundai Azera (que, além do texto acima, mostra o sedã com a cidade de Detroit, berço da indústria americana, ao fundo), tem de realidade além da clara provocação? É isso o que veremos adiante.

    O Azera tem motor de alumínio 3.3 V6 de 24 válvulas, com comando de válvulas e coletores de admissão variáveis, e gera 245 cv de potência e 31 kgfm de torque, segundo o importador. Ele realmente é mais potente que o Mercedes C280, que vem equipado com um V6 3.0 com 231 cv e 30,6 mkgf.

    A Mercedes pode alegar que, na prática, os dois modelos têm a mesma relação peso/potência, uma vez que o C280 é mais leve. Ele tem 1.555 kg, enquanto o Azera pesa 1.640 kg, o que resulta em uma relação de 6,7 kg/cv para ambos. Além disso, o C280 vem com transmissão sequencial de sete marchas que permite explorar melhor a força do motor que o câmbio seqüencial de cinco marchas do Azera. Mas, de fato, o Azera é mais potente que o Mercedes.

    Azera 3.3 V6, modelo 2008 da Hyundai, testado pela revista Quatro Rodas.
    O estilo agrada, mas o destaque é a qualidade de manufatura (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    Em nossa pista de testes, o Azera acelerou como gente grande. Fez de 0 a 100 km/h em 8,7 segundos e alcançou 225,1 km/h de velocidade máxima. Nas frenagens, parou de forma exemplar. E, no consumo, se não manteve uma dieta frugal, também não exagerou na alimentação. Ficou com as médias de 7 km/l na cidade e 10,8 km/l na estrada.

    No que diz respeito à comparação com o Lexus, admiração é algo difícil de medir. Com modelos como o Azera e o SUV VeraCruz, a Hyundai está pleiteando uma vaga no Olimpo das marcas de prestígio, enquanto a Lexus já nasceu nesse meio, como uma estratégia da Toyota para ingressar no segmento de luxo. Mas, como medida de seu cartaz, a Hyundai apresenta os prêmios que o Azera conquistou em 2007.

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    Lateral do Azera 3.3 V6, modelo 2008 da Hyundai, testado pela revista Quatro Rodas.
    Completo, ele tem teto solar, faróis de xenônio, bancos com memória e disqueteira (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    Um deles foi o primeiro lugar no ranking de Desempenho e Design, da conceituada empresa de pesquisas americana J.D. Power. O outro foi o de Qualidade Total, da consultoria Strategic Vision, também americana. A Lexus pode argumentar que já venceu diversos prêmios ao longo de sua história. Mas neste momento é a Hyundai que está festejando.

    Alemão nos detalhes

    Independentemente da percepção do mercado, pode-se dizer que um carro é admirado quando combina design, qualidade e conforto. E isso o Azera tem para oferecer. Seu design adota um visual clássico, como é costume no segmento de luxo, mas com personalidade.

    Interior do Azera 3.3 V6, modelo 2008 da Hyundai, testado pela revista Quatro Rodas.
    (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    A maior ousadia está na traseira, notadamente nos contornos dos pára-lamas e da tampa do porta-malas. Na dianteira, os faróis são pequenos e quase retangulares, contrariando a liberdade de formas que se vê nos novos lançamentos da indústria.

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    Por dentro, o painel tem design original, com a parte superior independente da frontal, unidas por um friso de madeira (rádica, segundo a fábrica). Os materiais empregados no Azera poderiam muito bem ser encontrados nos modelos topo-de-linha da Mercedes ou da BMW. Percebe-se que os projetistas do Azera não descuidaram de nenhum detalhe.

    Câmbio do Azera 3.3 V6, modelo 2008 da Hyundai, testado pela revista Quatro Rodas.
    (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    Os bancos são de couro e o console central foi revestido de alumínio decorado de bom gosto. Os quebra-sóis são de tecido furadinho e contam com abas, para cobrirem toda a extensão das janelas quando virados para as laterais. Os controles de volume do rádio, no volante, possuem teclas em relevo (um ressalto para aumentar e uma depressão para diminuir o som), para o motorista não precisar desviar o olhar.

    Mostradores do Azera 3.3 V6, modelo 2008 da Hyundai, testado pela revista Quatro Rodas.
    (Marco de Bari/Quatro Rodas)
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    O Azera é oferecido em duas versões sem nomes que as identifiquem. A diferença está nos equipamentos. A básica já é bem completa: traz ar-condicionado com ajustes independentes para os dois lados da cabine, trio e bancos elétricos, sistema de som Infinity com dez alto-falantes e vidros fotocromáticos (que variam a transparência em função da luz do dia) – mas esse recurso perde a função quando se aplicam películas escuras nos vidros (como é o caso do veículo avaliado).

    A versão mais completa, mostrada aqui, tem ainda faróis de xenônio, teto solar elétrico, visor LCD, disqueteira para seis CDs e bancos com memória.

    Banco dianteiro de couro do Azera 3.3 V6, modelo 2008 da Hyundai, testado pela revista Quatro Rodas.
    O Azera conta com a proteção de dez airbags, ABS, EBD, BAS, TCS e ESP (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    Quem dirige o Azera logo aprova seu comportamento dinâmico. Ele é um carro confortável, que tem a suspensão macia, mas firme. Ou seja, as estruturas (duplo A na frente e multilink atrás) filtram as imperfeições no piso, deixando a carroceria se movimentar na vertical, sem permitir oscilações laterais ou longitudinais exageradas. Na minha opinião, trata-se do melhor acerto de suspensão que a Hyundai já fez.

    A direção é leve, o que torna as manobras fáceis de realizar. As respostas não são das mais rápidas ” os donos de sedãs de luxo gostam de uma certa demora “, mas não chegam a ser tão lentas quanto as do Toyota Camry, por exemplo (um belo carro, com um motor de 285 cv, mas sem pressa de chegar ao destino).

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    Banco traseiro de couro do Azera 3.3 V6, modelo 2008 da Hyundai, testado pela revista Quatro Rodas.
    Há espaço, conforto e segurança para todos os ocupantes (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    O Azera é mais fácil de estacionar que um BMW Série 7, dono de uma carroceria maior. Por falar nisso, a terceira afirmação do anúncio parece a mais improvável de todas. Com 4,89 metros de comprimento e 2,78 metros de entreeixos, como o Azera pode ser maior que o Série 7, que mede 5,03 metros e tem 2,99 metros de um eixo a outro?

    Comparamos medidas dos dois veículos e tivemos uma surpresa. Apesar de ser menor por fora, o Azera é maior que o Série 7 no volume total da cabine, de acordo com a agência americana EPA. E possível imaginar que há equilíbrio entre os dois, uma vez que o Hyundai tem vantagens nas posições dianteiras e o BMW, nas traseiras. A BMW pode se valer de que é imbatível na distância para os quadris e espaço no porta-malas. Mas na soma geral de espaço na cabine o Azera leva a melhor.

    Pára-sois com extensão nas laterais do Azera 3.3 V6, modelo 2008 da Hyundai, testado pela revista Quatro Rodas.
    (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    Quem viaja atrás tem o mesmo conforto que o motorista e o passageiro da frente. O espaço para as pernas é de sedã grande, há alto-falantes e saídas de ar-condicionado próximas, cortina, porta-copos e cintos de segurança de três pontos nas três posições.

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    O Azera também é bem-servido, em matéria de segurança. Ele conta com freio ABS, com EBD e BAS, controle de tração e programa eletrônico de estabilidade. São dez airbags, no total.

    Porta-malas do Azera 3.3 V6, modelo 2008 da Hyundai, testado pela revista Quatro Rodas.
    (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    Entre os carros mencionados na propaganda, o Azera é o mais barato. Ele custa 94.800 reais na versão mais simples e 105.400 reais na completa, enquanto o Mercedes C 280 é vendido por 219.900 reais, o Lexus ES 350 sai por 227.318 reais e o BMW 750i V8, ao preço de 490.000 reais.

    Os verdadeiros concorrentes do Azera, porém, são os modelos que disputam motoristas com orçamentos mais modestos, como o Ford Fusion 2.3, por 83.620 reais, entre os mais em conta, e o VW Passat 2.0 T, por 121.760 reais, para quem pode gastar um pouco mais. A Hyundai mira nas estrelas para acertar os aviões.

    Motor do Azera 3.3 V6, modelo 2008 da Hyundai, testado pela revista Quatro Rodas.
    (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    O anúncio se esqueceu de falar da garantia de cinco anos, a maior do mercado – igual somente à que ela própria dá em outros modelos e à que a Kia também oferece. Mas aí não haveria comparação…

    Veredicto

    O Hyundai Azera é um carro de boa qualidade de um pára-choque ao outro, passando pelo motor e pela cabine. Além disso, é bem equipado e confortável e conta com garantia de cinco anos. Em resumo, ele oferece uma ótima relação custo/benefício.

    Poder da cana

    A matriz da Hyundai declara 234 cv de potência para o Azera 3.3 V6. Mas, no Brasil, como a gasolina tem álcool, combustível com efeito antidetonante, a eletrônica do carro consegue avançar a curva de ignição e extrair mais potência do motor. Por isso, no Brasil, o Azera foi homologado com 245 cv. Quem explica é o diretor de engenharia do Grupo CAOA, José Rodrigues Seara. Mas esse benefício não é aproveitado por todos os carros importados. Alguns modelos perdem potência quando chegam aqui por estarem programados para rodar com gasolinas de maior octanagem que a da nossa.

    Azera 3.3 V6, modelo 2008 da Hyundai, testado pela revista Quatro Rodas.
    (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    Teste – Hyundai Azera V6 3.3

    Desempenho

    Teste – Hyundai Azera V6 3.3

    Motor: gasolina, dianteiro, V6, 24V, 3.342 cm3; 245 cv a 6.000 rpm, 31 kgfm a 3.500 rpm
    Câmbio: automático, 5 marchas, tração dianteira
    Direção: elétrica
    Suspensão: McPherson (diant.) e multilink (tras.)
    Freios: disco ventilado nas quatro rodas
    Pneus: 235/55 R17
    Dimensões: comprimento, 489 cm; largura, 186 cm; altura, 149 cm; entre-eixos, 278 cm; peso, 1.640 kg; porta-malas, 470 l; tanque, 54 l

     

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